2 de agosto de 2011

O amém nosso de cada utopia

Pai nosso de cada dia que estais longe
Santificado seja o vosso sonho
Venha à sós sem vosso reino
Venha vós não vossos donos
Aqui agora como depois
e só agora sem não mas pois

O refrão nosso de cada santo
não mais hoje
alimenta as nossas descrenças
o chão nosso de cada dia
nos dai hoje
Pai nosso de cada dia
e o pão nosso de cada depois?
não dais hoje?
o pão nosso de cada dia
alimenta àqueles que nos tem oprimido
assim na guerra como na paz

o amém nosso de cada hora
nos traí hoje
perdoai à quem nos tem esquecido
Assim agora como depois

Pai nosso de cada dia
Mãe nossa de cada noite
usaram teus nomes com todo desdém
usaram teus nomes como ninguém
Assim agora como depois

Pai nosso de cada dia
Mãe nossa de cada dia
Mãe nossa de cada pai
com o pão vosso de cada depois
alimentaram os ódios de cada agora
oh pai nosso, que estais fora
vem agora

pai nosso de cada dia
porque choras?
não te culpes
não te culpo
nos roubaram
o pai nosso que está no céu
pai nosso que está no céu

nos roubaram
agora e na hora de nossa morte
o além

pai nosso de cada dia
pai nosso de cada pai
dia nosso de cada pai
mãe nossa de cada pai
mãe nossa de cada mãe
perdoaí aqueles que os têm denegrido
amém

agora e na hora da liberdade
agora e na hora de toda a verdade
agora e na hora de toda morte
um nascer

nascer nosso de cada dia
o abrir nosso de cada olho
o olho por olho de cada olho
não mais fure
o amor nosso de cada noite
o beijo nosso de cada madrugada

pai nosso que estás no céu
são tantos filhos de um só pai
tantos filhos pra um só pai?
os pais são muitos
as mães são muitas
os homens tantos
e o amor um só

amor nosso de cada pai
não nos deixais cair sem liberdade
amor nosso de cada mãe
a verdade é teu mais belo mandamento
o lutar nosso de cada dia
o pão nosso de cada utopia
é nosso amém
é nosso além
aquém nosso de cada além
não nos deixai acreditar em qualquer nome
agora e na hora de nossa morte
amém

Raimundo Beato

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