25 de outubro de 2011

quem chega quando chega?

quem chega quando chega? nada basta, tudo persiste num infinito desdobramento de coisas, e o que são as coisas? a coisa é o nome da coisa sem dizer o nome do nome, tudo são coisas, as mesmas coisas e outras coisas, as palavras, as estrelas, o universo, até as coisas são tão somente coisas, tudo é tudo e tudo é nada, tudo é dito através de outros nomes, numa metalinguagem infinita, a própria língua é uma metalingua numa metonímia de si mesma, nesta dispersão de sentidos, os sentidos sequer são sentidos, são voláteis, passageiros de passagens, ex-estranhos, no caminho rumo a um eterno outro lugar, o outro do outro do outro, esta noite de todas as noites, esta noite de todos os sentidos, os sentidos outros, outros sentidos, apenas vagamos em algum vago sentido do que não somos, somos as somas das somas e as somas destas subtrações, subtraídos e traídos de todo o absoluto, luto resoluto de apenas estar, vagar, somos todos e somos todos sendo cada um, e assim sendo seguimos sendo, sem sentidos, sem destino, o que esperamos é esperar por algum outro momento, o que queremos é algum outro querer mais além do aqui e do agora, tocamos isto que está mais além, não com os sentidos ou com a razão mas com alguma outra capacidade sensorial, um sonho, uma esperança, alguma profecia, que está na raiz da palavra profeta, pré-fato que fala do que esta por vir antes do fato feito, antes do fato feto, pré-feto, uma gestação no útero de nossas inconciências

Jean Louis Battre

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