a vida é fábula falada, é o fado que a fada que não fala cala quando enfadada fica, e se fica finda em silêncio fosso, como se silêncio fosse o mistério deste intervalo, entre o dizer e entredizer, uma fauna de faunos que não fogem de seus túmulos, o tumulto que polula, a orgia que popula nossas mentes que não mentem, e se metem a tecer outras enfadadas fábulas, não minto, tudo é enfim um mito, o mito do progresso, o mito do eterno que retorna e entorna a eternidade neste sempre agora, esticando o horizonte para além do que se pensa, para além do que se fala, como se nem mesmo as idéias ou palavras chegassem ao além que se supõe, nem mesmo a palavra além captura o além do qual se fala, se atira a palavra nesta busca, ruptura, e tudo que retorna deste arremesso da palavra além, é algum estranho aquém...
e se fosse tudo uma mentira, a ira, a revolta, cedemos ao manso cansaço que se cansa do cansaço deste lasso que se lança já quase sem nenhuma esperança, nada alcança
e se fosse tudo fossa, retro-retórica, nostalgia eufórica, verbo-ativismo entrópico dos trópicos utópicos, este fosso fácil, cadafalso, hiato entre falso e a farsa, um jogo de espelhos, contra-imagem deste destro já canhoto, este outro outro que reflete o antônimo sinônimo de sí mesmo
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