30 de agosto de 2012

caro ácaro (a vida é curta pra ser pequena)


I

bailar
como um dervixe
como um zulu

bailar
e abolir o fixo
o estável o previsto

bailar
e bulir com as células
a linfa o plasma

bailar
e fluir como um rio
e flanar pelo rio

bailar

II

dançar
e não estagnar, carne triste
em presídios, hospícios, escritórios

dançar
e deixar o corpo ditar o rítmo
e deixar a boca soltar a voz

( quem sou eu para contrariar meu corpo
aliás, quem sou eu senão meu corpo?
quem é esse que diz eu?

um anãozinho com distúrbios sexuais?
um infeliz que se faz de vítima?
um bípede implume? um impostor vulgar? )

dançar

Chacal

Nenhum comentário:

Postar um comentário