1 de agosto de 2012

Nossa realidade se desmorona

Li em Chestov que a partir de Dostoievsky os escritores começam a luta por destruir a realidade. Agora a nossa realidade se desmorona. Despencam-se deuses,valores,paredes...Estamos entre ruínas. A nós ,poetas destes tempos,cabe falar dos morcegos que voam por dentro dessas ruínas.Dos restos humanos fazendo discursos sozinhos nas ruas. A nós cabe falar do lixo sobrado e dos rios podres que correm por dentro de nós e das casas. Aos poetas do futuro caberá a reconstrução- se houver reconstrução. Porém a nós, a nós, sem dúvida-resta falar dos fragmentos,do homem fragmentado que, perdendo suas crenças, perdeu sua unidade interior. É dever dos poetas de hoje falar de tudo que sobrou das ruínas- e está cego. Cego e torto e nutrido de cinzas(...)
Manoel de Barros

Nenhum comentário:

Postar um comentário