3 de janeiro de 2013

Lei da (des)conservação das massas

Fosse Antoine Lavoisier não químico (nem francês)
mas talvez economista ou biólogo (ainda que latino)
não postularia ele a lei da conservação das massas
Fosse Antoine Lavoisier um anarco-utopista-livre
formularia a irrevogável lei da (des)conservação das massas

ao invés do materialista "Na Natureza nada se cria
(assassinando o fértil imaginário dos poetas)
"nada se perde" (como se fosse possível retomar
a tontura e o sabor doce-amargo do primeiro beijo)
"tudo se transforma" (em rasa-ideologia orgástica)

Antoine Lavoisier proclamaria em alto e bom som
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
pois de massas conservadas bastam os reacionários
em suas jacuzzis de formol, racionalizando as leis
que descontroem o livre arbítrio da humanidade

Senhores que cassam o direito à criatividade infantil que
reside em cada um de nós e enjaulam os sonhos na
inconsciência, estejamos acordados ou não, permitidos
apenas em função da inabilidade dos covardes em desenvolver
uma máquina de controle melhor do que a TV e o jornal.

Àqueles que começam a acordar, então, é reservada
a pior das agruras no tráfico pobre (e podre) de venda de
sonhos pelos vanguardistas de plantão, valorando e
repassando no mercado negro a céu aberto de ideologias
fúteis realidades formatadas como sombras em caverna

Tudo se cria, tudo se perde, mas realmente nada, desde
o invento das chaves, verdadeiramente se transforma
Esta é a verdadeira lei da conservação das massas
que mantém a sociedade na sua silenciosa imobilidade
oligárquica, cleptocrática, de infames “direitos civis”

Avante com a lei da (des)conservação das massas
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
paraquedistas missionários pousarão em inconsciências
espontaneamente reunidas em marchas libertinas
de indignados pacifistas munidos de acordeons e trompetes

Sob a égide de infindáveis fins e recomeços cíclicos
nada se criará (exceto exceções à imutabilidade da alma)
nada se perderá (a não ser virgindades de espíritos)
tudo se utopiará (em um frenesi epifânico de corpos
revolucionários devotos da criação e da perdição)

Massas (des)conservadas soltarão fogos sem artifício
Farão banheiros a céu aberto para ler poesia sem relógio
Tomarão os bares, as praças, as ruas, as aguardentes
E não apenas sonharão o mundo anarco-utópico-libertário
Elas raulizarão os seus inícios, os seus fins e os seus meios

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