12 de abril de 2013

O Sonho

Mai bródas,

finalmente aconteceu! Sério, de verdade.

Veio de maneira repentina, inesperada - ainda que eu estivesse ansiando por isso há anos.

Na última terça-feira à noite, eu, totalmente devastado pelo tédio, tomei todas as cervejas da casa, fumei todos os cigarros que agüentei e, deitado na cama, folheei o Silmarillion pra tentar induzir algum tipo de fuga onírica da consciência. E adormeci.

O sonho veio. Mas não foi um sonho de batalhas medievais, elfas maravilhosas e mortes épicas. Sonhei com o Rio.

Eu estava em Santa Teresa. As ruas estavam tomadas por pessoas de todas as partes do mundo. Todos falavam alto e riam. Serviam, livre e abundantemente, bebidas exóticas uns para os outros. Experimentei uma cachaça italiana, provei licores africanos, e conheci mulheres de todas as cores e tamanhos. Enquanto a guarda municipal tentava liberar a rua, as pessoas gargalhavam e caçoavam, e saldavam os patetas ao estilo sieg heil.

Então veio a notícia. Chegou como um sussurro e se espalhou como fogo em palha. A prefeitura queria destinar um monumento público aos patrocinadores da Copa do Mundo e, naquele momento, um grupo de pessoas enfrentava a polícia para empatar a privatização.

Imediatamente a multidão se levantou. E eu parti correndo. Desci as ladeiras de Santa tão rápido que não conseguia fazer as curvas e batia com os ombros nos muros das casas. Nesses muros eu via grafites e estêncils, alguns familiares, que me emocionavam, me motivavam, e eu corria cada vez mais veloz. Cruzei tão rápido os arcos da Lapa! Fui pendurado por baixo, trocando as mãos e me jogando pra frente igual a um gibão.

Quando cheguei na cidade uma turba imensa e colorida, carnavalesca e palhaçal, havia tomado conta do centro do Rio. Eram dezenas de milhares de fadas, piratas, enfermeiras, havaianas e todo o resto, que pulavam, dançavam, riam e cantavam.

E avançavam. Avançavam e avançavam, lenta, mas firmemente, sobre uma parede de escudos da tropa de choque que, atônita, recuava e recuava...

Foi lindo, porra!

Gonzo

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