6 de maio de 2013

o berço de tudo

a memória do útero
do líquido amniótico
a semiótica
da linguagem
ilusão de ótica sonora
dos versos que agora imperam
no império dos sentidos sem sentido

incesto do alfabeto
incesto incerto do erro
(incesto entre o certo e o incerto)
que erra a reta e rebate lá na pedra

a fresta das formas inertes
sequer
infere a forma do universo
disforme
reforma dos ditos já ditos
o eco é o feto dos versos
coração materno
na caixa
do peito
pleito dos ritmos primeiros

(caixa plena em pleito)

repete
réplica dos sons no infinito do enquanto
repete a forma dos verbos
repete a alma
e seus encantos
poeta que versa
a plenos berros
de peito já cansado
porém aberto

oh verdade que não há neste mundo
um mundo tão mundo
um mundo tão tudo

um mundo tão pouco pra tudo que resta
e resta tão pouco
mas o resto que falta é tudo que me sobra

a voz que assopra
o eco que eclode
explode
em rosa ritmo e rima
eis que enfim afirma:
fim e princípio
na mesma linha
a rima
o ritmo é berço do mundo

é berço de tudo
é terço da alma
é pleito do pleno
insano repente

Salvador Passos

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