2 de junho de 2013

não precisamos de lirismo

Para Deleuze, a literatura é saúde, ela faz a língua delirar retirando-a do seu estado clínico, a partir do silêncio, do gaguejar, da descontinuidade, provocando sua cura: o mergulho no universoesquizo contra a neurose edipiana. A tradição delirante estabelece uma fala construída a partir da percepção de uma série de dissonâncias e tunelamentos entre obras e autores dentro da produção artística e cultural brasileira. O delírio como parte fundamental da obra e/ou vida. A operação esquizo proposta por Deleuze, em seu aspecto mais estrutural, é um olhar, uma fala que libera elementos recalcados, historicamente alijados da leitura disciplinar e institucional de nação e de cultura. Não precisamos de lirismo, precisamos de delirismo: discurso indócil, inquieto, que muitas vezes teve como resposta a ação repressora dos aparelhos de controle do Estado, a repressão.

Ericson Pires
(trecho do livro Cidade Ocupada)

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