tenho medo de morrer
não a morte morta que os mortos morrem
tenho medo de morrer dentro de mim
sem o eu que me habita
naufrago de mim mesmo
tenho medo de morrer um velho eu
lá por dentro da caverna
frio e cego de mim mesmo
sem as cores do meu nome
não meu nome certo
mas o nome anônimo dos meus gestos
meu verdadeiro nome
pleno
silencioso
e eloquente
não tenho medo de envelhecer ou de me ser
a cada dia mais e mais
até que as mil manias que carrego sejam mais eu mesmo do que sou
este racional ser que me rumina em cada pensamento planejante do futuro
espero o futuro que me chegará de dentro um dia
e me fará quem sempre fui
Raimundo Beato
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