10 de outubro de 2013

Poema (Ferréz)



Quando lavo o rosto pela manhã é como se tivesse tirado os pesadelos da noite mal dormida.
Como um pão e empurro com o café pelo estômago abaixo com raiva.
Ao pegar o prato do almoço, ligo a TV e não estou mais sozinho.
Depois vem o computador e vejo o mundo inteiro.
Ao desligar, a mesa e tudo em cima se torna inútil, ineficaz.
Pego a folha branca com vontade de preenchê-la.
Penso um pouco e sei que verdades e mentiras são questões de ponto de vista.
As palavras não são dignas de serem colocadas uma após a outra.
O café é amargo como o que penso da vida.
E mais uma vez não sei o que vivo e não sei o que penso.
A vida é externa, a guerra já começa em nós por dentro.
A paz é uma palavra muito curta para fazer efeito.
A sensação de ter asas não me agrada mais, quero rastejar.
Nas coisas que comprei hoje não me apoio mais.
Olho em volta e as sensações estão mortas, vivo é o meu querer.
Toda vez que chegamos no topo olhamos para baixo.
Não, não é por causa da vitória conquistada, somos o começo da caminhada.
Quando deixo minha mente vazia, ela não se apoia em barreiras.
Os livros bem pensados são prostitutas bem pagas pela vaidade.
A diferença dos medíocres, é que eles sabem capitalizar no caos.
Deus me acordou cedo hoje, e me disse para calar a boca.
Como sempre no mundo, a teimosia gera o bom senso.
Tantas praias, tantos por do sol, tanta alegria, e limitamos o que são tantos.
A poesia poderia ser uma solução para a insanidade.
Mas o egoísmo do homem deixa a alma em segundo plano.
O estômago dói, e os dedos tocam as teclas rapidamente.
Tudo para dar sentido numa coisa chamada vida.
Entre os dentes e o resto, a boca toca a mão direita e não sente nada.
Entre sons e uma leve chuva, a coisa mais sem sentido é olhar a verdade.
Embora quisesse parar, agora sei que não se para o sangue.
E os dedos continuam a se movimentar, não para o prazer, e sim parar de sofrer.
Deixarei tudo aqui nesse papel.
E o quebra cabeça estará perdido quando não registrar as respostas.
Nada de mais, um retorno ao grande nada.
Frases que nos acompanham por toda uma caminhada.
E no final vou por um título nada criativo.
E ao parar vou voltar a me iludir.
Vivendo.


Ferréz

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