15 de outubro de 2013

Poemas do Livro: "A solidão é um deus bêbado dando ré num trator"



Schopenhauer fumando oxi embaixo do viaduto da Avenida
[Djalma Batista
Brisa escrevendo belíssimos romances que jamais serão lidos
O sol sempre baixa dentro do abismo.

 x

Deus manda tsunamis como minha mãe joga farelos de pão no
[Rio Amazonas
Faz pequenos redemoinhos azuis no meio da confusão
Se eu fosse cineasta, pediria para ela lagrimar e falar bobagens
[de mansinho.
A gente pensa que não, mas os peixes entendem.

x

Manuela de maiô amarelo dando braçadas no Rio Negro
Barco ancorado no cais onde turistas bebem amores na noite da
[memória
Fiz um pacto com o diabo para nunca morrer no domingo.

x

É foda quando a música acaba e você não tem ninguém para dizer o quanto a vida é louca e ingrata.

x

Lirismo é quando a puta chora e ninguém acode.

x

As coisas amarelam quando deixo de escrever poesia
Ausência de música
Fogos mudos desenhando caminhos de ternura perto da lua
Minha avó catatônica no sofá esperando deus dar jeito no mundo.


Mas, Deus não dá jeito no mundo, nem Deus, nem a garrafa de Passaport, nem a vodka Natasha, nem a cocaína e se o próprio poeta diz, em outro poema:

 A literatura não cura. A literatura adoece.

 Então o que dá jeito na vida?

Não sei.

Deus não se importa ou quem sabe seja um pouco sádico, ou esteja sempre bêbado, mas, escrever um bom poema, ter uma mulher ao alcance do braço, beber e comer não chega a ser ruim, e se tudo isso existe por obra de Deus, então Aleluia e me perdoe à blasfêmia.



Diego Moraes

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