8 de janeiro de 2014

pleonasmo

eis que o próprio já se faz impróprio
como espaço entre os outros que não sou

o eu que nunca chega
o sorriso já perdido
na medida do que não se mede
incomensurável ser que não se é
o eu mesmo vaga;
como hiato entre o lapso e a memória
sonho envolto em vulto
registrado em alguma sombra passageira
cadafalso do cadáver enforcado na gravata
condenado à gelada superfície do espelho
pleonasmo arrastado de mim mesmo

Salvador Passos

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