14 de março de 2014

outra manhã

um passarinho sussurrou teu nome
mas eu disse não
faltava alguma doçura misteriosa na cadência de seu canto
faltava um riso alto e descontrolado
um medo puro do futuro
o pássaro passou por cima de algo inominável no teu nome
que o torna apenas teu
algo que te faz você
e que me faz quem sou
um medo do futuro que resulta do passado
lastro de um navio que afunda

mas e se jogarmos fora este peso inclemente?
teu nome continua teu
o pássaro segue com seu canto
que apesar de belo pouco diz de tuas verdades
serve para descrever que há coisas perdidas em um canto
que nem sempre estão lá
serve como contraponto
pois para cantar a dor basta não ter asas
e mesmo assim
depois da noite triste
vestir as asas da poesia
e pedir perdão ao nosso amor

Salvador Passos

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