12 de março de 2014
PEDAÇOS DO ESQUELETO
/ se eu quebrar com meus sonhos / e só restar o tédio
medonho, / a decrepitude, a tristeza infinita / o monturo
(na vida, na escrita) / nenhuma cia. de seguros / vai ar-
car com o prejuízo / então, / dou um basta à bosta toda
/ redesenho o traço da boca / deito um sorriso lindo para
o mundo / respiro fundo, vou com tudo / porque é assim
(e só assim) que se tem que ir // a av. Paulista correndo é
tão engraçada / parece uma cobra de marshmallow / uma
viagem de ácido / uma enguia eletrocutando a língua / os
olhares, os colares, tristes demais / estupefatos, oleosos,
covardes e sem razão / a cavoucar a cidade atrás de um
tostão / ou de um milhão / pobres diabos e diabos ricos
a rastejar / quarteirão a quarteirão / uns com ar condicio-
nado, mp3, Honda, / apartamento mobiliado, aulas de
inglês / outros não / a gente que tem / heliporto / vinho
do Porto / trabalha no Horto / não passa fome nem mor-
to / e a gente que / disfarce a disfarce / ganha apenas o
necessário / para endividar-se /
Fabiano Calixto
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