Eu nunca me perguntei
 seriamente o que é poesia. Creio mesmo que sequer cheguei a considerar a
 hipótese de um dia vir a formular uma poética, tamanha a urgência com 
que me lancei, desde sempre, na busca das palavras que melhor 
justificassem a “condição” de poeta, que me concedi sem consultar a quem
 quer que fosse. Em outras palavras, passei das primeiras tentativas 
poéticas a um estágio no qual já não se fazia imprescindível haver 
alguém que dissesse se o que eu fazia era ou não poesia. Mas me animo, 
hoje, a dizer que poesia é um pensamento, uma forma de pensar por meio 
das palavras. Já tensionando até quase o rompimento o fino fio que 
une/desune a poesia e a filosofia, arrisco-me a dizer que o bom poema 
(aquele, raro, que provoca no leitor/espectador uma como que desordem 
interna, a qual, por seu turno, reduplica a complexidade do mundo) é, 
senão o único, o mais eficaz meio de tornar visível o pensamento.
Ricardo Aleixo 
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