Para atingir a graça
(hmm...)
e ganhar em estilo
é preciso pedir licença
aos urubus
guardiães desta pousada
construída sobre os rochedos
no fim da praia.
E considerar a
relevância
de a dona do lugar ser
espírita
e ouvir forró bem alto à
noite
e berrar quando a
bebedeira iniciada ao poente
entra em declínio e
inevitavelmente
falha.
Para atingir a graça
(ah)
e ganhar em estilo
fazer amor com as portas
abertas para o terraço
(vocês estão no melhor
quarto porque são os únicos hóspedes)
com certa violência
recebendo a brisa
com cheiro de peixe e
passos
dos tais urubus no
telhado.
Para atingir a graça ( )
e ganhar em estilo
o domingo escorre
por trás dos barcos que
balançam como autistas na enseada
aí mandar uns dois ou
três sujeitos tomarem no cu
numa pequena série de
interurbanos;
envolver-se na escuridão
(e no silêncio, se a
dona da pousada o permitir)
e imaginar
por quê pelos demônios
alguém inventou que o
nascer do sol
se chamará
segunda-feira.
Danilo Monteiro
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