29 de outubro de 2015

cosmopoética

é essencial para a poesia
um urro intenso
como um descer na mais profunda gruta
para trazer alguma Eurídice noturna
roubar o fogo dos deuses
Prometeu acorrentado
caminhar pelas fronteiras  desguarnecidas
arriscar
riscar
exorcizar 
como quem procura o verdadeiro verbo
o nome derradeiro
prometer promessas incansáveis
fracassar fracassos impensáveis
carregar delírios
arrastar as pedras
e as cargas
mais pesadas
subir montanhas incansavelmente
verborrágico silêncio delirante dos mistérios
minério intenso do profundo urro
descer à gruta que governa os sonhos
com a voz do verso nulo
e dançar no fogo intenso
através da fala
como quem delira coletivamente

Salvador Passos

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