A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

27 de novembro de 2015

c:/polivox.doc


“Para mim tudo se desintegrava em partes, estas partes em outras partes; nada mais seria abarcado por uma idéia só. Palavras isoladas flutuavam à minha volta; elas se solidificavam em olhos que me encaravam e dentro dos quais eu era forçado a olhar de volta-redemoinhos que me davam vertigem e, girando incessantemente, me levavam para dentro do vácuo”
     
                                                                   Hugo von Hofmannsthal
                                                                    
                       “corte as linhas de palavras”              
                                                                   William S. Burroughs
 “Um pouco de ruído, o menor elemento do acaso, transforma um sistema ou ordem em outro”
                                    
      Michel Serres

On-line.  Psiu: “Épico é poema


contendo história”.  Demais.
“E se um Plano de Saúde
Pudesse expressar
sua
Individualidade?
Você não é como todo mundo.
Sua individualidade é algo que gostamos
e entendemos. Também sabemos que
seu seguro tem que ser
importante para você. Ele também
é importante para nós.      Enquanto
isto,                   flores
falsas, carniça, neve
negra. “Eu não procuro o que eu acho”.
Linguagem escapa:
- Desde quando oceano
É Céu? Acesso negado. 
PARA MUITOS, TEMPESTADES ALÉM DA COMPREENSÃO /“...viram tornados
jogarem seus carros como brinquedos e vacas voando nos quintais…”. Este, o Sonho Americano. Pétalas de chuva, postal estranho,
bilhete em esperanto
obscuro -  do Além: Cézanne: “A
paisagem pensa a si mesma
através de mim. Eu sou sua consciência”. Livros mudos, o vermelho das
árvores se alastra em frases falsas, e o deserto devora o tempo.
Shift.
O que faz de Dell
a escolha ideal? Dell
sempre almeja lhe oferecer
a perfeita combinação de potência, performance,
e preço. QuANto MAis pERtO o-
LhAMos PaRa UMa pAlAvRra
mAioR a DiStâNciA cOm QuE ElA
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Cerejas amargas: antes, flores.
“Se um leão pudesse falar
ele não entenderia o que rugimos”.
Ideologia é linguagem vestida de transparência.
Megaugnil : devagar eu te direi quem és. Remédio ou veneno.
O homem não é contemporâneo de sua origem.
Aumentemos o volume da linguagem.
Esta página está em construção. Zip! Ninguém escuta pensamentos como aqui. Agora
você não precisa mais de mim, agora forma
é uma extensão do conteúdo. Bapel.
Nadar
nesta espuma, virgem verso, pampa nevado com paredes negras.
“Poesia é a suprema realidade virtual, menina”.
Mundo. Mudo. No qual entramos des-
nudos.
Assim termina o mundo
não com um tiro
mas sem um sentido.
A resistência dos materiais. “Isto
vai doer mais em mim do que em você”.
A frase está fora de foco.
“Ao dissecar, a matamos”.
“Dor é impossível de se descrever”
A dança do duende entre a floresta de signos.
“Se sempre escrevessemos a não ser
o que já foi entendido
o campo do conhecimento
nunca seria extendido”. O tempo virou, esta
página-(de pangere, prender, fixar, ligar)-manhã. Mesmo porque,
 “uma dúvida que duvidasse de tudo não seria mais
uma dúvida”. E
o que muda depois de tudo. Muda,
depois de tudo. A dança do duende
entre a floresta de signos. Madame Yahoo,
não há nada épico em acender um cigarro:
ou talvez sim, como o gesto heróico de
abrir a porta e retirar o lixo. “O difícil é conseguir
saltar o muro”. Esta linha de mentira.
O hímem está testando a memória extendida.
Um banho quente é a conquista do Egito.
Quem disse isso?  Fui
teu amuleto no meio do tumulto:
te protegi da guerra, deusa -
Eu era a lâmina afiada na mão de Thoth
no meio do tumulto.
A queda da caneta no carpê é uma aurora de outono.
Céus de cristal líquido.
Limalhas de ferro formam uma rosa imantada.
Restos de conversas são nossas profecias.
Um  beijo é a conquista do Egito.
A cada manhã, é preciso remexer o cascalho para alcançar,
debaixo dele, de repente,
a semente viva e quente.
Vox, Vak, vácuo. Vai  ver, o homem
não é contemporâneo de sua origem.
A miragem não é contemporânea de sua imagem.
Aumentemos o volume da linguagem.
Nas matinês americanas nos ensinam a assistir um filme
no velho estilo: em silêncio.
Com tempo, nos tornamos
Invisíveis:
Sub verborum tegmine vera laten, ou
por trás do véu das palavras, a verdade. Vozes nas sala da Mente? Mas acordamos ao mesmo tempo para nós e para as coisas.
“A trilha árdua da aparência”.
O OLHO SE ABRE.        O OLHO SE ABRE  E SE DIVIDE.
Ar, articular,
 como um bicho saindo de seu ninho.
O cinema grotesco nos ensinou
a configurar uma ação, instante negro, não reflexo
de realidade.
Uma maçã flutua na luz: este seu sentido
(“aceitamos cartões de crédito”)
que se movimenta como quem respira, imediato,
enquantO mira espirais de tempOs, arOs de fumaça.
Não há como escapar.

Rodrigo Garcia Lopes