as ruas da cidade ampliavam-no
era variado pelas caminhadas
mordia as vitrines nas esquinas
sentia o sabor da morte repetida
o vento das palavras esquecidas
masturbava sonhos no engarrafamento
abismava buracos na calçada
soletrava os solavancos do silêncio
chovia verbos e lambia a urina das calçadas
cansava a tarde entre os prédios
dormia outras mortes
acordava outras vidas
apostava versos pelas praças
pernoitava esquinas soltas
resgatava sóis noturnos
descolonizava os delírios
Salvador Passos
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