pregos enferrujados impedindo o movimento
sangram as sagradas chagas da palavra
soletrando a sombra de um sol insone
o sangue espesso nas carcaças
frágeis pálpebras devassadas
vértebra indefinida
osso do poema
argamassa bruta
dobradiças da cortina
cercas fronteiriças
vertigem inviolável
o segredo da palavra nas entranhas da cidade nua
mar que arma as ondas do naufrágio
ar que arfa o arranjo do incontido
aço de janelas cegas
sol que solda as horas mortas
arde a tarde entre os carros
arde a vida nas entranhas das palavras
partem todos sem destino
perdidos neste rio sem gramáticas
partem sem um nome que defina
o incêndio embaçado desta luz cortante
Salvador Passos
Nenhum comentário:
Postar um comentário