30 de março de 2017

percebe o enrijecimento da musculatura

percebe o enrijecimento
da musculatura,
das asas e das nadadeiras.
percebe que suas articulações
couberam perfeitamente num conto do murilo rubião.
e como uma lava-pé entusiasmada
com a formação da sua mandíbula
lê poemas no centro de uma caosfera,
lê poemas neste calabouço
arquitetonicamente barulho e cor da urbano-cidade.
lê poemas
seja na esmerilhadeira ou
na bicheira canina,
mesmo com gagueira, teimosia e cacofonia,
lê poemas
no aparelho de quimioterapia, na linha de produção fabril,
sem tímpanos, sem amígdalas,
sem colete e sem capacete;
lê poemas;
este mantimento, este armamento, estas ferramentas
usadas pelas trezentas e sessenta e cinco detentas
que escavaram um túnel de fuga da veia aorta
até a palavra resiliência.


Matheus José Mineiro

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