percebe o enrijecimento
 da musculatura,
 das asas e das nadadeiras.
 percebe que suas articulações
 couberam perfeitamente num conto do murilo rubião.
 e como uma lava-pé entusiasmada
 com a formação da sua mandíbula
 lê poemas no centro de uma caosfera,
 lê poemas neste calabouço
 arquitetonicamente barulho e cor da urbano-cidade.
 lê poemas
 seja na esmerilhadeira ou
 na bicheira canina,
 mesmo com gagueira, teimosia e cacofonia,
 lê poemas
 no aparelho de quimioterapia, na linha de produção fabril,
 sem tímpanos, sem amígdalas,
 sem colete e sem capacete;
 lê poemas;
 este mantimento, este armamento, estas ferramentas
 usadas pelas trezentas e sessenta e cinco detentas
 que escavaram um túnel de fuga da veia aorta
 até a palavra resiliência.
Matheus José Mineiro
 
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