26 de maio de 2019

Flagrado em atitude poética

atesto através de tanto
para o foro geral
do estado do Rio de Janeiro
que na data do dia 02/04/2016
sábado
pela manhã
eu
brasileiro
natural do rio de janeiro
solteiro
sem filhos
desprovido de documentos que comprovem a veracidade dos meus relatos
caminhava
em trajeto aleatório
na região comercial conhecida como Saara
à deriva de qualquer trajeto competente
(ato impertinente)
com motivação incerta
de cumprir proposta metodológica/pedagógica
cuja finalidade
configurava tentativa experimental de poesia

no decorrer de tal conduta
deparei-me com flagrante infração
ao pé de inscrições
de abandonada edificação urbana
que proclamavam em letras irregulares
"guerreiros não morrem"
notei dois homens que dormiam no passeio público

pude ao fim
e ao cabo concluir
o ato experimental a mim outorgado
unindo a frase
(que de acordo com o código penal danificava o patrimônio urbano)
com os homens que dormiam
(sob a indiferença homologada pelos fóruns (in)competentes)

Sem mais recursos cabíveis
emito meu veredito:

"guerreiros não morrem"
eles dormem na calçada!

Salvador Passos

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