30 de maio de 2025

Vestígios

 

Tenho como hábito sublinhar palavras

Como quem traça rotas de fuga

No labirinto dos livros

Produzindo no silêncio de suas páginas

Um poema implícito

Perdido naquilo que está inscrito no escrito das coisas

Como se o poema fosse um espelho de silêncios

Eco quase inaudível

Ou animal selvagem 

Aprisionado no fundo de uma trama

No centro de um labirinto

Como se os livros fossem uma espécie de oceano 

Cheio de possibilidades em aberto

Pois quem escreve uma história deixa de escrever infinitas outras

Sempre deixando no seu rastro

Os vestígios de um naufrágio

 

Salvador Passos

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