29 de julho de 2011

As coisas e as palavras 2

Penso em como posso existir mediante a todas estas precariedades?
Como posso existir se tudo é tão vago

Descartes refutava estas dúvidas a partir do lema racionalista:
Penso logo existo

Como sei que existo?
(Se é que existo)
Seria por que penso que existo que existo?
Mas nem sei se penso
Nem sei se sei
pois tudo que sei
é que nada sei
Então não sei saber
E sabendo disto que não sei
Eu penso (se é que penso)
que se penso,
é por que registro

Logo existo pois os versos que escrevo me escrevem

(pois creio no que escrevo ao menos enquanto escrevo)

Então os versos que ex-crevo me ex-crevem

Os versos que ex-crevo me (ex)cravam em mim mesmo

Mesmo que ex-creva coisas que não são
Afinal as coisas são as coisas que também não são
As estrelas são estrelas
O azul é só azul
O céu é só o céu
E eu sou apenas eu,
ainda que não saiba o que é tudo isto
ainda que estas coisas sejam só palavras....
ainda que as estrelas sejam só estrelas

Penso em não pensar
(ao menos penso que penso):
Afinal Pensar é registro?

EX

CREVO

logo

EX

ISTO

Salvador Passos

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