A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

3 de outubro de 2012

Paradise

o rock ronca a roca deste tempo, a morte morta, perdida nos emblemas de outrora, ginsberg com seus lisérgicos dizeres, os seus uivos loucos, poetas perdidos na noite, keorouac com seus passos ligeiros pelo mundo em um tempo que não volta, sal paradise, dean moriarty, nas estradas em busca da sombra de um pai, a busca pelo pai, pelo paraiso, a estrada perdida, um paraiso perdido que está em sí mesmo, os devaneios de se buscar por ai, nos outros, em tudo, no espaço, a terra livre de tudo e de todos, livre da vida, livre das regras, do trabalho, da propriedade, este sonho que mesmo morto não acaba,dentro destes peitos a primavera que persiste, cada um dizendo outras coisas, em outro tempo, mas todos querendo ser livres, o ronco dos motores easy rider mesmo quando a gente can´t get much higher...

Salvador Passos

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