quero o ruído das noites
a fuga dos nomes
o coiote
não o cão domesticado
Salvador Passos
27 de junho de 2016
23 de junho de 2016
17 de junho de 2016
inferno
marcar a página
com a passagem das palavras
o dorso
a vértebra
o osso
penar palavras
o fogo
ladrão de ossos
arqueólogo de uma geografia obscura
o procedimento nômade
a tradição delirante
telefones rasgam a noite
morte e dinheiro em seu incesto
sinto pena da solidão teleguiada
rádios que perturbam meu silêncio
signos do nada
estática aberta
atento busco as palavras
o corpo das palavras
incorporo
qual cavalo
estou luso
solavancos cortam o branco
ossos da ausência
como os navios que desbravam o distante horizonte
rocha
pedra
mandíbula que mastiga nomes
pra cuspir distancias e insônias
no armário da cozinha
outro verme come meu miojo
Salvador Passos
com a passagem das palavras
o dorso
a vértebra
o osso
penar palavras
o fogo
ladrão de ossos
arqueólogo de uma geografia obscura
o procedimento nômade
a tradição delirante
telefones rasgam a noite
morte e dinheiro em seu incesto
sinto pena da solidão teleguiada
rádios que perturbam meu silêncio
signos do nada
estática aberta
atento busco as palavras
o corpo das palavras
incorporo
qual cavalo
estou luso
solavancos cortam o branco
ossos da ausência
como os navios que desbravam o distante horizonte
rocha
pedra
mandíbula que mastiga nomes
pra cuspir distancias e insônias
no armário da cozinha
outro verme come meu miojo
Salvador Passos
15 de junho de 2016
Explicação
O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo – e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce…
– espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória
sem margens.
Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
Cecília Meireles
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo – e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce…
– espero a minha própria vinda.
(Navego pela memória
sem margens.
Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)
Cecília Meireles
14 de junho de 2016
Tradução
este poema
em outra língua
seria outro poema
um relógio atrasado
que marca a hora certa
de algum outro lugar
uma criança que inventa
uma língua
só para falar
com outra criança
uma casa de montanha
reconstruída sobre a praia
corroída pouco a pouco pela presença do mar
o importante é que
num determinado ponto
os poemas fiquem emparelhados
como em certos problemas de física
de velhos livros escolares
Ana Martins Marques (Livro das Semelhanças)
em outra língua
seria outro poema
um relógio atrasado
que marca a hora certa
de algum outro lugar
uma criança que inventa
uma língua
só para falar
com outra criança
uma casa de montanha
reconstruída sobre a praia
corroída pouco a pouco pela presença do mar
o importante é que
num determinado ponto
os poemas fiquem emparelhados
como em certos problemas de física
de velhos livros escolares
Ana Martins Marques (Livro das Semelhanças)
9 de junho de 2016
aponto as sobras de amor pra extinguir o medo das cobras
foi como respirar com um drone atravessado
na glote, te ver doer assim me assou as asas.
ô baby, eu queria tanto desamassar esse pão,
confiscar o novelo desses minotauros, roubar
o santo sudário pra enxugar tua testa, rebocar
o sol dessa tarde à base de cal, lavar teu sangue
com a minha ausência, ensinar a eles a leveza
da tua camomila, apagar esses hematomas cor-
de-ninguém, resolver essa richa numa partida
de jokempô, we know things are bad - worse
then bad. they're crazy. é o nosso judô juvenil
contra aquela legião de bestas. a manada estou-
rando e a gente no front com um girassol na boca.
esses pacifóbicos, esses barulhômanos. há quem
ceda ao sal dessa sede e duvide do nosso taco,
netos de caim caindo de paraquedas na nossa
marcha; mas eles não passarão, Passarão, essa
guerra não é dos que usam garra postiça, é na língua
deles que o chiclete vai azedar. ontem não teve hoje
que consolasse, mas baby, você lembra o refrão,
amanhã a gente acerta a tônica dessa porrada toda. ó
minha grande, ó minha pequena, esses brutamontes
não merecem o brócolis que brota de tuas veias,
guarda tua lágrima pruma outra season finale que
nesta temporada não seremos o plot twist. não
caberá nessa jaula o nosso rugido, não será tele-
guiada essa revolução. agora dança, coala, forget
our troubles and dance, descalça tua melhor alpar-
gata e valsa. let's play that. insiste nesse passo, vai
repassando a tática até virar viral. fala que o segredo
tá no ritmo, eles têm medo de quem sabe dançar.
Camillo José
(29 de abril:o verso da violência)

