A maior cena de amor
Americana não é nenhum beijo de Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. Não
tem Deborah Kerr nem Gregory Peck, não é aquele beijo do soldado na
enfermeira no final da Segunda Guerra Mundial. A maior cena de amor
Americana é Jacqueline Kennedy Onassis subindo em desespero a capota
daquele Ford modelo Lincoln para catar os pedaços explodidos da cabeça
de John Fitzgerald Kennedy. São algumas dezenas de fotogramas da
primeira dama em transe, ensangüentando as mãos nos miolos daquele 22 de
novembro de 1963. Lee Harvey Oswald matou Kennedy. Dois tiros
cirúrgicos, um no pescoço e outro fatal na cabeça. Foi você mesmo
Oswald?! Não! Oswald o teria devorado! Lee Harvey ex-marine. Até tu
Brutus?! É presidente, quem deu o tiro foi um dos teus... Naquele dia D
of the Big D, Dallas city. Don´t you mess with Texas, Mr. President.
Sempre que vejo um beijo em preto e branco ou escuto ao longe o Sam
tocando de novo em Casa Blanca, lembro de Dona Jacqueline ajoelhada no
carro, já funerário, atrás do cérebro espatifado do marido. Amar é ter
nas mãos essa massa cinzenta que pensava a América! Cinzenta como a Lua
que ele queria conquistar. Flicts. É presidente, naquele 20 de julho de
1969 lembrei de suas palavras. Um homem na lua. E você, o que teria
pensado Kennedy ao ver na distância aquele foguete Saturno V cortando os
céus como a bala que cortou o ar até a sua cabeça?! A small trigger
for a man’s finger but a giant blow for a human head! Dona Jacqueline
catando miolos para alimentar mortos vivos! Miolos! Miolos! Nada é
por acaso nessa vida. Lincoln morreu na sala Ford do teatro Kennedy.
Kennedy morreu num Ford modelo Lincoln. É, nada é por acaso nessa vida.
Sempre que penso no amor na América penso em Dona Jacqueline ajoelhada,
apavorada, apaixonada, com as mãos empapadas de sangue, catando a cabeça
explodida do marido.
E Pelé disse: Love, Love and Love!
E Pelé disse: Love, Love and Love!
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