marco com palavras
os rastros de uma vida
o arco de vazios 
que contem o tempo
o beijo
o asco
o grito
o medo
e no fim
sobra o silêncio
marco com palavras 
o arranjo dos espantos
o vazio dos espaços
a casa ociosa
marca com silêncios 
outro tempo
o sopro de algum vento novo
o mar que armava ondas
contra as pedras 
agora para
esconde entre as noites seus naufrágios
tece algum tipo de nó frágil
como aquele que nos prende à vida
nas janelas os vizinhos calam
apagam suas luzes indiferentes
a casa 
consome seus espaços em silêncio
devora os passos 
num incêndio de palavras mudas
Salvador Passos 
Nenhum comentário:
Postar um comentário