31 de outubro de 2018

dança tectônica

trago na voz a munição lírica dos escombros
queria arquivar a aura ausente das cidades
seu sangue aguado
não posso reviver o culto que sangrou um dia nas palavras
há um aparato cinematográfico que multiplica sombras
espelhos transplantados
corpos exilados
rostos replicados

as palavras foram domesticadas
& seus nomes esquecidos

há um rio que escorre sob nossos pés
sua turbulência foi drenada
(leito transformado em pedra)

a cidade dança sua dança tectônica
adormecem fósseis
no sonho das lembranças soterradas
o fogo foi petrificado no olhar noturno da medusa
flores esquecidas
aprendem a dança do carbono

Salvador Passos

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