17 de dezembro de 2018

erres


arrancar os ERRES da garganta
arranhar o gosto gasto da traquéia
com o mar que arde nas entranhas
agarrar os erros
engasgar com o rastro desta letra
o ar que arfa as arestas do incontido
raspa a ferrugem das cidades frias
marca com palavras cruas
o incêndio das ferragens retorcidas
ruas, postes e avenidas
cicatriz marcando cada esquina
a escrita encravada nas profundas grutas
a vertigem virgem entre as margens
as palavras brotam brutas
máquinas abruptas produzindo espanto
fábricas perdidas arranhando o tempo
o silêncio produzindo o vento
noturnas engrenagens ruminando
o marasmo gasto dos esquecimentos
a escrita escorrendo pelos poros
magma
esperma
porra
escarro
o silêncio rosna entre os dentes
 
Salvador Passos

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