no fundo do terreno
havia o museu dos mortos
árvores avançam
infiltrando-se por dentro das paredes
as paredes vivas
com artérias
estourando os rebocos
engolindo as janelas
aflorando
na epiderme dos tijolos
as escadas saltam
como costelas quando em corpos magros
desejam o que há de horizonte no cansaço
carregam o peso dos que sobem
alimentam a lembrança com seu abandono
é preciso lembrar todas as tragédias
inaugurar uma arqueologia delirante
que atinge as camadas tectônicas
para decompor o campo
compor com lascas
estranhas barricadas
por trás do som
habita a mecânica do hino
qual o jogo que está em jogo?
os uniformes uniformizam
ao logo da fronteira invisível
fileiras e fileiras de sentinelas cegos
que não raro perdem a esportiva
Salvador Passos
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