quero o horizontalismo
não à arbitrariedade
quero o sonho
não realidade
não ao verticalismo
quero o que não resiste
tudo o que enfim insiste em ser
quero o anarco utopismo livre
livre o anarco utopismo livre
livre nos do radicalismo (c)ego
Deus nos livre
Deus nos livre do Diabo
Deus nos livre de Deus
Deus se livre
livre deus de nós
livre deus de deus
se deus quiser
(ou se não quiser - que seja)
quero um deus livre de qualquer deus
não ao que simplesmente é
sim aquilo que não é
quero aquilo que fabrica a noite
quero aquilo que me bate à porta
quero aquilo que a noite trás
quero a treva
a trova
a morte morta
a vida viva
a porta aberta
quero tudo aquilo que não é
pouco importa se alguém escreve
quero que sejamos todos
Somos multidão
Não à divisão
quero multiplicação
A voz diversa
nada de determinar quem é ou quem não é
abram todas portas
vejam as faces no meio da multidão
elas não são tristes
elas dizem sim
elas riem
nada de fechar janelas
não àqueles que só determinam
não ao não daqueles
que só querem não
Salvador Passos
A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
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