A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

26 de novembro de 2014

NO LIMITE da linguagem

NO LIMITE da linguagem
                                          me canso.
                     Então, qualquer palavra
                     É um regresso, um para-trás
                     Ou talvez
                     Nada mais que a cabriola,
                     A pirueta, o foguete ou
                     O petardo: ruído
                     Breve, tudo
                     Passa.
                     Há limites na linguagem?
                     Ou só falta o que dizer: o
                     Sentido.     E o som?       A rajada
                     De palavras, o e s t a l a r?
                     Ruído breve,
                                tudo passa.
A vivência:   outro marco ou
Ponto de referência. In-transferível
Substância: comunicável, talvez, por telepatia
-mas não por poesias,      mas não por escritura.
Pra quê?, por quê?           O silêncio.
Melhor.       Melhor
                                      Nada.


Poema de Rodrigo Lira (1949-1981) que encerra Proyecto de obras completas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário