afundam as cidades em algum transe tectônico
as horas são marcadas pelas turbulências
vejo um relógio imóvel preso no horizonte
aviões indiferentes passam sobre nossas vidas
estragam o silêncio das manhãs à toa
espiões distantes
expoentes de um progresso sem silêncios
árvores cortadas bem na tarde de domingo
sangra o silêncio entre os prédios  
muitos gritam
mas não adianta
o progresso é uma máquina automática de amordaçar delírios
o incêndio das palavras arde nas esquinas 
são poucos os que percebem o naufrágio nas vitrines 
existem fósseis dentro das calçadas
nomes esquecidos nas planícies 
ainda habito a precária arquitetura do silêncio
& corro pelas ruas sem palavras
o poema é um incêndio infinito 
Salvador Passos
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