o que escrevo
não são poemas políticos
de protestos panfletos partidos
ou coisa do tipo
não escrevo cartilhas nem
desvendo armadilhas de um mundo
impossível
não faço do poema uma folha em
branco sendo escrita nas normas da
abnt
não introduzo nem desenvolvo
até porque…
quem muito lattes não morde
você sabe disso
quando escrevo sou reboliço
escrevo a vida assim como ela se
faz a hipérbole é eufemismo
paradoxo quebras grama ti
…………………………………………cais
quando escrevo
poema
escrevo como quem
abre um animal
passando a faca
afiada fazendo linha
vertical
eu
quando escrevo o
poema sou o próprio
animal oferecendo o
que há de dentro
pra uma festa
ancestral
escrevo como quem
trabalha e ama e
dança e corre
e tropeça e come e
bebe e bêbado
e emprego e
desemprego
escrevo com quem
salário como quem
noite
como quem vende
como quem o próprio
corpo
escrevo como quem é
cego e enxerga pelos
ouvidos
como quem tem rimas
terceirizadas e todo
dia bate o ponto
final.
como um filho
da puta que rala na
tentativa de também
ser gente
como quem vem de
longe sendo estrada
consequentemente
escrevo
como quem atravessa
a rua na diagonal
na pressa de viver de
se poder chegar mais
longe.
Pedro Bomba
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