A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
28 de janeiro de 2011
Regras de Conduta no Metro
Metro rules of conduct
Regras sociais do individualismo
Kian Bashiri o criou para representar a experiência de andar de metrô na sua cidade, Estocolmo, onde, segundo o autor, as pessoas se esforçam para ignorar umas às outras. Ele percebeu que a interação nesse meio tem uma regra silenciosa: não fazer contato "olho a olho" com os estranhos. Este contato olho a olho representa um gesto constrangedor numa sociedade individualista, onde as pessoas querem evitam a intimidade e contato face a face, privilegiando interações "virtuais". Interagir com o outro cara a cara seria algo "inapropriado", uma espécie de invasão de privacidade.
O sistema de pontuação do jogo reflete o interesse da maioria das pessoas. Você ganha pontos por olhar para as coisas que as pessoas têm: celulares, MP3 players e acessórios, mas perde se olhar por tempo suficiente para a pessoa perceber seu olhar. Ou seja, você tem que fingir que não estava olhando. E o que este olhar representa? Talvez o desejo de consumir aqueles produtos, talvez uma depreciação pelo "mal gosto" dos outros. O que o olhar da pessoa representa? Talvez uma reprovação. Talvez uma abertura para o diálogo. De qualquer forma, esta é uma forma de interação que eu chamaria de patológica, onde há desejo de se relacionar com os objetos, mas não com as pessoas. Isto quer dizer que as pessoas são reduzidas aos produtos que elas usam.
O jogo serve como ilustração para uma crítica à frieza e a insensibilidade típicas das sociedades modernas. Não é apenas no metrô de Estocolmo que essa "regra social implícita" se aplica. No ônibus da minha cidade, e em muitas outras situações, as "regras de conduta do metrô" se aplicam também. Essa simulação, mais do que uma metáfora, é uma forma de nos fazer perceber um elemento psicológico das interações sociais no meio urbano. O autor, o mesmo de "You have to burn the rope" está de parabéns por ter conseguido usar a mídia dos jogos de forma tão lúcida.
Fonte:
Arte e jogos: Metro rules of conduct
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