A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
29 de janeiro de 2013
Estudando o Samba
1.Mã - 00:00
2.A Felicidade - 03:57
3.Toc - 07:16
4.Tô - 10:17
5.Vai (Menina Amanhã de Manhã) - 13:07
6.Ui! (Você Inventa) - 15:32
7.Dói - 18:37
8.Mãe (Mãe Solteira) - 22:09
9.Hein? - 25:53
10.Só (Solidão) - 29:39
11.Se - 34:09
12.Índice - 36:40
*Credits
producer: Heraldo do Monte, Odair Corona
engineer: José Antônio "Zé Cafi", Marcos Vinicios
vocals: Tom Zé
arranger: José Briamonte
guitar: Heraldo do Monte, Vicente Barreto
guitar/viola: Edson
percussion: Téo da Cuica (own instruments), Natal, Osvaldinho
drum: Driceu
bass: Cláudio
backing vocals: Eloa, Vera, Sidney, Roberto, Osório, Vilma, Carlos, Celso, Vagner, Puruca
surdo: Branca de Neve
cover art: Walmir Teixeira
25 de janeiro de 2013
Papo de Índio
Veiu uns ômi di saia preta
cheiu di caixinha e pó branco
qui eles falarum e nós fechamu a cara
depois eles arrepitirum e nós fechamu o corpo
aí eles insistirum e nós comemu eles
Chacal
24 de janeiro de 2013
A L D E Y A M A R A C A N Ã - R E [ X ] I S T I R
A L D E Y A M A R A C A N Ã - R E [ X ] I S T I R from Renato Vallone on Vimeo.
** RESISTÊNCIA CULTURAL: JAM Multimídia
Aldeia Maracanã 20 de Janeiro de 2013 RIO DE JANEIRO
VIVA CABOCLO !! VIVA OXOSSI SÃO SEBASTIÃO !!!
* video:
direção fotografia montagem
Renato Vallone
*extra imagem:
pedro sol
Uma fábula de Zahy
ZAHY - a fable from Aldeia Maracanã from felipe bragança on Vimeo.
A sua língua vai soar como um ruído!
A Morte de uma cultura
Bose Yacu morreu pouco depois da visita da BBC à sua tribo, no interior da Amazônia boliviana
Morte de índia extingue idioma de tribo da Amazônia
Por Luciano Filho
Do Terra
Morte de índia extingue idioma e cultura de tribo amazônica
Em uma voz firme e profunda, Bose Yacu entoa os cânticos que ela aprendeu com seu pai na região boliviana da floresta Amazônica, há 50 anos. "Meu pai, Papa Yacu, cantava esse quando ele via trilhas de porco e saía para caçar... já esse outro, quando colhia amêndoas... e esse outro era para mostrar que vínhamos em paz, quando visitávamos alguém", explica Bose, ao fim de cada canção.
Sentada do lado de fora de sua casa feita de madeira, Bose - uma mulher magra com longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo - era a mais velha dos pacahuaras e a única que ainda mantinha algumas das tradições da sua tribo, como usar uma franja e um pequeno pedaço de pau em seu nariz, com uma pena vermelha de cada lado.
Quando eu a visitei em seu vilarejo, em setembro, senti que suas histórias e cânticos escreveriam o último capítulo da história de sua tribo. Bose morreu recentemente, deixando cinco irmãs: as últimas pacahuaras do mundo. A notícia de sua morte não foi manchete em nenhum jornal, mas foi uma imensa perda, já que as pacahuaras não têm para quem transmitir seus conhecimentos.
'Poucos sobreviventes'
Dois séculos atrás, os pacahuaras eram um dos principais grupos indígenas na Amazônia peruana. No final do século 18, os pacahuaras "ocupavam um vasto território", mas "dois séculos depois, dá para contar na mão o número de pacahuaras que restaram", de acordo com o antropólogo francês Philippe Erikson, no prefácio de seu livro The Pacahuaras: The Impossible Reduction (em tradução livre - Os Pacahuaras: a redução impossível).
Os cinco sobreviventes dos pacahuaras vivem nas cercanias de Alto Ivon, um remoto vilarejo no nordeste da Bolívia, para onde eles foram relocados em 1969. Missionários americanos ajudaram a transferi-los, para escapar de problemas que atingiam a tribo.
Era um período em que havia uma febre de produção de borracha em todo o mundo - e isso estava causando graves problemas para as tribos indígenas na Amazônia, alvo da exploração do produto.
Os pacahuaras dizem ter sofrido terrivelmente nas mãos de seringueiros brasileiros. De toda a comunidade, acredita-se que apenas a família de Bose sobreviveu: "Lutamos muito. Meu pai foi atingido na cabeça e jogado no rio, mas ele conseguiu sobreviver e voltou para casa", conta ela.
Como restante da tribo, Bose não sabe sua idade exata, mas lembra que chegou quando era adolescente em Alto Ivon. Era a terra dos chacobos, uma tribo com raízes e língua similares. Hoje, cerca de 500 pessoas falam chacobo, que está na categoria "definitivamente em perigo", segundo a Unesco.
Já a língua pacahuara foi classificada como "em perigo crítico", apenas um estágio antes de "extinto".
Trilha com machetes
Ambas as tribos falam línguas da família linguística Panoan. Os missionários do Instituto Summer de Linguística ajudou os pacahuaras a se mudarem a 200 quilômetros ao sul da Amazônia, para que eles pudessem ser assimilados pelos chacobos.
De acordo com o antropólogo boliviano Wigberto Rivero, "era a única opção para salvá-los, já que, por causa do número reduzido de membros, o crescimento biológico da tribo era impossível".
Os chacobos aceitaram a proposta dos missionários e alguns inclusive ajudaram na transição.
"Nós sabíamos que eles estavam enfrentando muitos problemas. Fizemos trilhas na floresta e espalhamos machetes e machados", conta Alberto Ortiz Alvarez, líder chacobo, que é o presidente o Conselho Indígena da Amazônia boliviana.
Ortiz lembra que quando viram que os objetos haviam sumido, sabia que a tribo estava perto e que em pouco tempo os encontraria.
Uma vez que os pacahuaras chegaram, foram recebidos com uma festa, em que receberam bananas e mandioca. O grupo era liderado pelo pai de Bose, que tinha duas esposas e seis filhos.
'Nossa cultura ainda está viva'
Mais de 40 anos após a migração, com o patriarca e suas esposas mortos, restaram seus seis filhos - sendo que quatro deles se casaram com membros da tribo vizinha e adotaram sua língua e seus costumes.
Maro é o mais novo dos pacahuaras. Ele chegou em Alto Ivon quando ainda era um bebê.
Ele já não fala mais sua língua nativa e diz que seus filhos não vão aprendê-la.
"Falar chacobo é mais direto. Eles não conseguem falar como Bose falava", diz Maro, que é casado com uma mulher chacobo.
De acordo com Rivero, "é um processo de assimilação irreversível" que começou com a língua e, em muitos casos, como o de Maro, se tornou uma assimilação social e cultural.
Cachorro de rua
Bose era a mais velha e a única que se casou com um membro da tribo: Buca, que era cerca de 10 anos mais novo que ela.
"Quando eu era nova, não tinha um marido. Nessa época, meu pai se casou também com a irmã da minha mãe. E meu marido era filho da sua segunda mulher. Então, na verdade, meu marido e eu éramos meio-irmãos", disse Bose.
O casal não quis falar sobre o porquê de não terem filhos. E mesmo sabendo que isso significaria o fim da sua língua, não era algo que parecia preocupá-los.
"Não estou triste. Nossa cultura ainda está viva. Quando a gente morrer, ela vai morrer também", disse Buca, quando o visitei em setembro.
Mas após a morte de sua esposa, ele está vagando na floresta, "sozinho, como um cachorro de rua", contou Pae Dávalos, um chacobo.
A morte de Bose deixou Buca transtornado. E deve também deve ter entristecido o professor de chacobo Here Ortiz Soria, que estava tentando arrecadar fundos para registrar a história e a língua dos pacahuaras.
Soria, cuja filha é casada com a segunda geração pacahuara, queria entrevistar Bose e reunir palavras na língua da tribo para ensinar as gerações mais novas.
Mas a anciã pacahuara morreu antes disso, levando consigo os últimos capítulos da língua e da história da tribo.
Morte de índia extingue idioma de tribo da Amazônia
Por Luciano Filho
Do Terra
Morte de índia extingue idioma e cultura de tribo amazônica
Em uma voz firme e profunda, Bose Yacu entoa os cânticos que ela aprendeu com seu pai na região boliviana da floresta Amazônica, há 50 anos. "Meu pai, Papa Yacu, cantava esse quando ele via trilhas de porco e saía para caçar... já esse outro, quando colhia amêndoas... e esse outro era para mostrar que vínhamos em paz, quando visitávamos alguém", explica Bose, ao fim de cada canção.
Sentada do lado de fora de sua casa feita de madeira, Bose - uma mulher magra com longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo - era a mais velha dos pacahuaras e a única que ainda mantinha algumas das tradições da sua tribo, como usar uma franja e um pequeno pedaço de pau em seu nariz, com uma pena vermelha de cada lado.
Quando eu a visitei em seu vilarejo, em setembro, senti que suas histórias e cânticos escreveriam o último capítulo da história de sua tribo. Bose morreu recentemente, deixando cinco irmãs: as últimas pacahuaras do mundo. A notícia de sua morte não foi manchete em nenhum jornal, mas foi uma imensa perda, já que as pacahuaras não têm para quem transmitir seus conhecimentos.
'Poucos sobreviventes'
Dois séculos atrás, os pacahuaras eram um dos principais grupos indígenas na Amazônia peruana. No final do século 18, os pacahuaras "ocupavam um vasto território", mas "dois séculos depois, dá para contar na mão o número de pacahuaras que restaram", de acordo com o antropólogo francês Philippe Erikson, no prefácio de seu livro The Pacahuaras: The Impossible Reduction (em tradução livre - Os Pacahuaras: a redução impossível).
Os cinco sobreviventes dos pacahuaras vivem nas cercanias de Alto Ivon, um remoto vilarejo no nordeste da Bolívia, para onde eles foram relocados em 1969. Missionários americanos ajudaram a transferi-los, para escapar de problemas que atingiam a tribo.
Era um período em que havia uma febre de produção de borracha em todo o mundo - e isso estava causando graves problemas para as tribos indígenas na Amazônia, alvo da exploração do produto.
Os pacahuaras dizem ter sofrido terrivelmente nas mãos de seringueiros brasileiros. De toda a comunidade, acredita-se que apenas a família de Bose sobreviveu: "Lutamos muito. Meu pai foi atingido na cabeça e jogado no rio, mas ele conseguiu sobreviver e voltou para casa", conta ela.
Como restante da tribo, Bose não sabe sua idade exata, mas lembra que chegou quando era adolescente em Alto Ivon. Era a terra dos chacobos, uma tribo com raízes e língua similares. Hoje, cerca de 500 pessoas falam chacobo, que está na categoria "definitivamente em perigo", segundo a Unesco.
Já a língua pacahuara foi classificada como "em perigo crítico", apenas um estágio antes de "extinto".
Trilha com machetes
Ambas as tribos falam línguas da família linguística Panoan. Os missionários do Instituto Summer de Linguística ajudou os pacahuaras a se mudarem a 200 quilômetros ao sul da Amazônia, para que eles pudessem ser assimilados pelos chacobos.
De acordo com o antropólogo boliviano Wigberto Rivero, "era a única opção para salvá-los, já que, por causa do número reduzido de membros, o crescimento biológico da tribo era impossível".
Os chacobos aceitaram a proposta dos missionários e alguns inclusive ajudaram na transição.
"Nós sabíamos que eles estavam enfrentando muitos problemas. Fizemos trilhas na floresta e espalhamos machetes e machados", conta Alberto Ortiz Alvarez, líder chacobo, que é o presidente o Conselho Indígena da Amazônia boliviana.
Ortiz lembra que quando viram que os objetos haviam sumido, sabia que a tribo estava perto e que em pouco tempo os encontraria.
Uma vez que os pacahuaras chegaram, foram recebidos com uma festa, em que receberam bananas e mandioca. O grupo era liderado pelo pai de Bose, que tinha duas esposas e seis filhos.
'Nossa cultura ainda está viva'
Mais de 40 anos após a migração, com o patriarca e suas esposas mortos, restaram seus seis filhos - sendo que quatro deles se casaram com membros da tribo vizinha e adotaram sua língua e seus costumes.
Maro é o mais novo dos pacahuaras. Ele chegou em Alto Ivon quando ainda era um bebê.
Ele já não fala mais sua língua nativa e diz que seus filhos não vão aprendê-la.
"Falar chacobo é mais direto. Eles não conseguem falar como Bose falava", diz Maro, que é casado com uma mulher chacobo.
De acordo com Rivero, "é um processo de assimilação irreversível" que começou com a língua e, em muitos casos, como o de Maro, se tornou uma assimilação social e cultural.
Cachorro de rua
Bose era a mais velha e a única que se casou com um membro da tribo: Buca, que era cerca de 10 anos mais novo que ela.
"Quando eu era nova, não tinha um marido. Nessa época, meu pai se casou também com a irmã da minha mãe. E meu marido era filho da sua segunda mulher. Então, na verdade, meu marido e eu éramos meio-irmãos", disse Bose.
O casal não quis falar sobre o porquê de não terem filhos. E mesmo sabendo que isso significaria o fim da sua língua, não era algo que parecia preocupá-los.
"Não estou triste. Nossa cultura ainda está viva. Quando a gente morrer, ela vai morrer também", disse Buca, quando o visitei em setembro.
Mas após a morte de sua esposa, ele está vagando na floresta, "sozinho, como um cachorro de rua", contou Pae Dávalos, um chacobo.
A morte de Bose deixou Buca transtornado. E deve também deve ter entristecido o professor de chacobo Here Ortiz Soria, que estava tentando arrecadar fundos para registrar a história e a língua dos pacahuaras.
Soria, cuja filha é casada com a segunda geração pacahuara, queria entrevistar Bose e reunir palavras na língua da tribo para ensinar as gerações mais novas.
Mas a anciã pacahuara morreu antes disso, levando consigo os últimos capítulos da língua e da história da tribo.
23 de janeiro de 2013
22 de janeiro de 2013
se porém fosse portanto
Se trezentos fosse trinta
o fracasso era um portento
se bobeira fosse finta
e o pecado sacramento
se cuíca fosse banjo
água fresca era absinto
se centauro fosse anjo
e atalho labirinto
Se pernil fosse presunto
armadilha era ornamento
se rochedo fosse vento
cabra vivo era defunto
se porém fosse portanto
vinho branco era tinto
se marreco fosse pinto
alegria era quebranto
se projeto fosse planta
simpatia era instrumento
se almoço fosse janta
e descuido fosse tento
se punhado fosse penca
se duzentos fosse vinte
se tulipa fosse avenca
e assistente fosse ouvinte
se pudim fosse polenta
se São Bento fosse santo
dona Benta fosse benta
e o capeta sacrossanto
se a dezena fosse um cento
se cutia fosse anta
se São Bento fosse bento
e dona Benta fosse santa
Cacaso
o fracasso era um portento
se bobeira fosse finta
e o pecado sacramento
se cuíca fosse banjo
água fresca era absinto
se centauro fosse anjo
e atalho labirinto
Se pernil fosse presunto
armadilha era ornamento
se rochedo fosse vento
cabra vivo era defunto
se porém fosse portanto
vinho branco era tinto
se marreco fosse pinto
alegria era quebranto
se projeto fosse planta
simpatia era instrumento
se almoço fosse janta
e descuido fosse tento
se punhado fosse penca
se duzentos fosse vinte
se tulipa fosse avenca
e assistente fosse ouvinte
se pudim fosse polenta
se São Bento fosse santo
dona Benta fosse benta
e o capeta sacrossanto
se a dezena fosse um cento
se cutia fosse anta
se São Bento fosse bento
e dona Benta fosse santa
Cacaso
21 de janeiro de 2013
Rede Jubileu Sul Brasil lança vídeo sobre a campanha ‘A Dívida não Acabou’
Adital
A Rede Jubileu Sul Brasil está disponibilizando do link com o vídeo da Campanha "A Dívida não Acabou” que foi lançado na última Assembleia da Rede Jubileu Sul Brasil que aconteceu no Rio de Janeiro nos dias 8, 9 e 10 de novembro na Casa de Eventos Assunção.
O Jubileu Sul Brasil disponibiliza de outros materiais, como cartaz mural – que faz memória da luta e resistência histórica do povo brasileiro frente às dívidas ilegítimas (dívida social, ambiental, histórica, com as mulheres, com os povos indígenas, financeira) -, como também, a cartilha sobre a Dívida Pública, um folder e uma camiseta. O Jubileu Sul Brasil está à disposição para realizar debates/seminários/cursos/oficinas de formação sobre o tema da Dívida.
Contatos: Rosilene Wansetto (Secretaria operativa da Rede), (+55) 11 3112 1524, (+55) 11 99116 3721, ou Francisco Vladimir (Assessoria de Comunicação da Rede) (+55) 11 9969.7804.
18 de janeiro de 2013
Ciência em tempos de crise
Cacique Cobra Coral rompe parceria com a prefeitura
Governo teria deixado de entregar, nos prazos previstos, relatórios com um balanço dos investimentos em prevenção realizados ano passado na cidade
Publicado: 14/01/13 - 0h08
RIO — Em pleno verão carioca, o sistema de alerta e prevenção a enchentes do Rio perdeu um colaborador incomum. O porta-voz da Fundação Cacique Cobra Coral, Osmar Santos, anunciou no domingo que rompeu o convênio técnico-científico que mantinha com a prefeitura do Rio. O motivo é que a prefeitura deixou de entregar, nos prazos previstos, relatórios com um balanço dos investimentos em prevenção realizados ano passado na cidade. A ONG é comandada pela médium Adelaide Scritori, que afirma ter o poder de controlar o tempo. Desde a administração do ex-prefeito Cesar Maia, Adelaide esteve à disposição para prestar assistência espiritual a fim de tentar reduzir os estragos causados por temporais. Em janeiro de 2009, a prefeitura chegou a anunciar o fim da parceria, mas voltou atrás após uma forte chuva.
— Alguém da burocracia muito atarefado esqueceu da gente. Mas, caso a prefeitura queira continuar a receber nossa consultoria, que é gratuita, estamos à disposição — disse Osmar Santos.
17 de janeiro de 2013
Hong Kong
HONG-KONG
A EDSON E FÁTIMA SECCHES
Paira
sobre as cabeças
uma alta quantia de estrelas
Na terra
olhos vendados
onde se lê grafitado: à venda
Sob
o céu
esticado
— tenda —
o burburinho-mercado
prega
(pregão)
a milhõe$
$
$
$
$
$
de planetas
(nuvens com etiquetas)
à noite
o sol é ouro especulado
Antônio Moura
16 de janeiro de 2013
Copa e Olimpíadas: dossiê denuncia violações de direitos humanos
Retirado do Blog da Raquel Rolnik:
Urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.
http://raquelrolnik.wordpress.com/2012/04/20/copa-e-olimpiadas-dossie-lancado-ontem-no-rio-denuncia-violacoes-de-direitos-humanos/
Copa e Olimpíadas: dossiê lançado ontem no Rio denuncia violações de direitos humanos
20/04/12 por raquelrolnik
Participei ontem, no Rio de Janeiro, do evento de lançamento do dossiê “Megaeventos e violações de direitos humanos no Rio de Janeiro”, organizado por entidades da sociedade civil que integram o Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas. O documento “denuncia o processo de violação do direito à moradia e fala do desrespeito, pelas autoridades, do direito dos cidadãos e cidadãs de terem acesso à informação e a participar nos processos decisórios.” De acordo com o dossiê, 5.325 famílias estão hoje ameaçadas de remoção, em 24 comunidades, sendo que 1.860 já foram removidas.
O documento, de cerca de 90 páginas, fala ainda “da subordinação dos interesses públicos aos interesses de entidades privadas (entre as quais destacam-se o Comitê Olímpico Internacional e grandes corporações), fala do desrespeito sistemático à legislação urbana e aos direitos ambientais, aos direitos trabalhistas e ao direito ao trabalho, fala do desperdício dos recursos públicos, que deveriam estar sendo destinados às prioridades da população. Enfim, fala da violação do direito à cidade.”
Para ler o dossiê completo, clique no link abaixo.
http://comitepopulario.files.wordpress.com/2012/04/dossic3aa-megaeventos-e-violac3a7c3b5es-dos-direitos-humanos-no-rio-de-janeiro.pdf
Remoções forçadas em tempos de novo ciclo econômico
Na última metade do século 20, um intenso processo social de construção de uma cultura de direitos ocorreu no Brasil. A luta pelo direito à cidade – e pelo direito à moradia, um de seus componentes centrais – emergiu como contraposição a um modelo de urbanização excludente, que ao longo de décadas de urbanização acelerada absorveu, em poucas e grandes cidades, grandes contingentes de pessoas pobres, sem jamais integrá-las efetivamente às cidades.
No final dos anos 1970, consolidaram-se as bases de um movimento pela Reforma Urbana, coalizão integrada por moradores de assentamentos informais, periferias e favelas das cidades, mas também por setores das classes médias urbanas que naquele momento também reconstruíam suas organizações sindicais. Essa coalizão constituiu uma base política que conseguiu eleger, ao longo da década de 1980, prefeituras comprometidas com um modelo redistributivista e de ampliação da cidadania que incluía a melhoria de serviços públicos, investimentos em favelas e periferias, e apoio a cooperativas e programas de geração de renda, entre outras formas de enfrentamento da crise econômica e da reestruturação produtiva que atingiam os grandes centros industriais e portuários do país.
Dessa época datam as primeiras experiências municipais relevantes de inserção e reconhecimento das favelas no âmbito do planejamento urbano e da legislação urbanística nas cidades brasileiras, como é caso do Recife e de Belo Horizonte. Essas experiências inovaram não por investir nas favelas – o que já vinha sendo feito de forma pontual em várias cidades do país –, mas por identificar e demarcar essas áreas no zoneamento da cidade como Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS), reconhecendo sua existência e estabelecendo compromissos na direção de sua regularização e incorporação definitiva à cidade.
A introdução de ZEIS nos zoneamentos das cidades, as políticas de regularização e urbanização de favelas, e a promulgação de legislações específicas contendo instrumentos de regularização e de reconhecimento dos direitos de posse de moradores de assentamentos informais se generalizaram no país, principalmente a partir de sua incorporação no Estatuto da Cidade, em 2001. Embora, aparentemente, isso pudesse significar que a partir daí as cidades brasileiras caminhariam nessa direção, a luta cotidiana dos assentamentos informais e ocupações no país para resistir às remoções forçadas e se integrar definitivamente à cidade é bem mais complexa e contraditória.
Hoje as cidades brasileiras vivem um cenário que não pode ser mais definido e compreendido no interior dos paradigmas que marcaram o crescimento urbano dos anos 1960-1980. O novo ciclo econômico por que passa o país, embora carregue a inércia do velho modelo de desenvolvimento urbano patrimonialista e excludente e reproduza práticas políticas presentes no período do “milagre brasileiro”, ocorre sob a égide de uma nova política econômica, sustentada por uma nova coalizão política.
Do ponto de vista do impacto nas cidades, pelo menos dois elementos marcam a constituição de um novo cenário: a integração dos trabalhadores no mercado de consumo (inclusive da mercadoria “casa”) e a inserção da acumulação urbana brasileira nos circuitos financeiros globais.
Do ponto de vista político, os mesmos partidos que, como oposição ao regime militar, lideraram experimentações locais de gestão democrática em governos populares, nas décadas de 1980 e 1990, compõem hoje uma coalizão em âmbito federal, com lideranças que emergiram do movimento sindical, exercendo uma nova hegemonia no establishment político e influenciando enormemente a agenda do desenvolvimento. O modelo de “integração pelo consumo” e crescimento com geração de empregos e melhoria das condições salariais definiu a priorização do uso de recursos públicos para promover grandes projetos de infraestrutura produtiva, com enorme impacto sobre o território do país, sem fortalecer espaços de planejamento e ordenamento territorial nem construir um sistema de gestão do território federativo, que levassem em consideração as fragilidades e potências dos processos locais.
A política habitacional atual é concebida como elemento de dinamização econômica para enfrentar uma possível crise e gerar empregos, sem qualquer articulação com uma política de ordenamento territorial e fundiária que lhe dê suporte, especialmente no que se refere à disponibilização de terra urbanizada para produção de moradia popular.
Por outro lado, grandes projetos em curso – entre operações urbanas e obras de preparação das cidades para a Copa do Mundo e as Olimpíadas – abrem frentes de expansão imobiliária e atração de investimentos, flexibilizando e excepcionalizando normas e leis. Os megaeventos marcam, simbólica e concretamente, a entrada das cidades do país no circuito dos territórios globais.
A liberação de terra bem localizada para empreendimentos e grandes negócios tem levado a um aumento exponencial de remoções forçadas de assentamentos populares, muitos com décadas de existência, e – pasmem! – vários já regularizados e titulados de acordo com os instrumentos legais. As conquistas no campo do direito à posse da terra desses assentamentos são ignoradas e tratadas de maneira ambígua e discricionária. Ou seja, espoliam-se os ativos dos mais pobres, sem reconhecer seus direitos, porque é mais barato. Mas também porque, dessa forma, limpa-se a imagem da cidade a ser vendida nos stands globais: sem assentamentos populares à vista.
Exatamente quando recursos públicos vultosos estão disponíveis para investimentos na urbanização das favelas do país – com o PAC das favelas –, o que se observa é a desconstituição dos processos e fóruns participativos, uma geografia seletiva de favelas a serem urbanizadas e processos massivos de remoção em decorrência da implementação de projetos e obras, muitas vezes com uso da violência. Mais grave ainda é o generalizado não reconhecimento, por parte das autoridades municipais, da regularização fundiária como um “direito” dos moradores, tratando o tema como “questão social” e, portanto, dependente da discricionariedade e, na maior parte dos casos, do não equacionamento desse direito através da implementação de alternativas sustentáveis à remoção.
Não se pode negar a importância do crescimento econômico, da geração de empregos, da valorização do salário, mas, se não houver uma política de enfrentamento da lógica corporativa e patrimonialista de gestão das cidades e um fortalecimento da regulação pública sobre o território, é muito provável que esses ganhos se tornem perdas no futuro. E mais: o caminho da desconstituição de direitos pode ser perigoso; podemos saber hoje onde começa – sobre os mais vulneráveis –, mas é difícil prever onde termina.
Raquel Rolnik (*) Urbanista, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o direito à moradia adequada.
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20790
15 de janeiro de 2013
14 de janeiro de 2013
Globo News AFIRMA que há venda de drogas na Aldeia Maracanã
Busca-se criminalizar o movimento indígena e retirar a legitimidade das famílias que ocuparam o antigo museu do índio. Aqueles que ousam resistir e se opor a lógica do capital, aqueles que tentam sobreviver e seguir com suas vidas são atacados com mentiras, o aparato ideológico busca legitimar o avanço do capital com base na mentira e nos preconceitos. Assim caminha a modernidade
12 de janeiro de 2013
Aldeia Maracanã: Brazil - Living in the city that hosts the World Cup
A palavra Maracanã é de origem indígena, significa uma ave que um dia habitou a região.
11 de janeiro de 2013
Fahrenheit 451
Fahrenheit 451 from Gonzoandtherocks on Vimeo.
Num futuro hipotético, os livros e toda forma de escrita são proibidos por um regime totalitário, sob o argumento de que fazem as pessoas infelizes e improdutivas.
"— O que faz nas horas de folga, Montag?
— Muita coisa... corto a grama...
— E se fosse proibido?
— Ficaria olhando crescer, senhor.
— Você tem futuro."
9 de janeiro de 2013
5 de janeiro de 2013
4 de janeiro de 2013
Hino Carioca
Na noite do dilúvio, tentando alcançar a pé minha casa, eu me senti
bêbado e louco. Caía uma tromba-d'água do céu, e tão espessa que eu mal
conseguia respirar. Minhas pernas venciam a custo a densidade da cheia,
que me passava dos joelhos; mas eu prosseguia com raiva dos elementos
desencandeados, com raiva da cidade passiva ante sua fúria. Caí e me
levantei duas vezes imprecando nomes, desafiando o aguaceiro e sua
mortalha de lama, querendo briga.
Seriam pelas quatro da manhã e eu me sentia menino e ao mesmo tempo o último herói do mundo. Era tudo vazio à minha volta, e eu não suspeitava a catástrofe que, naquele momento mesmo, se abatia sobre centenas de lares pobres nos morros, o pé-d'água varrendo casebres que se desfaziam caindo pelas encostas; gente a pedir socorro em plena queda; corpos esmagados de crianças e adultos a misturar seu sangue ao barro imundo. Eu seguia cheio de cólera e euforia, o olho atento aos remoinhos, aos movimentos suspeitos da água, ao chupo dos bueiros abertos, patinhando violentamente no lençol de chuva. Ao passar diante de uma garagem inundada, um velho crioulo guardador compreendeu minha luta e me animou:
- É para frente que se anda...
Eu sorri para ele e sua carapinha branca:
- Fique em paz, meu irmão.
E pus-me a cantar cantos de guerra. Quando alcancei meu edifício, brandi meu punho para o alto. Não, não vai ser nem o ressentimento dos covardes, que cria as ditaduras, nem a fúria dos elementos, que gera a calamidade, que irão impedir o homem de chegar ao seu destino - ai dele! - mesmo sabendo de antemão perdida a grande e fatal partida em que foi lançado. Porque o destino dos homens é a liberdade: liberdade para amar, para optar e para criar; liberdade pura e integral, com a dramática beleza dos elementos desencadeados a que se sucedem céus azuis cheios de luz. Liberdade para viver e para morrer, sem medo.
Liberdade para cantar seu canto rouco diante da carne translúcida das auroras. Liberdade para desejar, para conquistar o que não lhe é permitido pela estupidez da convenções e pela reserva dos bem-pensantes. Liberdade para ganir sua solidão ante o Infinito. Liberdade para suar sua angústia no Horto da dúvida e do desespero, e subitamente explodir seu riso claro em pleno Cosmos:
- A terra é azul!
Esse é o grande destino do homem: remover os escombros criados pelo ódio e partir de novo, no vento da Liberdade, para a frente e para cima. Que venham os tiranos, que o prendam e torturem, que caiam do céu bolas de fogo - e ele levante-se, roto e ensangüentado, e com a força que lhe dá a Vida parte uma vez mais, em direção à Liberdade.
Vai, favelado, meu pobre irmão dos morros, enterra os teus mortos, remove teus escombros, ergue novos barracos de lama e podridão na perigosa vertente das favelas, recomeça tua vida de música e miséria, e depois toma umas cachaças e cai no samba. Carnaval vem aí, para te fazer esquecer teu destino de lama. Ele é a tua liberdade de três dias, até que recomeces a trabalhar, a roubar, matar, a procriar na lama. Tens mais um ano à tua frente. Aproveita bem desse privilégio, porque ninguém pode prever se até o próximo verão uma nova frente fria vinda da Patagônia não vai encontrar uma grande formação cúmulos-nimbos (ou será que estou dizendo bobagem, senhores meteorologistas?) e a cólera de Deus não vai querer cooperar com a obra de extinção sumária das favelas, tão ao agrado de certos arianos cariocas...
Vinícius de Moraes
Seriam pelas quatro da manhã e eu me sentia menino e ao mesmo tempo o último herói do mundo. Era tudo vazio à minha volta, e eu não suspeitava a catástrofe que, naquele momento mesmo, se abatia sobre centenas de lares pobres nos morros, o pé-d'água varrendo casebres que se desfaziam caindo pelas encostas; gente a pedir socorro em plena queda; corpos esmagados de crianças e adultos a misturar seu sangue ao barro imundo. Eu seguia cheio de cólera e euforia, o olho atento aos remoinhos, aos movimentos suspeitos da água, ao chupo dos bueiros abertos, patinhando violentamente no lençol de chuva. Ao passar diante de uma garagem inundada, um velho crioulo guardador compreendeu minha luta e me animou:
- É para frente que se anda...
Eu sorri para ele e sua carapinha branca:
- Fique em paz, meu irmão.
E pus-me a cantar cantos de guerra. Quando alcancei meu edifício, brandi meu punho para o alto. Não, não vai ser nem o ressentimento dos covardes, que cria as ditaduras, nem a fúria dos elementos, que gera a calamidade, que irão impedir o homem de chegar ao seu destino - ai dele! - mesmo sabendo de antemão perdida a grande e fatal partida em que foi lançado. Porque o destino dos homens é a liberdade: liberdade para amar, para optar e para criar; liberdade pura e integral, com a dramática beleza dos elementos desencadeados a que se sucedem céus azuis cheios de luz. Liberdade para viver e para morrer, sem medo.
Liberdade para cantar seu canto rouco diante da carne translúcida das auroras. Liberdade para desejar, para conquistar o que não lhe é permitido pela estupidez da convenções e pela reserva dos bem-pensantes. Liberdade para ganir sua solidão ante o Infinito. Liberdade para suar sua angústia no Horto da dúvida e do desespero, e subitamente explodir seu riso claro em pleno Cosmos:
- A terra é azul!
Esse é o grande destino do homem: remover os escombros criados pelo ódio e partir de novo, no vento da Liberdade, para a frente e para cima. Que venham os tiranos, que o prendam e torturem, que caiam do céu bolas de fogo - e ele levante-se, roto e ensangüentado, e com a força que lhe dá a Vida parte uma vez mais, em direção à Liberdade.
Vai, favelado, meu pobre irmão dos morros, enterra os teus mortos, remove teus escombros, ergue novos barracos de lama e podridão na perigosa vertente das favelas, recomeça tua vida de música e miséria, e depois toma umas cachaças e cai no samba. Carnaval vem aí, para te fazer esquecer teu destino de lama. Ele é a tua liberdade de três dias, até que recomeces a trabalhar, a roubar, matar, a procriar na lama. Tens mais um ano à tua frente. Aproveita bem desse privilégio, porque ninguém pode prever se até o próximo verão uma nova frente fria vinda da Patagônia não vai encontrar uma grande formação cúmulos-nimbos (ou será que estou dizendo bobagem, senhores meteorologistas?) e a cólera de Deus não vai querer cooperar com a obra de extinção sumária das favelas, tão ao agrado de certos arianos cariocas...
Vinícius de Moraes
...
Pra que esse palavrório?
É pra abrir a boca, abrir a mente, abrir o peito!
... Mas, espera.
É pra abrir ou é pra fechar?
Fechar a boca, escancarada, cheia de dente,
Que quer engolir tudo,
Que sente uma fome que não acaba, mas que não é de comida.
Fechar a mente, que não pára, absorve tudo,
Que quer saber tudo,
Que pensa muito, mas que não pergunta, não reflete, não critica.
Ou fechar o peito, que bate aflito,
Que deseja tudo,
Que quer muito, mas que não entrega nada.
... Ou, quem sabe?
Fechar a mão, que pega o tijolo,
Que quer mudar tudo,
Que levanta, joga, arrebenta.
E abre a vitrine,
Que tá lá,
Que nem uma boca, cheia
De respostas prontas,
De sonhos mentirosos.
3 de janeiro de 2013
para que servem as estrelas
que palavras estas que me falam
as palavras mesmas que me exercem
as palavras mesmas que me calam
as palavras todas que eu sou
as palavras outras que não sou
as palavras estas que me falham
estes nomes todos que ignoram
que poema é este que me cala
não este calar que cala
no silêncio
mas um calar que calha
lá por dentro
que linguagem é esta que me impede
de dizer as coisas que me falam
que linguagem é esta que me impele
a falar de coisas que não vivo
a falar de vidas que não vejo
a queimar o fogo que há por dentro
não o fogo fogo que consome
mas consome algo outro que não vejo
as palavras lavram falhas que me erram
as palavras lavram falas que me lavam
as palavras calam coisas que nomeiam
ao queimar aquilo tudo que há por dentro
os dizeres todos nulos que encerram
esculhambam as certezas todas que não negam
que melhor são os dizeres todos solitários
e os gritos surdos que enxugam
não lastimo estas lágrimas todas que derramo
elas erguem as bandeiras altas que se atrevem
a bailar no vento torto como trovas
entoando o ritmo sagrado do nada
amplo nada que paira sobre as cabeças de todos aqueles que vivem
não
não há a tão edílica verdade
não não há senão
etílica inveracidade
há apenas
a voz
o canto
e o encanto dos dizeres
sente o calor no coração
sente o frio da razão
sente a firmeza do vazio na noite
e por trás das estrelas o que há?
o tempo do universo denso há milhões de anos luz se esfumaçando
sim
e mesmo assim
perante a derrota
gritas
tua voz
tua voz solitária e aos ouvidos dos demais
outros solitários dizeres
tecem esta rede
esta tão perdida rede de dizeres
tortos a se entoarem e se converterem
em som e energia
mais que as estrelas
ou refletindo a luz das estrelas transmutando energia atômica
em poesia
Salvador Passos
as palavras mesmas que me exercem
as palavras mesmas que me calam
as palavras todas que eu sou
as palavras outras que não sou
as palavras estas que me falham
estes nomes todos que ignoram
que poema é este que me cala
não este calar que cala
no silêncio
mas um calar que calha
lá por dentro
que linguagem é esta que me impede
de dizer as coisas que me falam
que linguagem é esta que me impele
a falar de coisas que não vivo
a falar de vidas que não vejo
a queimar o fogo que há por dentro
não o fogo fogo que consome
mas consome algo outro que não vejo
as palavras lavram falhas que me erram
as palavras lavram falas que me lavam
as palavras calam coisas que nomeiam
ao queimar aquilo tudo que há por dentro
os dizeres todos nulos que encerram
esculhambam as certezas todas que não negam
que melhor são os dizeres todos solitários
e os gritos surdos que enxugam
não lastimo estas lágrimas todas que derramo
elas erguem as bandeiras altas que se atrevem
a bailar no vento torto como trovas
entoando o ritmo sagrado do nada
amplo nada que paira sobre as cabeças de todos aqueles que vivem
não
não há a tão edílica verdade
não não há senão
etílica inveracidade
há apenas
a voz
o canto
e o encanto dos dizeres
sente o calor no coração
sente o frio da razão
sente a firmeza do vazio na noite
e por trás das estrelas o que há?
o tempo do universo denso há milhões de anos luz se esfumaçando
sim
e mesmo assim
perante a derrota
gritas
tua voz
tua voz solitária e aos ouvidos dos demais
outros solitários dizeres
tecem esta rede
esta tão perdida rede de dizeres
tortos a se entoarem e se converterem
em som e energia
mais que as estrelas
ou refletindo a luz das estrelas transmutando energia atômica
em poesia
Salvador Passos
Lei da (des)conservação das massas
Fosse Antoine Lavoisier não químico (nem francês)
mas talvez economista ou biólogo (ainda que latino)
não postularia ele a lei da conservação das massas
Fosse Antoine Lavoisier um anarco-utopista-livre
formularia a irrevogável lei da (des)conservação das massas
ao invés do materialista "Na Natureza nada se cria
(assassinando o fértil imaginário dos poetas)
"nada se perde" (como se fosse possível retomar
a tontura e o sabor doce-amargo do primeiro beijo)
"tudo se transforma" (em rasa-ideologia orgástica)
Antoine Lavoisier proclamaria em alto e bom som
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
pois de massas conservadas bastam os reacionários
em suas jacuzzis de formol, racionalizando as leis
que descontroem o livre arbítrio da humanidade
Senhores que cassam o direito à criatividade infantil que
reside em cada um de nós e enjaulam os sonhos na
inconsciência, estejamos acordados ou não, permitidos
apenas em função da inabilidade dos covardes em desenvolver
uma máquina de controle melhor do que a TV e o jornal.
Àqueles que começam a acordar, então, é reservada
a pior das agruras no tráfico pobre (e podre) de venda de
sonhos pelos vanguardistas de plantão, valorando e
repassando no mercado negro a céu aberto de ideologias
fúteis realidades formatadas como sombras em caverna
Tudo se cria, tudo se perde, mas realmente nada, desde
o invento das chaves, verdadeiramente se transforma
Esta é a verdadeira lei da conservação das massas
que mantém a sociedade na sua silenciosa imobilidade
oligárquica, cleptocrática, de infames “direitos civis”
Avante com a lei da (des)conservação das massas
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
paraquedistas missionários pousarão em inconsciências
espontaneamente reunidas em marchas libertinas
de indignados pacifistas munidos de acordeons e trompetes
Sob a égide de infindáveis fins e recomeços cíclicos
nada se criará (exceto exceções à imutabilidade da alma)
nada se perderá (a não ser virgindades de espíritos)
tudo se utopiará (em um frenesi epifânico de corpos
revolucionários devotos da criação e da perdição)
Massas (des)conservadas soltarão fogos sem artifício
Farão banheiros a céu aberto para ler poesia sem relógio
Tomarão os bares, as praças, as ruas, as aguardentes
E não apenas sonharão o mundo anarco-utópico-libertário
Elas raulizarão os seus inícios, os seus fins e os seus meios
mas talvez economista ou biólogo (ainda que latino)
não postularia ele a lei da conservação das massas
Fosse Antoine Lavoisier um anarco-utopista-livre
formularia a irrevogável lei da (des)conservação das massas
ao invés do materialista "Na Natureza nada se cria
(assassinando o fértil imaginário dos poetas)
"nada se perde" (como se fosse possível retomar
a tontura e o sabor doce-amargo do primeiro beijo)
"tudo se transforma" (em rasa-ideologia orgástica)
Antoine Lavoisier proclamaria em alto e bom som
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
pois de massas conservadas bastam os reacionários
em suas jacuzzis de formol, racionalizando as leis
que descontroem o livre arbítrio da humanidade
Senhores que cassam o direito à criatividade infantil que
reside em cada um de nós e enjaulam os sonhos na
inconsciência, estejamos acordados ou não, permitidos
apenas em função da inabilidade dos covardes em desenvolver
uma máquina de controle melhor do que a TV e o jornal.
Àqueles que começam a acordar, então, é reservada
a pior das agruras no tráfico pobre (e podre) de venda de
sonhos pelos vanguardistas de plantão, valorando e
repassando no mercado negro a céu aberto de ideologias
fúteis realidades formatadas como sombras em caverna
Tudo se cria, tudo se perde, mas realmente nada, desde
o invento das chaves, verdadeiramente se transforma
Esta é a verdadeira lei da conservação das massas
que mantém a sociedade na sua silenciosa imobilidade
oligárquica, cleptocrática, de infames “direitos civis”
Avante com a lei da (des)conservação das massas
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
paraquedistas missionários pousarão em inconsciências
espontaneamente reunidas em marchas libertinas
de indignados pacifistas munidos de acordeons e trompetes
Sob a égide de infindáveis fins e recomeços cíclicos
nada se criará (exceto exceções à imutabilidade da alma)
nada se perderá (a não ser virgindades de espíritos)
tudo se utopiará (em um frenesi epifânico de corpos
revolucionários devotos da criação e da perdição)
Massas (des)conservadas soltarão fogos sem artifício
Farão banheiros a céu aberto para ler poesia sem relógio
Tomarão os bares, as praças, as ruas, as aguardentes
E não apenas sonharão o mundo anarco-utópico-libertário
Elas raulizarão os seus inícios, os seus fins e os seus meios
Chamarei teu nome
Chamarei teu nome por outros nomes
Chamarei teu corpo em outros corpos
ócio mortal de todas as madrugadas
longa insônia de todas incertezas
Chamarei de amor o ódio
Chamarei de noite o dia
Chamarei o fim de início
Renascerei tão sábio e torto que já estarei morto
Amarei tanto e tudo que gritarei de ódio
Lutarei tão intensamente que beijarei o inimigo
Chamarei aqueles que vagaram pelo ritmo da noite
Chamarei quem fala na secreta língua dos poetas
Chamarei a morte por teu nome
Raimundo Beato
Chamarei teu corpo em outros corpos
ócio mortal de todas as madrugadas
longa insônia de todas incertezas
Chamarei de amor o ódio
Chamarei de noite o dia
Chamarei o fim de início
Renascerei tão sábio e torto que já estarei morto
Amarei tanto e tudo que gritarei de ódio
Lutarei tão intensamente que beijarei o inimigo
Chamarei aqueles que vagaram pelo ritmo da noite
Chamarei quem fala na secreta língua dos poetas
Chamarei a morte por teu nome
Raimundo Beato
2 de janeiro de 2013
(Des)Filosofia
É como se nunca tivesse fim
esse recomeço dos começos
dos novos fins que não param de
se reinventar em nossas realidades
físicas, etéricas, astrais, egocêntricas
Proponha-se então a filosofia da (des)
liberdade de transfigurar o permanente
colorir de amarelo a metodologia
amargar a pregação do amor
descronometrar a amizade
Como se importante fosse que
permaneçamos na reinvenção da vida
desinformando-se dos recomeços
dos inícios sem fim dos ciclos
Onde apenas andamos, andamos
Agora é tempo de nos desviarmos
raulizar o surreal que nos transborda
soerguer-se em silêncio nas calçadas
na noite(dia) dos insurgentes mascarados
gritando pelas mãos: anarco-utopismo-livre!
¿Escucharon?
esse recomeço dos começos
dos novos fins que não param de
se reinventar em nossas realidades
físicas, etéricas, astrais, egocêntricas
Proponha-se então a filosofia da (des)
liberdade de transfigurar o permanente
colorir de amarelo a metodologia
amargar a pregação do amor
descronometrar a amizade
Como se importante fosse que
permaneçamos na reinvenção da vida
desinformando-se dos recomeços
dos inícios sem fim dos ciclos
Onde apenas andamos, andamos
Agora é tempo de nos desviarmos
raulizar o surreal que nos transborda
soerguer-se em silêncio nas calçadas
na noite(dia) dos insurgentes mascarados
gritando pelas mãos: anarco-utopismo-livre!
¿Escucharon?
COMUNICADO DEL COMITÉ CLANDESTINO REVOLUCIONARIO INDÍGENA-COMANDANCIA GENERAL DEL EJÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERACIÓN NACIONAL del 21 de diciembre del 2012.
COMUNICADO DEL COMITÉ CLANDESTINO REVOLUCIONARIO INDÍGENA-
COMANDANCIA GENERAL DEL EJÉRCITO ZAPATISTA DE LIBERACIÓN NACIONAL.
MÉXICO.
21 DE DICIEMBRE DEL 2012
A QUIÉN CORRESPONDA:
¿ESCUCHARON?
Es el sonido de su mundo derrumbándose.
Es el del nuestro resurgiendo.
El día que fue el día, era noche.
Y noche será el día que será el día.
¡DEMOCRACIA!
¡LIBERTAD!
¡JUSTICIA!
Desde las montañas del Sureste Mexicano.
Por el Comité Clandestino Revolucionario Indígena-Comandancia General del
EZLN
Subcomandante Insurgente Marcos.
México, Diciembre del 2012.
EZLN breaks silence
Sat, 12/22/2012 - 15:34 | Anonymous
Although plenty of anarchists have their reservations when it comes to the Zapatistas, few can argue that their position has been an important in influential one when it comes to antiauthoritarian, anticapitalist politics. Their general command has remained silent for quite some time, but Dec 21st marked an end to that. Their message is brief, making use of Mayan poetic style and indicates a note of optimism. On the same day 6-10,000 Zapatistas marched silently through 6 Chiapas cities and towns; those which they had taken by force of arms in 1994.
retirado de http://anarchistnews.org/tags/ezln
¿Escucharon? Es el sonido de su mundo derrumbándose
En una acción masiva, disciplinada y simultánea, no vista desde los días del alzamiento insurgente de 1994, decenas de miles de zapatistas ocuparon pacíficamente y en estruendoso silencio cinco ciudades chiapanecas. Horas más tarde, dieron a conocer un breve comunicado.
DESINFORMÉMONOS
FOTOS: MOYSÉS ZÚÑIGA
Chiapas, México. Decenas de miles de bases de apoyo del Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN) ocuparon en emblemático silencio las calles de cinco municipios chiapanecos, en la primera manifestación pública que los zapatistas hacen desde el 7 de mayo de 2011, cuando se unieron a la convocatoria del Movimiento por la Paz con Justicia y Dignidad. Esta acción simultánea y masiva, la más grande de toda su historia, estuvo precedida por el anuncio de que la organización indígena daríasu palabra, que se conoció unas horas después de la movilización.
“A quien corresponda. ¿Escucharon? Es el sonido de su mundo derrumbándose. Es el del nuestro resurgiendo. El día que fue el día, era noche. Y noche será el día que será el día”, fue el mensaje signado por el subcomandante Marcos y difundido horas después, a través de la página Enlace Zapatista.
En cada una de las ciudades ocupadas (Ocosingo, Las Margaritas, Palenque, Altamirano y San Cristóbal), los tzeltales, tzotziles, ch’oles, tojolabales, zoques, mames y mestizos marcharon con sus tradicionales paliacates y pasamontañas, en filas y en estricto silencio. Hombres y mujeres, jóvenes en su mayoría, pasaron sobre un templete en cada ciudad y levantaron el puño. Ésa fue la expresión más simbólica de toda la movilización.
Fuerza, disciplina, extraordinario orden, dignidad, entereza, cohesión. No es poco. Son 19 años en los que infinidad de veces los han dado por muertos, por divididos y aislados. Una y otra vez salen a decir “aquí estamos”. Hoy, con 40 mil zapatistas en las calles, nuevamente silenciaron de tajo rumores e infundios.
En San Cristóbal de las Casas, ciudad donde tradicionalmente se hacen las manifestaciones del EZLN fuera de su territorio, más de 20 mil hombres y mujeres zapatistas procedentes del caracol de Oventik, donde se concentraron desde un día antes,desfilaron bajo una lluvia que comenzó desde la madrugada. La marcha de 28 destacamentos (de acuerdos a la numeración que llevaban los grupos en sus pasamontañas) inició en las afueras de la ciudad, alrededor de las ocho y media de la mañana, y para las 12 del día la retaguardia estaba muy lejos del centro todavía. La plaza fue demasiado chica para recibirlos.
Habitantes y turistas lanzaron gritos de apoyo y cantaron el himno zapatista en algunos tramos. Los negocios, como de costumbre, bajaron sus cortinas, pues nuevamente los indios los sorprendieron. El templete se ubicó al frente de la catedral, mientras que los ordenados bloques de zapatistas se ubicaron alrededor del primer cuadro de la ciudad.
En Palenque, antigua ciudad ch’ol y uno de los centros turísticos más importantes del estado, los indígenas zapatistas entraron por la avenida principal de la población y realizaron el gesto del puño en alto sobre el templete colocado en el centro de la ciudad, enfrente de la iglesia. Posteriormente, salieron por la calle Chiapas para regresar a sus comunidades.
En Las Margaritas, los zapatistas repitieron la dinámica con 7 mil bases de apoyo, mientras que en Ocosingo -población también tomada por los insurgentes el 1 de enero de 1994, donde tuvo lugar la masacre de civiles por parte del ejército federal en los primeros días de la guerra, más de 6 mil bases de apoyo desarrollaron la acción desde las seis de la mañana; trascendió que cerca de 8 mil zapatistas más se quedaron en el caracol de La Garrucha al no ser suficiente el transporte para la ciudad. No se habían concentrado tantos zapatistas en esta localidad desde los cruentos combates del alzamiento indígena.
Los símbolos son muchos, pues eligieron el último día del ciclo maya, el que para muchos tendría que ser “el fin del mundo” y para otros el inicio de una nueva era, el cambio de piel, la renovación. Durante estos 19 años el recorrido de la lucha zapatista ha estado lleno de simbolismos y profecías, y esta ocasión no tendría que ser la excepción.
Desde el anuncio de que próximamente la comandancia general del Ejército Zapatista de Liberación Nacional (EZLN) daría a conocer su palabra, la expectativa por el contenido de su mensaje ha ido creciendo. Este viernes, sin embargo, lo que se escucharon fueron sus pasos, su caminar silencioso recorriendo cinco plazas, su andar digno y rebelde por las calles y su puño en alto.
La última vez que habló el subcomandante Marcos, jefe militar y vocero zapatista, fue en el intercambio epistolar con el filósofo Luis Villoro, el 7 de diciembre del 2011. Y la iniciativa política más reciente fue el festival de la Digna Rabia, al que convocaron a luchas y movimientos de México y del mundo, en diciembre del 2008.
Este viernes no se presentaron los miembros del Comité Clandestino Revolucionario Indígena, como lo hizo su plana mayor en mayo del 2011. Fue la última vez que se les vio a Tacho, Zebedeo, Esther, Hortencia, David y al resto de la comandancia general, con excepción del subcomandante Marcos, quien se ha mantenido alejado de la escena pública.
Article printed from Desinformémonos: http://desinformemonos.org
Assinar:
Postagens (Atom)