Fosse Antoine Lavoisier não químico (nem francês)
mas talvez economista ou biólogo (ainda que latino)
não postularia ele a lei da conservação das massas
Fosse Antoine Lavoisier um anarco-utopista-livre
formularia a irrevogável lei da (des)conservação das massas
ao invés do materialista "Na Natureza nada se cria
(assassinando o fértil imaginário dos poetas)
"nada se perde" (como se fosse possível retomar
a tontura e o sabor doce-amargo do primeiro beijo)
"tudo se transforma" (em rasa-ideologia orgástica)
Antoine Lavoisier proclamaria em alto e bom som
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
pois de massas conservadas bastam os reacionários
em suas jacuzzis de formol, racionalizando as leis
que descontroem o livre arbítrio da humanidade
Senhores que cassam o direito à criatividade infantil que
reside em cada um de nós e enjaulam os sonhos na
inconsciência, estejamos acordados ou não, permitidos
apenas em função da inabilidade dos covardes em desenvolver
uma máquina de controle melhor do que a TV e o jornal.
Àqueles que começam a acordar, então, é reservada
a pior das agruras no tráfico pobre (e podre) de venda de
sonhos pelos vanguardistas de plantão, valorando e
repassando no mercado negro a céu aberto de ideologias
fúteis realidades formatadas como sombras em caverna
Tudo se cria, tudo se perde, mas realmente nada, desde
o invento das chaves, verdadeiramente se transforma
Esta é a verdadeira lei da conservação das massas
que mantém a sociedade na sua silenciosa imobilidade
oligárquica, cleptocrática, de infames “direitos civis”
Avante com a lei da (des)conservação das massas
“Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se utopia”
paraquedistas missionários pousarão em inconsciências
espontaneamente reunidas em marchas libertinas
de indignados pacifistas munidos de acordeons e trompetes
Sob a égide de infindáveis fins e recomeços cíclicos
nada se criará (exceto exceções à imutabilidade da alma)
nada se perderá (a não ser virgindades de espíritos)
tudo se utopiará (em um frenesi epifânico de corpos
revolucionários devotos da criação e da perdição)
Massas (des)conservadas soltarão fogos sem artifício
Farão banheiros a céu aberto para ler poesia sem relógio
Tomarão os bares, as praças, as ruas, as aguardentes
E não apenas sonharão o mundo anarco-utópico-libertário
Elas raulizarão os seus inícios, os seus fins e os seus meios
A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
Tive um orgasmo existêncialista...
ResponderExcluirCaralho, mandou bem!