Sobre os presos no Rio: o cansaço não é uma opção!
NOVEMBRO 18TH, 2013
Não estamos todos aqui, faltam os presos. Essa é a sensação de nós que não esquecemos de Baiano e de Rafael. Eles têm sido uma das formas do Estado se vingar da nossa ousadia. Eles não aceitariam tão facilmente tanto distúrbio e agora querem nos fazer temer para que durmam em paz. Porém não esquecemos dos presos e enquanto estiverem lá, estaremos aqui lutando contra as opressões e pela libertação de todos. Eles apostam no nosso cansaço e no nosso esquecimento, mas todos sabem que quem recebe a tapa nunca esquece.
Rafael Vieira foi preso no dia 20 de junho por portar produtos de limpeza.
Saía da sua casa, uma loja abandonada, no centro do Rio de Janeiro quando
se deparou com a maior manifestação política na história recente do país.
Agora está encarcerado no complexo presidiário de Japeri. Obviamente o
fato de ser negro e morador de rua explicam o motivo de ainda estar
encarcerado. Um frasco de desinfetante e outro de água sanitária de
plástico não podem ser usados como Coquetel Molotov como é alegado pela
justiça. Mas ainda assim não há previsão para o seu julgamento. Mais do
que um nome ele é a realidade do que o Estado faz com negros e pobres.
Já Baiano, Jair Seixas Rodrigues, foi preso no dia 15 de outubro nos
protestos no Rio de Janeiro, foi acusado de ser parte do Black Bloc. Esse
nome virou uma grande ficção midiática criada para criminalizar qualquer
um que estiver nas ruas. Não existem provas que o conectem a nenhum grupo
de confronto de rua, mas isso não importa mais no Brasil. Agora ele se
encontra no presídio Bangu 9 e está recebendo mais apoio que Rafael por
conta da sua militância. O seu julgamento está marcado para terça-feira
(19/11) e aguardamos ansiosos para ver o resultado.
Dois integrantes do movimento “Ocupa Câmera” fazem greve de fome pela
libertação dos presos desde o dia 7 de novembro. Afirmam que só pararão no
dia que a demanda for acatada. Alguns outros coletivos se mobilizam pelos
presos e aqui nos juntamos a esse esforço. Acreditamos ser esse um momento
oportuno para pensarmos seriamente por aqui que não existem “presos
políticos”, pois todos são presos políticos por ousarem desafiar as leis
do capital. Os contatos dos manifestantes que foram encarcerados com os
outros presos nos relembraram para o fato de que esses campos de
concentração chamados de presídios são lugares onde podem ser construídas
cumplicidades contra as opressões do cotidiano. Por isso clamamos pela
libertação imediata de todos os presos (sem adjetivos).
A liberdade é o crime que contem todos os crimes!
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