A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

5 de abril de 2016

SUBVERSÃO- Chacal

‪#‎nãovaitergolpe‬

por um estado social democrata de direito
contra um (iminente) estado neoliberal de direita

SUBVERSÃO

eu, anarquista convicto, que nunca acreditei em hierarquia, que cresci sob uma ditadura militar, hoje me bato pelo re-erguimento do ESTADO como única forma de conter o vale tudo neoliberal.
aos que elogiam a mobilidade e a liberdade de opinião vindas do livre mercado, reclamando apenas – os mais sensíveis – da falta de educação e da violência reinante, digo que esses sintomas são a natureza desse sistema.
não há respeito ao contrato social nas desregulamentações dos direitos adquiridos por trabalhadores e aposentados.
não há respeito ao patrimônio público nas privatizações, fundamento desse sistema, que transforma o público em privado.
não há respeito pelo corpo humano intoxicado pela indústria de alimentos associada à assassina e lucrativa medicina alopática.
não há respeito pelo meio ambiente onde o agronegócio impera sob o lema “desmatar e poluir”.
não há respeito por povos indígenas que pensam de forma diferente. por outras culturas que sofrem com invasões genocidas de interesse estritamente comercial.
não há respeito pelo público quando a mídia distorce notícias em favor dessa política selvagem e quando questionada, brada aos berros pela liberdade de expressão quando o que falta é igualdade de expressão.
enfim a falta de respeito e educação é inerente a esse sistema que propõe um estado mínimo, repressor, policial, que proteja os interesses financeiros, o direito ao saque de uma mínima minoria.
por um ESTADO que não mais confunda o público com o privado, que lute contra a imensa corrupção dentro dos três poderes, comandada por acólitos desse pensamento tão entranhado de que “dinheiro público não tem dono. é de quem pegar”
por um ESTADO que diga presente que, democrática e estruturadamente, possa se opor à truculência do mercado
por um ESTADO que priorize a educação em todos os níveis contra a falta de respeito e a barbárie neoliberal.
chacal
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foto: ana schlimovich




Ricardo Chacal


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