cheio de compromissos com o abstrato
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos
só os dias, poeta, e as noites, te conhecem
Segue por esta, por aquela rua
prisionero de la corbata y del autobús
engenheiro de troços e destroços
a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos
eres un condenado a lo cotidiano
Ao longo da muralha que habitamos
Ainda era Rio de Janeiro, Botafogo
Maios, janeiros, setembros e os outros meses
no fundo escuro da língua
Trabalha - numa música secreta, inaudível
por não termos connosco cordas de violinos
espaços cheios de gente de costas
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
Fechada à chave a humanidade janta
''Adeus
ao aqui, ou seja onde for. Recrutas de boa vontade, nossa filosofia
será feroz; ignorantes da ciência, pervertidos pelo conforto; que se
arrebente o mundo que lá está. É a verdadeira marcha. Em frente,
vamos!''
a cada menino um jacaré
para que as escolas cheirem a medo
Estas são palavras que eu não
deveria dizer
Todo es moneda falsa: quema todos los poetas
cultiva la rosa, no la hagas de papel
Salvador Passos
Boletim de ocorrência: Inventário dos versos subtraídos:
cheio de compromissos com o abstrato. (Cortázar)
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos. (António José Forte)
só os dias, poeta, e as noites, te conhecem (Gerardo Mello Mourão)
Segue por esta, por aquela rua (António José Forte)
prisionero de la corbata y del autobús. (Fernando Ferreira de Loada)
engenheiro de troços e destroços (Gerardo Mello Mourão)
a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.(António José Forte)
eres un condenado a lo cotidiano, (Fernando Ferreira de Loada)
Ao longo da muralha que habitamos (Mário Cesariny)
Ainda era Rio de Janeiro, Botafogo (Stela do Patrocínio)
Maios, janeiros, setembros e os outros meses (Gerardo Mello Mourão)
no fundo escuro da língua (Ana Martins Marques)
Trabalha - numa música secreta, inaudível. (António José Forte)
por não termos connosco cordas de violinos (Mário Cesariny)
espaços cheios de gente de costas (Mário Cesariny)
e escadas e ponteiros e crianças sentadas (Mário Cesariny)
Fechada à chave a humanidade janta.(António José Forte)
''Adeus ao aqui, ou seja onde for. Recrutas de boa vontade, nossa filosofia será feroz; ignorantes da ciência, pervertidos pelo conforto; que se arrebente o mundo que lá está. É a verdadeira marcha. Em frente, vamos!'' (Rimbaud)
a cada menino um jacaré
para que as escolas cheirem a medo (Cortázar)
Estas são palavras que eu não
deveria dizer (Ana Martins Marques)
Todo es moneda falsa: quema todos los poetas. (Fernando Ferreira de Loada)
cultiva la rosa, no la hagas de papel.(Fernando Ferreira de Loada)
A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
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