ou jorrar relâmpagos de sódio
quando o verás como um vagão de gado
semelhante a um amontoado de polícias na neve
que queria comê-los
ou quando o chamarás como um fantasma
que te pela ovos duros como a Lista Telefônica
tão magra hoje em dia que parece um guarda-pó
que perdeu seus óculos como um mar que vê afundar
sua ilha
O amanhã não é um ramo de azevinho numa cápsula
de obus
O amanhã não é um almoço a preço fixo como um
gafanhoto
nem um sorriso de zeladora que inveja a sorte dos
arengues no seu caixote
nem um desfile de escoteiros conduzidos por uma
bênção numa cueca
nem a erva que brota entre as pedras do calçamento
envergonhadas de não estarem penduradas
no pescoço de um afogado
mas se quiseres o amanhã é brilho entre os trilhos
dos bondes
a noite
enquanto as manadas de escaravelhos vermelhos com
olhos de siamês
murmuram a meus ouvidos como um pato exausto
Rosa foge Rosa foge
O amanhã jorrará do deserto como um oásis flutuante
onde as pedras gritam aos berros
Eu te vi bandeira de carvão com estrelas azuis
Benjamin Péret
![](https://3.bp.blogspot.com/-aujq-zto5-0/U43edu09RiI/AAAAAAAAAbo/OvQANWzB74k/s1600/Masson_automatic_drawing.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário