Os policiais retribuíam de vez em quando com gás lacrimogênio e tiros mas eram milhares de pessoas na Antônio Carlos.
Houve uso de armas com munição letal e aparentemente dois manifestantes deram entrada em hospital com ferimento a bala letal.
Mas, a rigor, não havia o que a polícia fazer a não ser conter a entrada dos manifestantes na Alerj. O grupo de confronto direto era relativamente pequeno, algumas centenas talvez, mas milhares permaneciam à volta.
Dali pra frente a coisa só degringolou; dois carros queimados, ruas com lixos pegando fogo, vidraças quebradas, um grupo pequeno conseguiu invadir a Alerj, pessoas feridas com armas de fogo (não borracha). Apesar disso, mesmo a 100 m da escadaria o clima não era exatamente de caos ou pânico. Vez por outra tinha uma correria por conta de uma bomba de efeito moral, mas as pessoas circulavam livremente. O confronto direto era focado na porta da frente e na lateral do prédio, e depois incluiu a porta de trás da Alerj. A polícia esperou o número de manifestantes diminuir até por volta de 23:30, quando o batalhão de choque dispersou os remanescentes da frente da Alerj.
Conclusão: dessa vez os manifestantes (um grupo menor) começou o confronto. Era visível a quem acompanhava quem eram as pessoas. A polícia pouco revidou. Milhares se mantiveram no entorno por muito tempo, pacificamente. Por outro lado, nada aconteceu (em termos de violência) até a polícia se colocar no caminho da manifestação. Era óbvio o que iria acontecer se os policiais se mantivessem naquela posição. A saída estratégica de uma parte dos policiais, permanecendo apenas um contingente menor num cordão de isolamento da escadaria, me pareceu orquestrada. Não fazia sentido do ponto de vista de segurança do espaço público, nem do ponto de vista de mitigação de conflito, aquele pequeno contingente permanecer ali. Já estou no terreno da conjectura, mas como conjectura não faz mal a ninguém, parece que a tenda realmente está sendo armada para a lei anti-terrorismo. Afinal de contas, a Copa das Confederações é o evento teste para Copa do Mundo e Olimpíadas, inclusive para esquemas de segurança.
É possível que a sociedade do espetáculo esteja deixando o conforto da poltrona, mas esteja apenas mudando de mídia. Que esteja se tornando teatro a céu aberto. Aguardemos as cenas do próximo ato.
Fim de ato.
Exit stage left.
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