A Caverna
Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes
Jean Louis Battre, 2010
Jean Louis Battre, 2010
24 de março de 2014
Astronautas daqui
SE TUDO DER ERRADO
para Nelson Meireles
se tudo der errado
nós ganhamos por w.o.
se tudo der errado
os helicópteros ocuparão
o lugar dos anjos
no nosso imaginário
se tudo der errado
ainda teremos
alguém no meio do caos
comemorando o aniversário
se tudo der errado
eu prefiro ser errante
do que solitário
se tudo der errado
que tenhamos a coragem
de admitir
como último apelo
que o mundo é lindo
e nossos fantasmas
estão vindo do espelho
Marcelo Yuka
ATRÁS DELE
na noite forjada por apagões
um motoboy atravessa a cidade sem gps
portando imagens de grosso calibre
no seu hd de bolso e de preço popular
imagens que acusam o juiz
atrás dele
portas arrancadas com chutes
um programa x9 usando máscara
escaners de retina
mensagens de ajuda
numa rede social obscura
e o tempo tentando pegá-lo
antes da próxima esquina
antes da polícia mudar de dono
e tudo virar ao contrário
os dados queimando em nossas mãos
passam no ar como fumaça
silenciosa e urgente
com a descarga de quem foge
porque adora estar aqui
fazendo história atrás de si
Marcelo Yuka
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