A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

1 de maio de 2012

Carta aberta às associações e organizações não governamentais sobre a “Loja Social”, a CMP e o Es.Col.A da Fontinha


Carta aberta às associações e organizações não governamentais sobre a “Loja Social”, a CMP e o Es.Col.A da Fontinha

Car@s amig@s

Como sabem, desde há um ano que um coletivo de pessoas dinamiza um projeto num antiga escola abandonada pela autarquia, no bairro da Fontinha, no centro da cidade do Porto. Restituindo à população esse espaço e proporcionando um conjunto de atividades culturais, sociais e educativas, o Es.Col.A – espaço coletivo autogestionado do Alto da Fontinha – tem tido um amplo apoio popular não apenas dos vizinhos do bairro mas do conjunto da cidade. Apesar disso, o executivo da Câmara Municipal tem rejeitado que aquele espaço possa ser utilizado para este fim, recorrendo à polícia para despejar o projeto.

Uma vez que a Câmara Municipal não tem, de momento, nenhum projeto para aquela escola, o que torna todas as ações de despejo ainda mais injustas e absurdas aos olhos da população (mostrando que a Câmara prefere um espaço emparedado e vandalizado a um espaço cuidado e em utilização social), o Executivo está neste momento a tentar fabricar um projeto que possa servir como legitimação da decisão política de destruir o Es.Col.A.

Assim, e sabendo o Es.Col.A que a CMP tem contactado várias associações para integrarem uma “Loja Social” num espaço camarário a nascer na mesma zona onde se situa o nosso projeto, vimos através desta carta apelar à vossa solidariedade e civismo neste momento decisivo. O que vos pedimos é simples: que em qualquer contacto com a Câmara tornem explícito que só aceitam integrar esse projeto no caso de ele não ter lugar na Es.Col.A da Fontinha, pois isso seria uma forma do executivo instrumentalizar politicamente a vossa associação e o seu trabalho, utilizando-vos como armas de arremesso na tentativa de destruição de um projeto que já aqui existe e que tem apoio popular no bairro e na cidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário