A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

30 de julho de 2012

Poema sobre poema

Como é linda a mente criativa
a deslumbrar-se com uma simples poesia
donde das linhas forma-se a imagem
na qual as maiores maravilhas jazem

Tomás Mais

25 de julho de 2012

DESEJAR SER

Sei que fazer o inconexo aclara as loucuras. Sou formado em desencontros.
A sensatez me absurda.
Os delírios verbais me terapeutam.
Posso dar alegria ao esgoto (palavra aceita tudo).
(E sei de Baudelaire que passou muitos meses tenso porque não encontrava um título para os seus poemas.
 Um título que harmonizasse os seus conflitos. Até que apareceu Flores do mal. A beleza e a dor.
Essa antítese o acalmou.)
As antíteses congraçam.

Manoel de Barros


Bob Marley (HQ)


Boa parte da história do ídolo jamaicano que se tornou um ícone mundial do reggae pode ser conferida, agora, na biografia em quadrinhos recém-lançada no Brasil “Bob Marley - o guerreiro rasta” (Vergara & Riba Editoras, cor, 64 pgs), dos argentinos Diego Agrimbau e Dante Ginevra.

24 de julho de 2012

Are UK Police Cracking Down on Graffiti Artists Ahead of Olympics?

http://hyperallergic.com/54490/are-uk-police-cracking-down-on-graffiti-artists-ahead-of-olympics/

by Hrag Vartanian on July 18, 2012

Some London graffiti critical of the 2012 Olympics that was painted in 2008. (via flickr.com/nicohogg)
The British blogs and media are buzzing with reports that UK police are visiting the homes of graffiti writers in what appears to be an attempt to scare artists from leaving their mark during the city’s Olympic spotlight. Four alleged graffiti artists have been arrested and they have been placed on bail conditions that would prohibit them from creating any graffiti (even sanctioned work) affiliated with the Olympics, traveling within a mile of any Olympic venue, associate with any individual also on bail or using any train, subway or other rail service for leisure purposes.
The story broke when The London Vandal received phone calls from individuals they identify as ex-graffiti writers whose homes were raided by police. The blog explains the context for the arrests [emphasis theirs]:
Some of the people who were arrested had stopped painting graffiti without prior permission over a decade ago, and now paint commissioned artwork for corporate clients, while others haven’t touched a spray can at all in many years. For both types of ex-graffiti enthusiast, a knock on the door from the British Transport Police was the last thing they were expecting.
After being taken into custody, the artists were questioned about petty vandalism matters from the 1990s, according to London Vandal. Since then, and through the reporting of The New Statesman, more facts of the arrests have emerged and some of the statements on The London Vandal, which initially reported 30 artists were arrested, have been proven false. The London Vandal has since corrected their post.
More anti-Olympics graffiti in London, 2010 (via flickr.com/strangefrontier)
The New Statesmen explain that the bail conditions are not usual for the UK, though they do sound severe by North American standards. The publication goes on to point out that the Olympic-related condition is unusual.The London Police wrote in their statement to The New Statesman:
The men were taken to a police custody suite in Victoria for further questioning before being released on bail until November, with the following bail conditions:
  • Not to enter any railway system, including Tubes and trams, or be in any train, tram or Tube station or in or on any other railway property not open to the public unless to attend a written appointment with a solicitor, to attend court, for a legitimate business or educational purpose; one direct journey each way
  • Not to be in possession of any spray paint, marker pens, any grout pen, etching equipment, or unset paint
  • Not to associate or communicate with the other persons arrested and on bail for this investigation
  • Not to be at or within one mile of any Olympic venue in London or elsewhere in England
There are many issues in the arrests that should raise the eyebrows of those concerned with freedom of expression. The Guardian spoke to one of the arrested artists, Darren Cullen, 38, who has been running a legitimate business that provides ”spraycan artwork and branding to major international companies” including Adidas, Microsoft and the Royal Shakespeare Company. The newspaper asked Cullen about his arrest:
… he said, he was asked about a website he had set up two years ago on behalf of a client, frontline-magazine.co.uk. The website was “all about the history of graffiti”, Cullen said, but did not promote it. “I don’t condone or promote illegal graffiti,” he said. “I always say to young people: ‘Don’t do it. It’s no good for you.’”
Some anti-Olympic graffiti in London, 2009 (via flickr.com/blahflowers)

Critics of the UK police are saying this is only the latest attempt by the authorities to clean up its image for the Olympics. Surprisingly the UK authorities seem oblivious to the fact that the global UK brand is nowadays strongly affiliated with graffiti and street art.
This isn’t the first time street art and the Olympics have caused headlines and media attention. It’s worth nothing that James Powderly of Graffiti Research Lab (GRL) was arrested for planning to project “laser graffiti” during the 2008 Olympics in Beijing.
In 2010, the city of Vancouver was hosting the Winter Games and the Canadian city worked hard to ensure that anti-Olympic graffiti and street art was promptly removed.
This year in London, Street art watchers are eagerly waiting for Banksy to react to the Olympic situation. Last May, the mysterious street artist created a work critical of the Queen Elizabeth II’s Diamond Jubilee but no signs yet of an Olympic work.

23 de julho de 2012

Quanto as funções da poesia

Quanto as funções da poesia...Creio que a principal é a de promover o arejamento das palavras, inventando para ela novos relacionamentos, para que os idiomas não morram a morte por fórmulas, por lugares comuns. Os governos mais sábios deveriam contratar os poetas para esse trabalho de restituir a virgindade a certas palavras ou expressões, que estão morrendo cariadas, corroídas pelo uso em clichês. Só os poetas podem salvar o idioma da esclerose. Além disso a poesia tem a função de pregar a prática da infância entre os homens. A prática do desnecessário e da cambalhota, desenvolvendo em cada um de nós o senso do lúdico. Se a poesia desaparecesse do mundo, todos os homens se transformariam em máquinas, monstros, robôs.

Manoel de Barros

19 de julho de 2012

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o
cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora
de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
do amante exemplar com cem modelos de cartas
e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Manuel Bandeira

Copacabana

E nas ruas grizes
Deste bairro além
Um aquém de tudo
Em copacabana
Uma doce vida
Na cabana doida
Da vovó mais linda
Ai que belo dia
Da infancia tarde
Da verdade torta
Que agora aos trinta
eu só vejo longe
E a vida pronta segue sua sina
De seguir sangrando
No meu peito morto

Salvador Passos

Much Madness

Much Madness is divinest Sense -
To a discerning Eye -
Much Sense - the starkest Madness -
’Tis the Majority
In this, as all, prevail -
Assent - and you are sane -
Demur - you’re straightway dangerous -
And handled with a Chain -

Emily Dickson

14 de julho de 2012

Woody Guthrie at 100

This Land is your land




This Land Is Your Land
Words and Music by Woody Guthrie

This land is your land This land is my land
From California to the New York island;
From the red wood forest to the Gulf Stream waters
This land was made for you and Me.

As I was walking that ribbon of highway,
I saw above me that endless skyway:
I saw below me that golden valley:
This land was made for you and me.

I've roamed and rambled and I followed my footsteps
To the sparkling sands of her diamond deserts;
And all around me a voice was sounding:
This land was made for you and me.

When the sun came shining, and I was strolling,
And the wheat fields waving and the dust clouds rolling,
As the fog was lifting a voice was chanting:
This land was made for you and me.

As I went walking I saw a sign there
And on the sign it said "private property."
But on the other side it didn't say nothing,
That side was made for you and me.

In the shadow of the steeple I saw my people,
By the relief office I seen my people;
As they stood there hungry, I stood there asking
Is this land made for you and me?

Nobody living can ever stop me,
As I go walking that freedom highway;
Nobody living can ever make me turn back
This land was made for you and me.

13 de julho de 2012

Agora é que são elas (trecho)

"— Se alguém tem alguma coisa a dizer contra este casamento, fale agora ou cale-se para sempre.
E todos realizaram aquele nosso mais fundo desejo infantil.
Um gritou:
— Eu tenho, reverendo! Essa mulher é uma vagabunda!
— Ela trepou com o noivo antes do casamento!
— Ela já é casada!
— Ela tem um amante!
— Ela cobra um absurdo pra chupar um pau!
Foi com muita fleugma que virei a cabeça para olhar a massa dos fiéis, donde saíam aquelas vozes. Nisso, uma voz gritou:
— Esse cara é viado!
— A mãe dele está na zona!
— Vi ele de sacanagem com a menininha lá fora!
— Ele tem filho com tudo quanto é mulher!
Enquanto diziam aquelas coisas da minha noiva, eu ainda podia tolerar. Mas essa súbita mudança da fortuna, desviando a artilharia de impropérios para cima da minha pessoa, era intolerável. Localizei o cara, e gritei, que ecoou na igreja toda:
— Viado é a puta que o pariu!
E parti pra cima. Enfiei a aliança no mindinho da mão direita, e já cheguei batendo. A primeira porrada com a aliança acertou em cima do olho direito, e espirrou sangue. O filho do cara me agarrou por trás, e eu fiz ele ajoelhar contrito com uma
cotovelada no saco.
O padre pulou como um tigre, e gritou para o sacristão:
— Protege o Santíssimo, o cibório, o ostensório, o turíbulo, o cálice e a patena, que eu vou mostrar a esses filhos da puta o que acontece pra quem não respeita a Casa do Senhor. Arregaçou a batina, e veio com tudo. Não deu para eu me virar a tempo, e o homem de Deus me acertou um pontapé nos rins, que doeu que nem um gole de gim puro em jejum. Rolei no meio das pernas de umas velhas, que caíram para trás, o primeiro
banco derrubou o segundo, que derrubou o terceiro, e assim até a entrada da igreja, como se fossem pedras de dominó. Do alto do púlpito, o sacristão bombardeava a balbúrdia com hóstias, galhetas de vinho, mitras episcopais, versos em latim, gritando sem parar:
— Mas que diabo de casamento é esse?"

Trecho do Livro:Agora é que são elas
p.leminski

Death is a beautiful car only

Death is a beautiful car parked only
to be stolen on a street lined with trees
whose branches are like the intestines
of an emerald.

You hotwire death, get in, and drive away
like a flag made from a thousand burning
funeral parlors.

You have stolen death because you’re bored.
There’s nothing good playing at the movies
in San Francisco.

You joyride around for a while listening
to the radio, and then abandon death, walk
away, and leave death for the police
to find.


A MORTE É UM BELO CARRO PARADO SÓ

A morte é um belo carro parado só
para ser roubado numa rua com árvores
cujos galhos são como os intestinos
de uma esmeralda.

Você arromba a morte, dá a partida e segue
como uma bandeira feita de milhares de
funerais flamejantes.

Você roubou a morte por puro tédio.
Não tem nenhum filme que preste passando
em São Francisco.

Você dá uma volta enquanto escuta
o rádio, aí abandona a morte, vai
embora, deixe que a polícia a
encontre.

Richard Brautigan

noite sem sono

noite sem sono
o cachorro late
um sonho sem dono

p.leminski

10 de julho de 2012

prosopopéia



o mero se esmera
em ser meramente
o mero
nenhuma odisséia resulta
do mero numero que numera

não se iluda,
nenhuma outra ilíada,
que inunda ou desnuda,
será de novo escrita
só a mesma
ainda ilegível ilíada
será de novo lida

a mesma odisséia já descrita
ainda que diferentemente dita
em outras homéricas ilíadas não escritas

o agora àgora de outrora
neo-melopéias de proso-epopéias
pós-homéricas anti-odisséias
intra-odisséias de prosopopéias

estes ditos gregos agregando grego
não o grego grego do que não se entende
mas o grego grito dos poetas mortos
este grego eterno do poeta vivo
este grito eterno do poeta cego

quilos de aquiles
no aquilo cego do humano sempre

o que é aquiles diz aquilo?

Salvador Passos

este fosso entre a fossa e o que fosse

este fosso entre a fossa e o que fosse
esta tralha que se espalha no horizonte
esta espinha que entala na garganta
este R que arranha quando rosna
este S escorrega quando soa
esta boca que profere tantas letras
iletradas soletrando sonolentas
este mundo alfabeta alfabetos
são palavras estas coisas que falamos?
são palavras que só querem ter sentido?
só quereres que se querem com mais força?
ou se calam quando falta algo dentro?

dos dizeres destas coisas que carregam
os sentidos sem sentidos dos dizeres
as palavras que carregam os sentidos
ou dizeres que penetram nas palavras

os sentidos sem sentidos dos sentidos
os sentidos sem sentido do que falta
esta falta que me sobra quando calo
este tudo que é pouco quando muito
este tempo que não para quando passa
e passando todo tempo deste mundo
este tempo, passa tempo de si mesmo,
este entulho que entala nas entranhas
não se estranha todo tempo que se passa
só pensando neste tempo que se passa

fosse fosso,fosse a fossa, fosse forca
é mais forte que a força que se faça
este pranto é batalha que se trava
solitário, só a gente, com a gente
contra a gente

Salvador Passos

9 de julho de 2012

The Prisoner




Number 6: Where am I?
Number 2: In the Village.
Number 6: What do you want?
Number 2: We want information.
Number 6: Whose side are you on?
Number 2: That would be telling. We want information... information... information.
Number 6: You won't get it.
Number 2: By hook or by crook, we will.
Number 6: Who are you?
Number 2: The new Number 2.
Number 6: Who is Number 1?
Number 2: You are Number 6.
Number 6: I am not a number, I am a free man.

2 de julho de 2012

A Febre do Rato


The History of Development - from western origins to global faith



Livro inteiro de graça em:
http://books.google.com.br/books?id=NpV64yAbBvQC&pg=PA8&hl=pt-BR&source=gbs_toc_r&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false

Conteúdo:

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25
47
69
80
93
123
140
171
197
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275

Catastroika - privatization goes public


Marcha estudantil no Chile - 28 de junho


28 Junio | Marcha Estudiantil from accion propaganda on Vimeo.

Resistência dos pescadores da baía de Guanabara

retirado da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio

Alexandre Anderson já sofreu vários atentados, viu companheiros serem assassinados, deixou de pescar para entrar em um programa de proteção a ameaçados de morte do governo federal. Apesar de não ter nascido em uma família de pescadores, cresceu perto dessa realidade e se tornou pescador em 1998. "Eu me sinto um caiçara", declara ele. Em 2003, ajudou a organizar a atuação política dos pescadores, cada vez mais coagidos e esprimidos, sem lugar para pescar. Junto com outros companheiros, fundou a Associação Homens do Mar (Ahomar), que começou a denunciar que os grandes projetos na Baía de Guanabara ligados à Petrobras acabavam com a atividade pesqueira e causavam sérios impactos ao meio ambiente. A medir pelo tamanho da reação, que resultou em dois assassinatos de militantes da Ahomar, a atuação de Alexandre e da Associação incomodou peixes grandes.

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Manifesto de Repúdio pelo Assassinato dos Pescadores da AHOMAR

Retirado da Cúpula dos Povos


Os movimentos sociais e organizações da sociedade civil que subscrevem o presente Manifesto expressam sua indignação pelo brutal assassinato dos pescadores artesanais Almir Nogueira de AmorimJoão Luiz Telles Penetra (Pituca), membros da Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), da Baía de Guanabara. Exigimos que o Estado do Rio de Janeiro e o Estado Brasileiro tomem as providências imediatas para investigar os fatos, proteger e garantir a vida dos pescadores artesanais ameaçados.
Almir e Pituca eram lideranças da AHOMAR, organização de pescadores artesanais que luta contra os impactos socioambientais gerados por grandes empreendimentos econômicos que inviabilizam a pesca artesanal na Baía de Guanabara. Ambos desapareceram na sexta-feira, dia 22 de junho de 2012, quando saíram para pescar. O corpo do Almir foi encontrado no domingo, dia 24 de junho, amarrado junto ao barco que estava submerso próximo à praia de São Lourenço, em Magé, Rio de Janeiro. O corpo de João Luiz Telles (Pituca) foi encontrado na segunda-feira, dia 25 de junho, com pés e mãos amarrados e em posição fetal, próximo à praia de São Gonçalo, Rio de Janeiro.

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Corpos de pescadores artesanais são encontrados com sinais de execução

Almir e João eram lideranças da Associação Homens e Mulheres do Mar, organização que luta contra os impactos de uma obra da Petrobras que inviabiliza a pesca na Baía de Guanabara 
29/06/2012

José Francisco Neto
da Redação do Brasil de Fato.

Movimentos Sociais e organizações da sociedade civil lançaram nesta sexta-feira (29) na Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB/RJ) o manifesto em repúdio aos assassinatos dos pescadores artesanais Almir Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra (Pituca), mortos na semana passada.
Os dois eram lideranças da Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), organização de pescadores artesanais que luta contra os impactos socioambientais gerados por grandes empreendimentos econômicos, como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), um dos maiores investimentos da Petrobras e parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que inviabilizam a pesca artesanal na Baía de Guanabara (RJ).
Ambos desapareceram na sexta (22), quando saíram para pescar. O corpo do Almir foi encontrado no domingo (24) amarrado junto ao barco que estava submerso próximo à praia de São Lourenço, em Magé, Rio de Janeiro. O corpo de João Luiz Telles (Pituca) foi encontrado na segunda-feira (25) com pés e mãos amarrados e em posição fetal, próximo à praia de São Gonçalo, também no Rio.
Para a assessora de comunicação da Justiça Global (organização não-governamental de direitos humanos) Gláucia Marinho, o objetivo do manifesto é pressionar as autoridades para que sejam investigadas as mortes dos pescadores, pois esse não foi o primeiro caso. “Em 2009 um pescador foi assassinado e em 2010 outro. Até agora os crimes não foram esclarecidos”, relata.
Gláucia se refere às mortes de Paulo Santos Souza, ex-tesoureiro da AHOMAR, que foi espancado em frente a sua família e assassinado com cinco tiros na cabeça, e de Márcio Amaro, um dos fundadores da associação, assassinado em casa em frente a sua mãe e esposa.
De acordo com ela, os assassinatos podem estar relacionados, pois a AHOMAR tem um histórico de denúncias aos grandes impactos dos empreendimentos que a Baía de Guanabara vem sofrendo. “Nos dois casos passados o governo foi omisso, agora queremos que sejam tomadas as devidas providências, pois ainda há tempo que essas mortes sejam investigadas. A Divisão de Homicídios de Niterói já começou a investigação”, comenta.

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