Almir e João eram lideranças da Associação Homens e Mulheres do
Mar, organização que luta contra os impactos de uma obra da Petrobras que
inviabiliza a pesca na Baía de Guanabara
29/06/2012
José Francisco Neto
da Redação do Brasil de Fato.
Movimentos Sociais e organizações da sociedade civil lançaram
nesta sexta-feira (29) na Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro
(OAB/RJ) o manifesto em repúdio aos assassinatos dos pescadores artesanais Almir
Nogueira de Amorim e João Luiz Telles Penetra (Pituca), mortos na semana
passada.
Os dois eram lideranças da Associação
Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR), organização de pescadores artesanais que luta
contra os impactos socioambientais gerados por grandes empreendimentos
econômicos, como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(COMPERJ), um dos maiores investimentos da Petrobras e parte do Plano de
Aceleração do Crescimento (PAC), que inviabilizam a pesca artesanal na Baía de
Guanabara (RJ).
Ambos desapareceram na sexta (22), quando saíram para pescar. O
corpo do Almir foi encontrado no domingo (24) amarrado junto ao barco que estava
submerso próximo à praia de São Lourenço, em Magé, Rio de Janeiro. O corpo de
João Luiz Telles (Pituca) foi encontrado na segunda-feira (25) com pés e mãos
amarrados e em posição fetal, próximo à praia de São Gonçalo, também no Rio.
Para a assessora de comunicação da Justiça Global (organização
não-governamental de direitos humanos) Gláucia Marinho, o objetivo do manifesto
é pressionar as autoridades para que sejam investigadas as mortes dos
pescadores, pois esse não foi o primeiro caso. “Em 2009 um pescador foi
assassinado e em 2010 outro. Até agora os crimes não foram esclarecidos”,
relata.
Gláucia se refere às mortes de Paulo Santos Souza,
ex-tesoureiro da AHOMAR, que foi espancado em frente a sua família e assassinado
com cinco tiros na cabeça, e de Márcio Amaro, um dos fundadores da associação,
assassinado em casa em frente a sua mãe e esposa.
De acordo com ela, os assassinatos podem estar relacionados,
pois a AHOMAR tem um histórico de denúncias aos grandes impactos dos
empreendimentos que a Baía de Guanabara vem sofrendo. “Nos dois casos passados o
governo foi omisso, agora queremos que sejam tomadas as devidas providências,
pois ainda há tempo que essas mortes sejam investigadas. A Divisão de Homicídios
de Niterói já começou a investigação”, comenta.
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