A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

30 de abril de 2013

Desemprego entre jovens da União Européia chega a 24%

Desemprego bate recorde em março na zona do euro



A zona do euro bateu um novo recorde de desemprego em março, com mais 62 mil desempregados em relação ao mês anterior. O dado aponta que 12,1% da população economicamente ativa está sem trabalho, o que representa uma massa de 19 milhões e 200 mil pessoas desempregadas.

Este é o 23° mês consecutivo de alta do desemprego na zona do euro. Em toda a União Européia, 26,5 milhões de pessoas estão sem trabalho, sob uma percentagem de 10,9%. Em relação a fevereiro, há 69 mil desempregados a mais em março.

O país que mais sofre com esta situação na Europa é ainda a Grécia, onde 27,2% não têm trabalho. A percentagem também subiu na Espanha de 26,3% em fevereiro para 26,7% em março.

Na Alemanha, os índices se mantiveram estáveis em abril, atingindo 6,9% da população economicamente ativa. Há a mesma tendência de estabilidade na Itália, que publicou hoje o desemprego do mês de março: 11,5%.

São os jovens os que mais sofrem com a crise econômica européia. O índice de desemprego da zona do euro subiu para 24% em março. Entre a parcela mais jovem da população, 59,1% estão sem trabalho na Grécia, 55,9% na Espanha, 38,4% na Itália e 38,3% em Portugal.

REUTERS/Sergio Perez RFI

25 de abril de 2013

12 Arrested at Anti-Guantánamo Protest in New York



In New York City, 12 people were arrested Monday at a die-in on the steps of the federal courthouse in response to the more than two-month-long hunger strike by prisoners at Guantánamo. The military has admitted more than half of Guantánamo’s 166 prisoners are on hunger strike, with 16 being force-fed, a tactic widely viewed as torture. Defense lawyers say nearly all prisoners are on hunger strike. On Monday, protesters with the group Witness Against Torture wore orange jumpsuits and lay on the steps of the courthouse holding signs with the names of Guantánamo prisoners who have died waiting for release. Democracy Now! spoke to Jeremy Varon and Bill Ofenloch.

Jeremy Varon: "We’re here today at the federal courthouse in New York City in response to the hunger strike that’s currently taking place at Guantánamo. More than half the prisoners at the camp are on hunger strike, some since February 6, protesting their indefinite detention without charge or trial."

Bill Ofenloch: We’re trying to get Guantánamo closed and the prisoners who are free to be released to actually be released. The majority of them are there without any charges, and they’re cleared for release."

A Europa hoje é um projeto da não Utopia (Ignacio Ramonet)

Ignacio Ramonet (Redondela, 1943), é um dos pensadores mais lúcidos dos últimos tempos. Instalado em Paris desde 1972, sociólogo e semiólogo, especialista em geopolítica, professor de teoria da comunicação, sagaz jornalista, sua forma de ver e interpretar a modernidade e, por extensão, a globalização, faz de suas ideias um ponto de inflexão necessário contra o pensamento dominante. Falamos com ele sobre a atualidade política, a crise e os emergentes movimentos sociais, a Europa e o porvir.



Entrevista Publicada na Carta Maior

Assistimos a um renascimento dos movimentos de protesto cidadão?
Ignacio Ramonet – Desde que estourou a atual crise econômico-financeira, em 2008, estamos assistindo uma multiplicação dos movimentos de protesto cidadão. Em primeiro lugar, nos países mais afetados (Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha), os cidadãos – civicamente – apostaram em apoiar, com seus votos, a oposição, pensando que esta traria uma mudança de política tendente a menos austeridade e menos ajuste. Mas quando todos estes países mudaram de Governo, passando da esquerda ou centro-esquerda à direita ou centro-direita, a estupefação foi completa, já que os novos Governos conservadores radicalizaram ainda mais as políticas restritivas e exigiram mais sacrifícios, mais sangue e mais lágrimas aos cidadãos. Aí é quando começam os protestos. Sobretudo porque os cidadãos têm diante de seus olhos os exemplos de dois protestos com êxito: o do povo unido na Islândia e o dos contestadores que derrubaram as ditaduras na Tunísia e no Egito. Além disso, destaca o fato de que as redes sociais estão facilitando formas da organização espontânea das massas sem necessidade de líder, de organização política, nem de programa. Tudo está preparado então para que surjam, em maio de 2011, os indignados espanhóis, e que seu exemplo se imite de um modo ou outro em toda a Europa do sul.

Por que os partidos políticos da esquerda são mal compreendidos por estes movimentos?
Porque o que os meios de comunicação qualificam de "partidos políticos da esquerda" tem, na opinião desses movimentos e das maiorias exasperadas, muito pouco de esquerda. Não se pode esquecer, também, que estes partidos estão comprometidos com esta mesma política conservadora que eles foram os primeiros a aplicar, sem anestesia. Lembre o que aconteceu na Espanha quando, de uma hora para a outra, em maio de 2011, Rodríguez Zapatero, sem avisar nem explicar, decidiu aplicar um brutal plano de ajuste ultraliberal que era exatamente o contrário do DNA do socialismo.

Qual foi o pecado original de Maio de 68? Os movimentos de hoje são filhos tardios de 68? Acha que podem realmente construir contrapoder político, alternativa real de Governo, ou são movimentos emocionais?
Não se podem comparar as duas épocas. Maio de 68 era uma crise contra um país em expansão (nascimento da sociedade de consumo, crescimento alto, pleno emprego), que continuava sendo profundamente conservador e até arcaico em matéria de costumes. Hoje sabemos que foi menos uma crise política que uma crise cultural. O movimento do 15M, entretanto, é o reflexo da queda geral de todas as instituições (Coroa, justiça, Governo, oposição, Igreja, autonomias...). Nesse sentido, é o mais positivo que aconteceu na política espanhola desde o final do franquismo. O mais fresco e inovador. Ainda que não se tenha traduzido em movimento político com perspectivas de conquistar o poder, revela um sentimento profundo de saturação da sociedade espanhola golpeada pela crise e pelas brutais medidas de austeridade do Governo de Mariano Rajoy. Poder-se-ia dizer que os movimentos de protesto são uma boa notícia, já que demonstram que as sociedades europeias, e em particular sua juventude tão castigada pela crise social, está expressando seu descontentamento geral com a situação que se está vivendo e com o tipo de solução neoliberal que os Governos e a União Europeia estão aplicando contra a crise. Estes movimentos recusam a adoção de medidas de austeridade extremamente sérias de ajuste econômico, em uma Europa do sul onde mais de 20% dos jovens menores de trinta anos se encontram desempregado. Curiosamente, esta juventude se expressa de uma maneira pacífica, não violenta, inspirando-se em vários movimentos gerais.

Que outros efeitos esta crise na Europa está produzindo?
A crise está se traduzindo também em um aumento do medo e do ressentimento. As pessoas vivem em estado de ansiedade e de incerteza. Voltam os grandes pânicos diante de ameaças indeterminadas como podem ser a perda do emprego, os choques tecnológicos, as biotecnologias, as catástrofes naturais, a insegurança generalizada. Tudo isso é um desafio para as democracias, porque esse "terror difuso" se transforma, muitas vezes, em ódio e repúdio. Em vários países europeus, esse ódio se dirige hoje contra o estrangeiro, o imigrante, o diferente, os outros (muçulmanos, ciganos, subsaarianos, imigrantes sem papéis...) e crescem os partidos xenófobos, racistas e de extrema direita.

Os movimentos sociais e políticos atuais, culminando no 15M, são capazes de superar os partidos políticos tradicionais da esquerda?
Não sabemos fazer política sem partidos políticos. O que reivindicam os contestadores, os indignados em quase toda a Europa do sul é mudar as regras do jogo: desmontar o truque. Novas regras suporiam, por exemplo, na Espanha, uma nova Constituição como reivindica um número cada vez maior de cidadãos. Uma Constituição que dê mais poder aos cidadãos, que garanta mais justiça social e que sancione os responsáveis pelo atual naufrágio. Um naufrágio que não pode surpreender ninguém. O escândalo das hipotecas lixo era sabido por todos. O mesmo que o excesso de liquidez orientado à especulação, e a explosão delirante dos preços da moradia. Ninguém se queixava porque o crime beneficiava a muitos. E se continuou afirmando que a empresa privada e o mercado arrumariam tudo. Na longa história da economia, o Estado tem sido sempre um ator central. Apenas há trinta anos – ou seja, nada em uma história de séculos –, o mercado quis expulsar o Estado do campo da economia. Há que voltar ao senso comum, a um keynesianismo razoável: tanto Estado como seja necessário e tanto mercado como seja indispensável. A prova evidente do fracasso do sistema neoliberal atual são os ajustes e resgates que demonstram que os mercados não são capazes de regular-se por si próprios. Autodestruíram-se por sua própria voracidade. Também se confirma uma lei do cinismo neoliberal: se privatizam os benefícios, mas se socializam as perdas. Agora se faz os pobres pagarem as excentricidades irracionais dos banqueiros, e se ameaça em caso de que se neguem a pagar, com empobrecê-los ainda mais! Produzir-se-á um incêndio social? Não é impossível. As repercussões sociais do cataclismo econômico são de uma brutalidade inédita: 23 milhões de desempregados na União Europeia e mais de 80 milhões de pobres. Os jovens aparecem como as vítimas principais. Por isso, de Madri a Londres e Atenas, de Nicósia a Roma, uma onda de indignação levanta a juventude. Acrescente-se também que, na atualidade, as classes médias também estão assustadas porque o modelo neoliberal de crescimento as está abandonando na beira do caminho. Na Espanha, uma parte se uniu aos jovens para reprovar o integralismo ultraliberal da União Europeia e do Governo. “Não nos representam”, disseram todos os indignados.

Como você vê a Europa e o projeto comum europeu dominado, nestes anos, pela Alemanha e sua política de austeridade?
O curso da globalização parece suspenso. Fala-se cada vez mais de desglobalização, de decrescimento. O pêndulo havia ido longe demais na direção neoliberal e agora poderia ir na direção contrária. Chegou a hora de reinventar a política e o mundo. Todas as sociedades do sul da Europa se voltaram furiosamente anti-alemãs, uma vez que a Alemanha, sem que ninguém tenha lhe outorgado esse direito, se erigiu em chefe – autoproclamado – da União Europeia, erigindo um programa de sadismo econômico. A Europa é agora, para milhões de cidadãos, sinônimo de castigo e sofrimento: uma utopia negativa.

Existem alternativas frente ao abandono do campo de batalha da socialdemocracia tradicional?
A socialdemocracia fracassou porque ela mesma participou na liquidação do Estado de bem-estar, que era sua principal conquista e seu grande sinal de identidade. Daí o desarraigo de muitos cidadãos que passam da política abstendo-se, limitando-se a protestar ou votando por Beppe Grillo (que é uma maneira de preferir um palhaço autêntico em lugar de suas hipócritas cópias). Outros decidiram votar à extrema direita, que sobe espetacularmente em todos os lugares, ou em menor grau, optar pela esquerda da esquerda que encarna hoje o único discurso progressista audível. Assim estavam também na América Latina há pouco mais de uma década, quando os protestos derrubavam Governos democraticamente eleitos (na Argentina, Bolívia, Equador, Peru...), que aplicavam com fúria os ajustes ditados pelo FMI. Até que os movimentos sociais de protesto convergiram com uma geração de novos líderes políticos (Chávez, Morales, Correa, Kirchner, Lula, Lugo...) que canalizaram a poderosa energia transformadora e os conduziram a votar nas urnas programas de refundação política (constituinte), de reconquista econômica (nacionalizações, keynesianismo) e de regeneração social. Nesse sentido, se observa como a América Latina lhe está indicando o caminho a uma Europa desorientada e grogue.

Joint letter to President Obama on closing Guantanamo

Human Rights Watch



April 11, 2013
President Barack Obama
The White House
1600 Pennsylvania Avenue, NW
Washington DC, 20500

Re: Concern about hunger strike and stalled efforts to close the detention
facility at Guantánamo

Dear President Obama,

We, the undersigned human rights and civil liberties organizations, are writing to urge you to take immediate steps to end indefinite detention without charge and begin closing the prison at Guantánamo Bay. If ever there were a moment to act upon the promise you made over four years ago to shutter the prison, it is now. For several weeks, major news outlets, attorneys for the prisoners, and even military officials have been reporting that there is a large hunger strike occurring among the men detained at Guantánamo. The current situation is the predictable result of continuing to hold prisoners indefinitely without charge for more than 11 years. Therefore, we urge you to begin working to transfer the remaining detained men to their home countries or other countries for resettlement, or to charge them in a court that comports with fair trial standards. We also urge you to appoint an individual within your administration to lead the transfer effort.

Media reports describe an increasingly desperate situation at Guantánamo. Attorneys for the detained men are reporting that some of them are in critical condition. According to the World Medical Association, irreversible cognitive impairment and physiological damage may begin to occur by the fortieth day of a hunger strike, after which the possibility of death becomes an imminent risk. Military officials also acknowledge that the situation is escalating. While they continue to cite lower numbers of hunger strikers than reported by lawyers who have met with or spoken to their clients detained at Guantánamo, their current tally is more than a four-fold increase over the first government tally released on March 11, 2013.

The unfolding crisis at Guantánamo cannot be divorced from the fact that the vast majority of the 166 remaining prisoners have now been held for more than 11 years without charge and still do not know their fate. More than half of them – 86 men – were approved for transfer over three years ago by the Guantánamo Review Task Force that you established, yet transfers have all but ceased. General John Kelly of the U.S. Southern Command has himself acknowledged the psychological impact of indefinite detention at Guantánamo. At a House Armed Services Committee hearing on March 20, 2013, he stated that the prisoners have been “devastated” by what they perceive as your decision to “back off” of the promise you made in January 2009 to close the detention facility.

We urge you to order the relevant authorities to take swift measures to humanely and lawfully address the immediate causes of the hunger strike in a manner consistent with international standards of medical ethics before irreparable harm occurs to the prisoners. Moreover, we urge you to take steps to address the root of the problem by fulfilling your promise to close Guantánamo without further delay. To that end, we ask that you:

1) Direct Secretary of Defense Charles Hagel to use his authority to issue the certifications or national security waivers required by the National Defense Authorization Act (NDAA 2013) to effect transfers from Guantánamo.

2) Appoint an individual within your Administration to lead the effort to close Guantánamo.

The United Nations High Commissioner for Human Rights, Navi Pillay, again stated that the continued operation of Guantánamo Bay remains a “clear breach of international law,” and reiterated that it should be closed. While we stand ready to support the Administration’s efforts to close Guantánamo Bay in a manner consistent with its international legal obligations, this problem demands your presidential leadership. We urge you to act now.

Sincerely,

Center for Constitutional Rights
American Civil Liberties Union
Amnesty International
Asian American Legal Defense and Education Fund
Bill of Rights Defense Committee
Center for Justice & Accountability
Center for Justice and International Law
Center for Victims of Torture
Council on American-Islamic Relations
Defending Dissent Foundation
Human Rights Advocates
Human Rights First
Human Rights Watch
International Center for Advocates Against Discrimination
International Federation for Human Rights
International Justice Network
National Lawyers Guild
National Religious Campaign Against Torture
Physicians for Human Rights
Reprieve
The Constitution Project
Torture Abolition and Survivors Support Coalition International
United States Human Rights Network
Urban Justice Center
Witness Against Torture

Vício da fala

Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados

Oswald de Andrade

Gitmo Is Killing Me

Op-Ed Contributor New York Times
By SAMIR NAJI al HASAN MOQBEL
Published: April 14, 2013




ONE man here weighs just 77 pounds. Another, 98. Last thing I knew, I weighed 132, but that was a month ago.

I’ve been on a hunger strike since Feb. 10 and have lost well over 30 pounds. I will not eat until they restore my dignity.

I’ve been detained at Guantánamo for 11 years and three months. I have never been charged with any crime. I have never received a trial.

I could have been home years ago — no one seriously thinks I am a threat — but still I am here. Years ago the military said I was a “guard” for Osama bin Laden, but this was nonsense, like something out of the American movies I used to watch. They don’t even seem to believe it anymore. But they don’t seem to care how long I sit here, either.

When I was at home in Yemen, in 2000, a childhood friend told me that in Afghanistan I could do better than the $50 a month I earned in a factory, and support my family. I’d never really traveled, and knew nothing about Afghanistan, but I gave it a try.

I was wrong to trust him. There was no work. I wanted to leave, but had no money to fly home. After the American invasion in 2001, I fled to Pakistan like everyone else. The Pakistanis arrested me when I asked to see someone from the Yemeni Embassy. I was then sent to Kandahar, and put on the first plane to Gitmo.

Last month, on March 15, I was sick in the prison hospital and refused to be fed. A team from the E.R.F. (Extreme Reaction Force), a squad of eight military police officers in riot gear, burst in. They tied my hands and feet to the bed. They forcibly inserted an IV into my hand. I spent 26 hours in this state, tied to the bed. During this time I was not permitted to go to the toilet. They inserted a catheter, which was painful, degrading and unnecessary. I was not even permitted to pray.

I will never forget the first time they passed the feeding tube up my nose. I can’t describe how painful it is to be force-fed this way. As it was thrust in, it made me feel like throwing up. I wanted to vomit, but I couldn’t. There was agony in my chest, throat and stomach. I had never experienced such pain before. I would not wish this cruel punishment upon anyone.

I am still being force-fed. Two times a day they tie me to a chair in my cell. My arms, legs and head are strapped down. I never know when they will come. Sometimes they come during the night, as late as 11 p.m., when I’m sleeping.

There are so many of us on hunger strike now that there aren’t enough qualified medical staff members to carry out the force-feedings; nothing is happening at regular intervals. They are feeding people around the clock just to keep up.

During one force-feeding the nurse pushed the tube about 18 inches into my stomach, hurting me more than usual, because she was doing things so hastily. I called the interpreter to ask the doctor if the procedure was being done correctly or not.

It was so painful that I begged them to stop feeding me. The nurse refused to stop feeding me. As they were finishing, some of the “food” spilled on my clothes. I asked them to change my clothes, but the guard refused to allow me to hold on to this last shred of my dignity.

When they come to force me into the chair, if I refuse to be tied up, they call the E.R.F. team. So I have a choice. Either I can exercise my right to protest my detention, and be beaten up, or I can submit to painful force-feeding.

The only reason I am still here is that President Obama refuses to send any detainees back to Yemen. This makes no sense. I am a human being, not a passport, and I deserve to be treated like one.

I do not want to die here, but until President Obama and Yemen’s president do something, that is what I risk every day.

Where is my government? I will submit to any “security measures” they want in order to go home, even though they are totally unnecessary.

I will agree to whatever it takes in order to be free. I am now 35. All I want is to see my family again and to start a family of my own.

The situation is desperate now. All of the detainees here are suffering deeply. At least 40 people here are on a hunger strike. People are fainting with exhaustion every day. I have vomited blood.

And there is no end in sight to our imprisonment. Denying ourselves food and risking death every day is the choice we have made.

I just hope that because of the pain we are suffering, the eyes of the world will once again look to Guantánamo before it is too late.

Samir Naji al Hasan Moqbel, a prisoner at Guantánamo Bay since 2002, told this story, through an Arabic interpreter, to his lawyers at the legal charity Reprieve in an unclassified telephone call.

22 de abril de 2013

Pan-Cinema Permanente



Documentário ganhador do Festival "É Tudo Verdade, 2008" sobre o poeta Waly Salomão, dirigido por Carlos Nader.
MANIFESTO GREVE DE FOME



Eu, Tiuré, do povo Potiguara, José Humberto Costa Nascimento, ativista dos direitos indigenas, atual resistente da Aldeia Maracanã, antigo Museu do indio, considerado o primeiro indígena a receber o status de Refugiado Politico de um Tribunal Internacional reconhecido pelo Alto Comissariado da ONU para Refugiados, conforme o acordo de Genebra, exilado durante 25 anos, comunico a todos que a partir do dia 19 de abril, dia considerado como o Dia do Indio, em local a ser definido no estado do Rio de Janeiro, Brasil , aos 64 anos do meu nascimento, interromperei minha alimentação, inciando um ritual indigena de greve de fome, contra:

a politica de extermínio das populações indigenas no Brasil seja por conveniência ou omissão do Governo Brasileiro

contra o não reconhecimento, até esta data, do veredicto internacional de Refugiado Político, pela Comissão da Anistia e o consequente agravamento das feridas causadas pelas rupturas, perseguições, sequestro, torturas e ameaças de morte, causadas por agentes do Estado durante a ditadura.

contra a politica terrorista do Estado do Rio de Janeiro usada contra os indios que lutam neste momento para recriar no antigo Museu do Indio um espaço de Universilidade Indigena conhecida como Aldeia Maracanã



ÚLTIMO RITUAL DE PASSAGEM

De plena e sã consciencia realizo este ritual indigena de passagem como única forma de ação politica, pacífica e de muita paz espiritual, diante do labirinto judicial, legislativo e executivo em que as questões indigenas se encontram hoje neste País.

É um grito extremo e silencioso contra o modus operandi resgatado da Ditadura, no uso da truculência e repressão policial-militar no trato com indios que resistem, no meio rural e urbano, contra a imposição de mega-projetos desenvolvementistas que matam nossas matas, rios e vem destruindo sistematicamente modos de vidas e cultura milenares

Este ato espiritual de luta politica é autonomo, independente de qualquer ONG, partido politico ou organizações religiosas ou não.

Meu compromisso é somente com o grande espirito Tupã.

Junto-me aos parentes indigenas que passaram por este ritual no Brasil ou na America como forma de protesto.

Conclamo à todos, indigenas ou não, do Brasil e do mundo , para se manifestarem, solidários ou não, para que este grito ressoe no Palacio do Planalto.

Levarei minha greve de fome até as últimas consequências caso o Estado Brasileiro não se pronuncie nas questões abaixo:

sobre meu processo na Comissao da Anistia

sobre as investigações do genocidio indigena praticado na Ditadura e condenação dos criminosos

apuração das responsabilidades pelas violencias causadas pela tropa de choque para desalojar recentemente as familias indigenas da Aldeia Maracanã no Rio de Janeiro e reintegração de posse do predio do antigo Museu do Indio, promovendo a sua necessária reforma e posterior utilização definitiva pelos e para os indios brasileiros

inclusão na pauta governamental de diálogo aberto e de respeito aos primeiros habitantes desta terra

Por último, responsabilizo o Estado Brasileiro pela minha possível morte ou pelas sequelas irreversíveis pelas consequências desta greve de fome.

Rio de Janeiro, 15 de abril de 2013

Prezado Herr Doktor Professor

eu só queria saber
porque nesta história
todo mundo tem nome, menos eu



atenciosamente,
menos eu

19 de abril de 2013

Comunicação Não Violenta - agenda



I. Apresentações Mensais:

Rio de Janeiro, a partir de 19 de março, toda terceira 3ª feira de cada mês. Cada encontro será facilitado por pessoas com projetos de aplicação dos princípios da não-violência em determinadas áreas de suas vidas diárias.

As próximas apresentações serão nos dias 16 de abril e 21 de Maio.

Local: Rua Joaquim Silva, 56, 10º andar, Lapa das 18h30 as 21h30

II. Introduções:

Brasília, 25 de abril

Rio de Janeiro, 07 a 09 de junho

III. Cursos Básicos:

Brasília, 26 a 28 de abril

Curitiba, 02 a 05 de Maio

IV. Curso de Integração:

O curso possui formato imersivo, e compõe-se de quatro encontros. Participantes assumirão o compromisso de presença em todos eles, como forma de manter a consistência e profundidade do trabalho, bem como a unidade do grupo.

-Encontro 1 – Espaço Terra Luminous, SP - 13 a 16 de junho;

-Encontro 2 - Ecovila Terra UNA, MG - 13 a 18 de agosto;

-Encontro 3 - Espaço Terra Luminous, SP - 03 a 06 de outubro;

-Encontro 4 - Ecovila Terra UNA, MG - 07 a 10 de novembro.

Fim de papo (de índio)

veio uns ômi de capa preta
cheiu di papéo e desenhu
qui si chamava projetu
e eles falarum
qui o Tapajós ia virar lagoa
qui isso era progressu
e era pro bem duma velha
chamada Nação
aí nós fechamu a cara
e depois eles arrepitirum
e nós dissemu que não
aí eles insistirum
e vierum cum otros ômi
di farda e fuzil
e aí eles fizerum
comu eles quiserum

Beto Mororó Munduruku, agricultor e poeta que vai tomar na rima

Inspirado pelo Chacal



18 de abril de 2013

manoeles arcaico

Sou um misto de coisa e nome
Meu nome não me chama
Meu silêncio me revela
Perco na palavra o que me cala

Trago no meu peito
o luto de mim mesmo
numa espécie de desbiografia
Tenho escassez de meus excessos

Raimundo Beato

outros evangelhos

atire o primeiro pecado quem não tem pedra

Salvador Passos

Obituário de Thatcher na Cultura Pop




A foto que abre esse post faz parte da edi­ção #3 de Hellblazer e foi feita por Jamie Delano. No qua­dri­nho, Constantine está sendo tor­tu­rado de cabeça para baixo por demô­nios, enquanto assiste à ter­ceira elei­ção de Thatcher.

à arthur rimbaud



TODO POETA É UM TRAFICANTE DE ARMAS

Chacal

17 de abril de 2013

ciência x poesia



“Eu não sei se todos os povos amam seus cientistas, mas todos os povos amam seus poetas. Os poetas são amados por milhões. Por que os povos amam seus poetas? É porque os povos precisam disso, os poetas dizem uma coisa que as pessoas precisam que seja dita. O poeta não é um ser de luxo, ele não é uma excrescência ornamental da sociedade, ele é a necessidade orgânica de uma sociedade, a sociedade precisa daquilo. Daquela loucura para respirar. É através da loucura dos poetas, através da ruptura que eles representam que a sociedade respira.”

Paulo Leminski

15 de abril de 2013

Polícia londrina ameaça prender quem protestar contra Thatcher em funeral



"Thatcher se foi. Agora, vamos enterrar o 'thatcherismo', diz cartaz em manifestação londrina"

Coordenadora do cortejo afirma que manifestantes contrários à 'Dama de Ferro' não poderão 'perturbar' convidados do Opera Mundi

Uma das chefes de segurança responsável pela organização do funeral da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher advertiu neste domingo (14/04) que a polícia terá autoridade para efetivar prisões caso algum manifestante contrário à dama de ferro “perturbe ou provoque” os convidados ao evento, que está marcado para começar às 11h locais desta quarta-feira (17/04).

A comandante Christine Jones, que coordenou o casamento do Príncipe William com Kate Middleton, afirmou que os oficiais estarão respaldados pelo controverso artigo 5 do Ato da Ordem Pública, que os autoriza a intervir em caso de manifestações não-violentas causem “assédio, alarme ou angústia” às pessoas que seguirão o cortejo de sua residência até a Catedral de Saint Paul.

Aproximadamente três mil pessoas entraram a um evento que promete fazer uma festa animada em frente à catedral. Outro grupo de torcedores do Liverpool, a quem a premiê responsabilizou na década de 1980 pela tragédia no estádio de Hillsborough também “homenageou” a ex-premiê com uma série de cânticos, como “Não nos importávemaos quando você mentiu, não nos importamos que você morreu”.

Neste sábado, outras 3 mil pessoas se reuniram na Trafalgar Square para celebrar a morte de Thatcher, sem maiores ocorrências: apenas cinco pessoas foram presas por um contingente policial de 1.700 homens.

O envolvimento das Forças Armadas no funeral aumenta cada vez mais, e contará com participantes da Guerra das Malvias, vencida contra a Argentina em 1983. O custo público, inicialmente calculado em 8 milhões de libras esterlinas (24,2 milhões de reais), deve chegar agora a 10 milhões de libras (ou ), o que provocou protestos no Partido Trabalhista, que “considera um valor muito alto para tempos de austeridade”, segundo a revista Observer.

Os filhos

A filha da ex-primeira-ministra, Carol Thatcher, por sua vez, quebrou o silencio e se manifestou sobre a morte de sua mãe. Vestida de preto, a ex-jornalista posou para fotos ao lado de seu irmão, Mark, ela disse que “se sente como qualquer outra que tenha perdido um parente. É um momento incrivelmente triste e ao mesmo tempo provocador em minha vida. Minha mãe me disse uma vez: ‘Carols, acho que meu lugar na história está garantido’. Os incríveis tributos nessa semana, as maravilhosas palavras do presidente (dos EUA, Barack) Obama e outros de seus colegas que trabalharam ao seu lado provam que ela está certa”, afirmou.

E agradeceu aos que lhe deram palavras de apoio, mas “mesmo assim está será uma semana dura, mesmo para a filha da ‘Dama de Ferro’”.

Já o filho de Thatcher, Mark, condenado por envolvimento em ume escândalo de tráfico de armas para promover um golpe de Estado na Guiné Equatorial em 2004, terá um papel secundário no evento.

Do Opera Mundi

Outras notícias de Mark Thatcher
Mark Thatcher acusado de se beneficiar de acordo de venda de armas entre Margaret Thatcher e Arabia Saudita

Forte esquema de segurança de Mark Thatcher foi pago com dinheiro do governo britânico, Margaret Thatcher teria facorecido empresas que empregavam seu filho como consultor

14 de abril de 2013

A febre do rato

BBC não sabe o que fazer com a música mais vendida da Inglaterra



Ativistas anti-Thatcher levaram ‘A Bruxa Morreu’(The witch is dead) ao número 1, e a BBC sofre pressão para não tocá-la na tradicional parada de domingo.

Liberdade de expressão é uma coisa realmente complicada: é mais fácil falar dela do que praticá-la.

Um episódio mostra isso exatamente neste momento, no país que supostamente é o berço da liberdade de expressão.

No meio de uma controvérsia que se espalhou toda a mídia britânica, está a venerada BBC.

O que aconteceu: ativistas deflagraram uma campanha para comprar uma música anti-Thatcher para levá-la ao topo das paradas.

A música é do Mágico de Oz, e se chama “Ding Dong The Witch is Dead!”. (Dim Dom A Bruxa Morreu!”

Objetivo alcançado.

Neste momento em que escrevo, é a número 1 na Inglaterra. E é aí que entra a BBC com seu excruciante dilema.

Tradicionalmente, aos domingos, a principal rádio da BBC, a 1, toca as músicas mais vendidas, a conhecida parada de sucessos.

A questão que se ergueu barulhentamente: a BBC deveria tocar o hino anti-Thatcher, a três dias de seu funeral?

Os comentaristas conservadores da mídia saíram gritando que não. Que isso seria desrespeito com uma pessoa que sequer foi enterrada.

Mas um momento: isso é censura, ou não?

É o entendimento da chamada voz rouca das ruas. Numa enquete no Guardian, quase 90% das pessoas disseram que sim, a rádio tinha que tocar a canção.

E a BBC, que fez?

Encontrou uma solução que foi a seguinte: subiu no muro. Não vai censurar a música, ao contrário do clamor conservador.

Mas tampouco vai tocá-la inteira: decidiu dar, na parada de domingo, um fragmento de 4 ou 5 segundos.

O que parece claro, passados alguns dias da morte de Thatcher, é que a elite política e jornalística inglesa não tinha a menor ideia de quanto a Dama de Ferro era detestada.

É uma demonstração espetacular de miopia e de desconexão com as pessoas.

A Inglaterra vive hoje não apenas uma crise econômica que não cede há anos, mas uma situação dramática de desigualdade que levou aos célebres riots – quebra-quebras — de Londres há pouco mais de um ano.

Qual a origem da crise e da desigualdade?

Thatcher, é claro.

O real legado de um governante se vê depois que ele se foi. As desregulamentações, as privatizações e os cortes em gastos sociais de Thatcher, passados 30 anos, resultaram num país em que as pessoas têm um padrão de vida inferior ao que tiveram.

Como imaginar que as pessoas ficariam tristes com sua morte?

Noam Chomsky interview RTE Prime (April 8, 2013)

13 de abril de 2013

I did it my way

The day that thatcher dies (ding dong the witch is dead)



How Thatcher aided Pol Pot

Thatcher supports Pinochet

Thatcher sold weapons to Saddam which he used on his own people 1

Thatcher sold weapons to Saddam which he used on his own people 2

Thatcher and her dictator friends 1

Thatcher and her dictator friends 2

Thatcher and Apartheid South Africa 1

Tracklist:

Volume I
1. Chaos UK -- Maggie
2. Contempt - I Hate Tories
3. Newton Neurotics - Kick Out The Tories
4. Oi Polloi - Fuck Everybody Who Voted Tory
5. Ad Nauseam -- Thatcher
6. Alternative - Fuck Off Thatcher
7. Anti-Pasti - No Government
8. Crass - How Does It Feel (To Be The Mother Of A Thousand Dead)
9. Exploited -- Maggie
10. Flux Of Pink Indians - The Falkland War
11. Blunt - Maggie Thatcher RIP
12. Septic Psychos - The Thatcher
13. Varukers - Thatcher's Fortress
14. Hard Skin - Still Fighting Thatcher
15. Dub Syndicate - No Alternative
16. Fine Young Cannibals -- Blue
17. Irish Maggie Thatcher Song
18. Hefner - The day that Thatcher dies
19. Mogwai - George Square Thatcher Death Party
20. Attila The Stockbroker - Maggots -1, Maggie -- 0
Volume II
1. Macka B - Get Rid Of Maggie
2. Jesse Garon And The Desperadoes - Grand Hotel
3. Abstract Greens - Maggie Thatcher Milk Snatcher
4. Angelic Upstarts - Two million voices
5. Chelsea - Right To Work
6. Clash - Career Opportunity
7. Dirt -- Unemployment
8. Larks - Maggie Maggie Maggie (Out Out Out)
9. Go Fast Or Go Home - Thrashers Britain
10. Crass -- Gotcha
11. Inner City Unit - Blue Rinse Haggard Robot
12. Garry Johnson - The Young Conservatives
13. Ewan MacColl - Daddy What Did You Do In The Strike
14. John McCullagh - I'll Dance On Your Grave Mrs Thatcher
15. Alan Dean - Mrs Thatcher Song
16. Elvis Costello - Tramp the Dirt Down (removed)
17. Frank Turner - Thatcher Fucked The Kids
18. Robert Wyatt -- Shipbuilding
19. Kitchens of Distinction - Margaret's Injection
20. Christy Moore - Maggie Thatcher(Tea with Pinochet)
21. Deborah Holland - Pinochet And Margaret Thatcher
Volume III
1. Alexei Sayle - Get Me Mrs Thatcher
2. Pumpkin Man - Have Ye Handed Back Yer Poll Tax
3. VIM - Maggie's Last Party
4. Owsley - Battle of Trafalgar Square
5. Exploited - Don't Pay The Poll Tax
6. Poll Tax Riot
7. Punk Aid - Fuck The Poll Tax
8. Beat - Stand down Margaret..
9. Specials - Maggie's Farm
10. Crass -- Thatcher
11. Dead Kennedys - Kinky Sex Makes The World Go Round
12. Expelled - Government policy
13. Dirt - Plastic Bullets
14. Toxic Waste - Listen Margaret
15. Antidote - Twleve Tory Fascists In The Cabinet
16. Sore Throat - Fuck The Poll Tax
17. Choonami - The Thatcher Song
18. Morrissey - Margaret on the Guillotine
19. Pete Wylie - The Day That Margaret Thatcher Dies!

and a dozen extra tracks.

12 de abril de 2013

Overmundo

Os pinheiros assobiam, a tempestade chega:
Os cavalos bebem na mão da tempestade.
Amarro o navio no canto do jardim
E bato à porta do castelo na Espanha.
Soam os tambores do vento.
“Overmundo, Overmundo, que é dos teus oráculos,
Do aparelho de precisão para medir os sonhos,
E da rosa que pega fogo no inimigo?”
Ninguém ampara o cavaleiro do mundo delirante,
Que anda, voa, está em toda a parte
E não consegue pousar em ponto algum.
Observai sua armadura de penas
E ouvi seu grito eletrônico.
“Overmundo expirou ao descobrir quem era”,
Anunciam de dentro do castelo na Espanha.
“O tempo é o mesmo desde o princípio da criação”,
Respondem os homens futuros pela minha voz.

Murilo Mendes
(Poesia Liberdade)

as the poems go by



as the poems go into the thousands you
realize that you've created very
little.
it comes down to the rain, the sunlight,
the traffic, the nights and the days of the
years, the faces.
leaving this will be easier than living
it, typing one more line now as
a man plays a piano through the radio,
the best writers have said very
little
and the worst,
far too much.

Bukowski

O Sonho

Mai bródas,

finalmente aconteceu! Sério, de verdade.

Veio de maneira repentina, inesperada - ainda que eu estivesse ansiando por isso há anos.

Na última terça-feira à noite, eu, totalmente devastado pelo tédio, tomei todas as cervejas da casa, fumei todos os cigarros que agüentei e, deitado na cama, folheei o Silmarillion pra tentar induzir algum tipo de fuga onírica da consciência. E adormeci.

O sonho veio. Mas não foi um sonho de batalhas medievais, elfas maravilhosas e mortes épicas. Sonhei com o Rio.

Eu estava em Santa Teresa. As ruas estavam tomadas por pessoas de todas as partes do mundo. Todos falavam alto e riam. Serviam, livre e abundantemente, bebidas exóticas uns para os outros. Experimentei uma cachaça italiana, provei licores africanos, e conheci mulheres de todas as cores e tamanhos. Enquanto a guarda municipal tentava liberar a rua, as pessoas gargalhavam e caçoavam, e saldavam os patetas ao estilo sieg heil.

Então veio a notícia. Chegou como um sussurro e se espalhou como fogo em palha. A prefeitura queria destinar um monumento público aos patrocinadores da Copa do Mundo e, naquele momento, um grupo de pessoas enfrentava a polícia para empatar a privatização.

Imediatamente a multidão se levantou. E eu parti correndo. Desci as ladeiras de Santa tão rápido que não conseguia fazer as curvas e batia com os ombros nos muros das casas. Nesses muros eu via grafites e estêncils, alguns familiares, que me emocionavam, me motivavam, e eu corria cada vez mais veloz. Cruzei tão rápido os arcos da Lapa! Fui pendurado por baixo, trocando as mãos e me jogando pra frente igual a um gibão.

Quando cheguei na cidade uma turba imensa e colorida, carnavalesca e palhaçal, havia tomado conta do centro do Rio. Eram dezenas de milhares de fadas, piratas, enfermeiras, havaianas e todo o resto, que pulavam, dançavam, riam e cantavam.

E avançavam. Avançavam e avançavam, lenta, mas firmemente, sobre uma parede de escudos da tropa de choque que, atônita, recuava e recuava...

Foi lindo, porra!

Gonzo

Olho de lince

Quem fala que sou esquisito hermético
É porque não dou sopa estou sempre elétrico
Nada que se aproxima nada me é estranho
Fulano sicrano e beltrano
Seja pedra seja planta seja bicho seja humano
Quando quero saber o que ocorre a minha volta
Ligo a tomada abro a janela escancaro a porta
Experimento tudo nunca me iludo
Quero crer no que vem por ao beco escuro
Me iludo passando presente futuro
Revir na palma da mão o dado
Presente futuro passado
Tudo sentir de todas as maneiras
É a chave de ouro do meu jogo
De minha mais alta razão
Na seqüência de diferentes naipes
Quem fala de mim tem paixão

(Jards Macalé e Waly Salomão)

10 de abril de 2013

Margaret Thatcher em tempos de Feliciano




No início de sua carreira política no partido conservador (Tory), Margaret Thatcher foi uma voz dissonante em seu partido ao votar contra a criminalização das relações homossexuais em 1967. Esta posição louvável no entanto parece ter sido um exceção na sua tragetória política.

Em 1987, durante sua tentativa de reeleição, tudo indicava que ela seria vitoriosa, no entanto, Thatcher utilizou uma estratégia de campanha baseada no preconceito para ganhar espaço dentro de seu partido e junto ao eleitorado.

Margaret acusou o partido trabalhista de "promover o homossexualismo" nas escolas públicas ao ensinar que a diversidade deveria ser respeitada.

Mesmo após o término da campanha Thatcher apoiou a aprovação da chamada Seção 28 que proibia o ensino do respeito a diversidade em escolas públicas. Segue o texto original e uma tentativa de tradução:

(1) A local authority shall not (a) intentionally promote homosexuality or publish material with the intention of promoting homosexuality; (b) promote the teaching in any maintained school of the acceptability of homosexuality as a pretended family relationship. (2) Nothing in subsection (1) above shall be taken to prohibit the doing of anything for the purpose of treating or preventing the spread of disease. (3) In any proceedings in connection with the application of this section a court shall draw such inferences as to the intention of the local authority as may be reasonably be drawn from the evidence before it.

Tradução (usando o tradduka):

(1) Uma autarquia local não poderá (a) intencionalmente promover homossexualidade ou publicar material com a intenção de promover a homossexualidade; (b) promover o ensino em qualquer escola mantida acerca da aceitabilidade da homossexualidade como uma pretensa relação familiar. (2) Nada na subseção (1) acima poderá ser usado para proibir a autoridade local de fazer qualquer coisa com a finalidade de tratar ou prevenir a propagação da doença. (3) Em qualquer processo no âmbito da presente secção um Tribunal estabelecerá tais inferências sobre a intenção da autoridade local, como pode ser razoavelmente ser extraídos os elementos de que dispõe.

O escritor Tom Doran do pais de Gales descreveu o episódio da seguinte forma:

"As a member of Parliament (MP) in the 1960s, she was one of only a handful of Conservatives to vote for the decriminalization of homosexuality, a truly forward-thinking and brave gesture that she deserves a great deal of credit for.
Sadly, as Prime Minister, she would squander much of that credit (ironically enough, for a politician who put such stock in thrift) by lending her support to one of the nastiest anti-gay measures of modern times: the infamous Section 28 of the Local Government Act 1988, which forbade schools from teaching "the acceptability of homosexuality as a pretended family relationship." This was despite the open secret (among Westminster insiders, at least) that several prominent members of her government were themselves gay, albeit in reinforced-steel closets. It remains one of the darkest spots on her legacy."


Tradução livre:

"Como um membro do Parlamento (MP) na década de 1960, ela foi uma das poucas conservadores votar a favor da descriminalização da homossexualidade, um gesto verdadeiramente corajoso e visão de futuro que lhe garante muito crédito.

Infelizmente, como primeira-ministra, ela jogou no lixo seu crédito (Ironicamente, para um político que colocar essas ações em thrift) ao apoiar a uma das piores medidas anti-gay dos tempos modernos: oa infame seção 28 do Governo Local Act 1988, que proibiu as escolas de ensinar a aceitação da homossexualidade. Mesmo o segredo de polichinelo (entre os insiders de Westminster, pelo menos) que vários proeminentes membros do seu governo eram gays, embora em segredo. O apoio a esta medida é um dos pontos mais obscuros de seu legado."

Em artigo no The Guardian Matthew Todd descreve o este ato como sendo cruel. A atmosfera da época era nefasta, a AIDS matava muitos membros da comunidade homossexual, associado a isso começou uma campanha da mídia conservadora contra figuras do partido trabalhista que apoiavam os direitos dos homossexuais. Thatcher se aproveitou deste clima para ganhar capital político. Ela atacou escolas locais por ensinarem "que todos tinham direito de serem homossexuais". Durante as eleições de 1987 atacou o apoio dos trabalhistas e a defesa dos direitos dos homossexuais, após a campanha apoiou a seção 28. Esta colocou jovens em risco ao impedir que os mesmos tivessem acesso a informação e pudessem se defender do avanço do HIV. Ou nas palavras de Matthew:

"If you were a gay man in the mid to late 80s – let alone a teenager, as I was – you were one of the unlucky ones. The kick in the teeth was far from metaphorical. When a terrifying new disease began cutting down gay men like rows of corn, the media, most vociferously led by the Sun's then editor, Kelvin MacKenzie, launched a campaign of deeply unpleasant propaganda. Knowing that hated Labour politicians such as Ken Livingstone were actively supportive of gay equality, the rightwing media seized their opportunity."


"I never met her. Maybe Thatcher didn't hate gay people that she knew. This makes it more despicable that she was willing to throw us – including kids like me, desperate for help in 1988 when section 28 came in – to the wolves for the sake of a few poll points. What she did do was inflict huge damage on a community that desperately needed support, and smashed down any possibility of supporting confused children or educating them about how to not catch HIV."



9 de abril de 2013

Iron Lady...



Wall in Belfast

Soneto

Pergunto aqui se sou louca
Quem quer saberá dizer
Pergunto mais, se sou sã
E ainda mais, se sou eu

Que uso o viés pra amar
E finjo fingir que finjo
Adorar o fingimento
Fingindo que sou fingida

Pergunto aqui meus senhores
quem é a loura donzela
que se chama Ana Cristina

E que se diz ser alguém
É um fenômeno mor

Ana Cristina Cesar

8 de abril de 2013

Margaret Thatcher (1925-2013): Tariq Ali on Late British PM’s Legacy from Austerity to Apartheid



Former British Prime Minister Margaret Thatcher has died at the age of 87. Thatcher was Britain’s first female prime minister, serving three terms in office. Known as the "Iron Lady," Thatcher became synonymous with austerity economics as a close ally of President Ronald Reagan. She famously declared to critics of neoliberal capitalism that "there is no alternative." Her long-running battle with striking British miners dealt a major blow to the union movement in Britain and ushered in a wave of privatizations. On foreign policy, Thatcher presided over the Falklands War with Argentina, provided critical support to the Chilean dictator Augusto Pinochet, and famously labeled Nelson Mandela a "terrorist" while backing South Africa’s apartheid regime. We go to London to discuss Thatcher’s legacy with Tariq Ali, British-Pakistani political commentator, writer, activist and editor of the New Left Review. [includes rush transcript]

TRANSCRIPT

This is a rush transcript. Copy may not be in its final form.

AMY GOODMAN: We turn to the breaking news of the death of former British Prime Minister Margaret Thatcher at the age of 87. She was Britain’s first female prime minister, serving three terms in office. Known as the "Iron Lady," Margaret Thatcher became synonymous with austerity economics as a close ally of President Ronald Reagan. She famously declared to critics of neoliberal capitalism that, quote, "There is no alternative." Her long-running battle with striking British miners dealt a major blow to the union movement in Britain and ushered in a wave of privatizations. On foreign policy, Thatcher presided over the Falklands War with Argentina and provided critical support to the Chilean dictator Augusto Pinochet.

To discuss Margaret Thatcher’s legacy, we go now to London, where we’re joined by Tariq Ali, British-Pakistani political commentator, writer, activist and editor of the New Left Review.

In these last minutes we have, Tariq, talk about the legacy of, talk about the tenure of the former British Prime Minister Margaret Thatcher.

TARIQ ALI: Amy, there’s no doubt about it. She transformed British politics. She basically won over the opposition. Her legacy is still very much in force, so she’s not at all dead in terms of what is going on in this country. Her policies are being carried out by the coalition government. Tony Blair and Gordon Brown, New Labour prime ministers, were completely enthralled to her. She was the first person invited by Blair to 10 Downing Street when he became prime minister, to show how much he owed her, and Gordon Brown did exactly the same thing. So we have had a continuum, that the process Margaret Thatcher started off was carried on by Blair, who used rhetoric on the Iraq, Kosovo and Afghan wars very similar to the rhetoric she used on the Falklands. And this policy has continued. So her legacy is effectively to have wrecked Britain economically and to have made it a total vassal state of the American empire.

AMY GOODMAN: Tariq, can you talk about the legacy of Thatcherism for the working class in Britain?

TARIQ ALI: Well, basically, she took on the workers’ movement, which had become very strong. Trade unions were very powerful in this country, and they were effectively challenging capital by demanding a share of the take, and being quite successful. The miners’ union, one of the most respected unions in the country, challenged her. She organized the state, the use of the police, use of the secret services, to defeat them. And she did it, and she referred to union militancy as "the enemy within." She was very hot on enemies, either abroad or at home. And that phrase, "the enemy within," has been used subsequently against dissidents of other sorts by her successors.

AMY GOODMAN: Can you talk about her foreign policy, from the Falklands War—and we only have a minute—to her support of the apartheid regime, calling Nelson Mandela a terrorist?

TARIQ ALI: Well, she did call Nelson Mandela a terrorist, but one should remember that the Western governments as a whole were not at all friendly to the ANC, sustained and maintained apartheid, with a few exceptions in Scandinavia, throughout it. And Thatcher was upfront about it. Her foreign policy was deeply conservative and reactionary, and that foreign policy has not changed since she was forced out on Europe. Europe is still a big, big divisive issue in the country and within the Conservative Party as a whole.

And so, on every level, Amy, domestic level, international level, Thatcherism continues. One shouldn’t imagine that it’s over. And I hate to say this, but the fact that we haven’t come up, or no one has—neither the center-left or anyone else has managed to come up with an alternative to the Wall Street crash of 2008, does indicate that there was some truth in her statement that there is no alternative, at least as far as the mainstream is concerned.

AMY GOODMAN: Tariq Ali, I want to thank you for being with us, British-Pakistani political commentator, historian, activist, filmmaker, novelist and editor of the New Left Review, joining us from London on this late breaking news that the former prime minister of Britain, Margaret Thatcher, has died at the age of 87.

That does it for our show. Tune in tomorrow. Will Potter of Green is the New Red will be on to talk about how over a dozen state legislatures have introduced bills to target people who go undercover to expose farm animal abuse.

Petition asks: No state funeral for Thatcher/ Privatise Thatcher Funeral


A Thatcher state funeral would be bound to lead to protests

The Tory prime minister wasn't a great leader. She was the most socially destructive British politician of our times

It might seem an odd time to be trying it on, but a drive to rehabilitate Margaret Thatcher is now in full flow. A couple of years back, true believers were beside themselves at the collapse of their heroine's reputation. The Tory London mayor, Boris Johnson, complained that Thatcher's name had become a "boo-word", a "shorthand for selfishness and me-firstism". Her former PR guru Maurice Saatchi fretted that "her principles of capitalism are under question".

In opposition, David Cameron tried to distance himself from her poisonous "nasty party" legacy. But just as he and George Osborne embark on even deeper cuts and more far-reaching privatisation of public services than Thatcher herself managed, Meryl Streep's The Iron Lady is about to come to the rescue of the 1980s prime minister's reputation.

As the Hollywood actor's startling Thatcher recreation looks down from every other bus, commentators have insisted that the film is "not political". True, it doesn't explicitly take sides in the most conflagrationary decade in postwar British politics. It is made clear that Thatcher's policies were controversial and strongly opposed. But as director Phyllida Lloyd points out: "The whole story is told from her point of view."

People are shown to be out to get her – but not quite why. We see the angry faces of protesters and striking miners from inside her car, not the devastated communities they come from. By focusing on her dementia, it invites sympathy for a human being struggling with the trials of old age. Remarkably, a woman who vehemently rejected feminism is celebrated as a feminist icon, and a politician who waged naked class war is portrayed battling against class prejudice.

Lloyd herself is unashamed about the film's thrust: this is "the story of a great leader who is both tremendous and flawed". Naturally, some of Thatcher's supporters and family members have balked at the depiction of her illness.

But her authorised biographer, the high Tory Charles Moore, has no doubts about the The Iron Lady's effective political message. The Oscar-bound movie is, he declares, a "most powerful piece of propaganda for conservatism". And for many people under 40, their view of Thatcher and what she represents will be formed by this film.

Meanwhile, last week's release of 1981 cabinet papers has given another impetus to Thatcher revisionism. The revelation that she authorised a secret back-channel to the IRA during the hunger strikes and opposed Treasury attempts to deny Liverpool a paltry cash injection after the Toxteth riots has been hailed as evidence of the pragmatism of a leader known for unswerving implacability.

But most shocking are the secret preparations now being made to give Thatcher a state funeral. In the 20th century only one former prime minister, Winston Churchill, was given such a ceremonial send-off. Churchill had his own share of political enemies, of course, from the south Wales valleys to India. But his role as war leader when Britain was threatened with Nazi invasion meant he was accepted as a national figure at his death. Thatcher, who cloaked herself in the political spoils of a vicious colonial war in the South Atlantic, has no such status, and is the most divisive British politician of our time.

Gordon Brown absurdly floated a state funeral in a fruitless attempt to appease the Daily Mail. But the coalition would be even more foolish if it were to press ahead with what is currently planned. A state funeral for Thatcher would not be regarded as any kind of national occasion by millions of people, but as a partisan Conservative event and an affront to large parts of the country.

Not only in former mining communities and industrial areas laid waste by her government, but across Britain Thatcher is still hated for the damage she inflicted – and for her political legacy of rampant inequality and greed, privatisation and social breakdown. Now protests are taking the form of satirical e-petitions for the funeral to be privatised: if it goes ahead, there are likely to be protests and demonstrations.

This is a politician, after all, who never won the votes of more than a third of the electorate; destroyed communities; created mass unemployment; deindustrialised Britain; redistributed from poor to rich; and, by her deregulation of the City, laid the basis for the crisis that has engulfed us 25 years later.

Thatcher was a prime minister who denounced Nelson Mandela as a terrorist, defended the Chilean fascist dictator Augusto Pinochet, ratcheted up the cold war, and unleashed militarised police on trade unionists and black communities alike. She was Britain's first woman prime minister, but her policies hit women hardest, like Cameron's today.

A common British establishment view – and the implicit position of The Iron Lady – is that while Thatcher took harsh measures and "went too far", it was necessary medicine to restore the sick economy of the 1970s to healthy growth.

It did nothing of the sort. Average growth in the Thatcherite 80s, at 2.4%, was exactly the same as in the sick 70s – and considerably lower than during the corporatist 60s. Her government's savage deflation destroyed a fifth of Britain's industrial base in two years, hollowed out manufacturing, and delivered a "productivity miracle" that never was, and we're living with the consequences today.

What she did succeed in doing was to restore class privilege, boosting profitability while slashing employees' share of national income from 65% to 53% through her assault on unions. Britain faced a structural crisis in the 1970s, but there were multiple routes out of it. Thatcher imposed a neoliberal model now seen to have failed across the world.

It's hardly surprising that some might want to put a benign gloss on Thatcher's record when another Tory-led government is forcing through Thatcher-like policies – and riots, mounting unemployment and swingeing benefits cuts echo her years in power. The rehabilitation isn't so much about then as now, which is one reason it can't go unchallenged. Thatcher wasn't a "great leader". She was the most socially destructive prime minister of modern times.

The Guardian

Seumas Milne

Abaixo-assinado pede privatização do enterro de Thatcher


Uma petição ao governo britânico pede que o enterro de Margaret Thatcher seja privatizado. Trata-se, evidentemente, de uma sarcástica crítica a sua gestão (1979-1990).

Thatcher foi, com o general Augusto Pinochet, que governou o Chile de 1973 a também 1990, a grande defensora do neoliberalismo. Os dois foram o modelo do modelo que até hoje domina boa parte do debate econômico.

Muita gente questiona o prefixo “neo” à palavra liberal. Mas o que diferenciava ao “neo” do liberalismo clássico?  Sob o rótulo liberal, estavam identificadas uma série de políticas de respeito e proteção ao indivíduo. Algumas políticas liberais exigiam, inclusive, a participação do Estado, no sentido de “igualar os desiguais” – na educação pública, por exemplo.


No neoliberalismo, a grande função do Estado é garantir que a esfera econômica, exclusivamente, esteja livre para atuar. Ou seja, no novo liberalismo, longe de tentar, por vias tortas que fossem, igualar os desiguais, o papel do Estado é garantir que a desigualdade seja usada como instrumento econômico.

Por isso setores que namoram o socialismo (não, não estou falando de Obama) na esquerda americana aceitam o rótulo de “liberal”, enquanto um ditador com as mãos sujas de sangue como Pinochet é um neoliberal.

O caso do Chile é mais radical, mas Thatcher também ilustra bem esse poder de vida e de morte do Estado sobre o indivíduo, no sentido de preservar a “livre concorrência” dos fortes contra os fracos.

Privatizar um funeral significa levar às últimas consequências o neoliberalismo, ou seja, dizer simbolicamente que a sociedade não tem responsabilidade sobre a dignidade de ninguém, mesmo na morte. Foi essa lógica que Thatcher implementou no governo do Reino Unido e ajudou a exportar para o mundo a partir do momento que assumiu o posto de primeira-ministra.

Em 1981, Bobby Sands, um prisioneiro do IRA (Exército Republicano Irlandês), morreu após uma longa greve de fome, mesmo destino de outros nove companheiros. Sands havia sido eleito deputado, e, apesar da pressão internacional, Thatcher recusou-se a negociar com eles. Seu funeral foi acompanhado por 100 mil pessoas.

O funeral, público ou privado de Thatcher, vai conseguir reunir 100 mil carpideiras neoliberais?

Haroldo Ceravolo Sereza

Abaixo-assinado pede privatização do enterro de Thatcher

Adeus da Dama de Ferro

2 de abril de 2013

Pós Aula: O que é a poesia? Com Chacal


A segunda aula da Universidade das Quebradas na Rocinha foi animadíssima. Com a presença do poeta Chacal, os novos quebradeiros participaram de uma discussão que começou em torno da poesia e terminou num debate acirrado sobre a independência do artista para produzir sua própria arte.

Ao falar sobre sua concepção de poeta, Chacal falou sobre a relação da poesia com a música e sobre como o poeta é alguém que é capaz de aliar a palavra ao ritmo ao interpretar a palavra escrita. Para ele, poesia é também performance.

Busco a potência da palavra.
Comecei com o Oswald de Andrade, meu ponto de partida.
O que é ser poeta?
O que seria o poeta? Vou tentar entender junto com vocês.

Em seguida citou Torquato Neto:

Pessoal Intransferível

Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo : perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.

Publicado na coluna “Geléia Geral”, 3ª feira, 14/09/71

Historicamente, a poesia faz parte da tradição oral. Foi apenas quando Guttenberg inventou a imprensa, na Idade Média, que a palavra escrita se difundiu (ainda que, num primeiro momento, apenas para os nobres e religiosos soubessem ler). Além disso, o livro nesse período não era caro como símbolo de status, mas estava no mesmo lugar simbólico que as obras de arte. Nesse período também, o poeta era figura ativa da literatura de cordel.

‘Acho que a poesia perdeu um pouco da sua expressividade com a invenção da imprensa. O poema ganha potência quando é incorporado, quando passa a fazer sentido sozinho. A palavra, quando vem com essa carga poética, traz encanto.’, disse Chacal.

A partir daí, a discussão girou em torno da figura do contador de histórias, não tão comum nos dias de hoje, mas que tem o seu lugar na história, como é o caso dos griots, que ajudam a perpetuar as tradições de seus grupos por meio da tradição oral.

Já no final, Chacal representou um trecho do monólogo ‘Uma história à margem’, que conta a sua história e que está em cartaz terças e quartas, às 21h, na Casa de Cultura Laura Alvim.



Por Bárbara Reis Bolsistas PIBEX/UFRJ e Rute Casoy Assistente Pedagógica UQ.

1 de abril de 2013

acontecimento

Quando estou distraído no semáforo
e me pedem esmola
me acontece agradecer

Francisco Alvim

Poética

Academia Brasileira de Letras
de Fôrma
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