A Caverna

Esta é a caverna, quando a caverna nos é negada/Estas páginas são as paredes da antiga caverna de novo entre nós/A nova antiga caverna/Antiga na sua primordialidade/no seu sentido essencial/ali onde nossos antepassados sentavam a volta da fogueira/Aqui os que passam se encontram nos versos de outros/os meus versos são teus/os teus meus/os eus meus teus /aqui somos todos outros/e sendo outros não somos sós/sendo outros somos nós/somos irmandade/humanidade/vamos passando/lendo os outros em nós mesmos/e cada um que passa se deixa/essa vontade de não morrer/de seguir/de tocar/de comunicar/estamos sós entre nós mesmos/a palavra é a busca de sentido/busca pelo outro/busca do irmão/busca de algo além/quiçá um deus/a busca do amor/busca do nada e do tudo/qualquer busca que seja ou apenas o caminho/ o que podemos oferecer uns aos outros a não ser nosso eu mesmo esmo de si?/o que oferecer além do nosso não saber?/nossa solidão?/somos sós no silêncio, mas não na caverna/ cada um que passa pinta a parede desta caverna com seus símbolos/como as portas de um banheiro metafísico/este blog é metáfora da caverna de novo entre nós/uma porta de banheiro/onde cada outro/na sua solidão multidão/inscreve pedaços de alma na forma de qualquer coisa/versos/desenhos/fotos/arte/literatura/anti-literatura/desregramento/inventando/inversando reversamento mundo afora dentro de versos reversos solitários de si mesmos/fotografias da alma/deixem suas almas por aqui/ao fim destas frases terei morrido um pouco/mas como diria o poeta, ninguém é pai de um poema sem morrer antes

Jean Louis Battre, 2010

10 de abril de 2013

Margaret Thatcher em tempos de Feliciano




No início de sua carreira política no partido conservador (Tory), Margaret Thatcher foi uma voz dissonante em seu partido ao votar contra a criminalização das relações homossexuais em 1967. Esta posição louvável no entanto parece ter sido um exceção na sua tragetória política.

Em 1987, durante sua tentativa de reeleição, tudo indicava que ela seria vitoriosa, no entanto, Thatcher utilizou uma estratégia de campanha baseada no preconceito para ganhar espaço dentro de seu partido e junto ao eleitorado.

Margaret acusou o partido trabalhista de "promover o homossexualismo" nas escolas públicas ao ensinar que a diversidade deveria ser respeitada.

Mesmo após o término da campanha Thatcher apoiou a aprovação da chamada Seção 28 que proibia o ensino do respeito a diversidade em escolas públicas. Segue o texto original e uma tentativa de tradução:

(1) A local authority shall not (a) intentionally promote homosexuality or publish material with the intention of promoting homosexuality; (b) promote the teaching in any maintained school of the acceptability of homosexuality as a pretended family relationship. (2) Nothing in subsection (1) above shall be taken to prohibit the doing of anything for the purpose of treating or preventing the spread of disease. (3) In any proceedings in connection with the application of this section a court shall draw such inferences as to the intention of the local authority as may be reasonably be drawn from the evidence before it.

Tradução (usando o tradduka):

(1) Uma autarquia local não poderá (a) intencionalmente promover homossexualidade ou publicar material com a intenção de promover a homossexualidade; (b) promover o ensino em qualquer escola mantida acerca da aceitabilidade da homossexualidade como uma pretensa relação familiar. (2) Nada na subseção (1) acima poderá ser usado para proibir a autoridade local de fazer qualquer coisa com a finalidade de tratar ou prevenir a propagação da doença. (3) Em qualquer processo no âmbito da presente secção um Tribunal estabelecerá tais inferências sobre a intenção da autoridade local, como pode ser razoavelmente ser extraídos os elementos de que dispõe.

O escritor Tom Doran do pais de Gales descreveu o episódio da seguinte forma:

"As a member of Parliament (MP) in the 1960s, she was one of only a handful of Conservatives to vote for the decriminalization of homosexuality, a truly forward-thinking and brave gesture that she deserves a great deal of credit for.
Sadly, as Prime Minister, she would squander much of that credit (ironically enough, for a politician who put such stock in thrift) by lending her support to one of the nastiest anti-gay measures of modern times: the infamous Section 28 of the Local Government Act 1988, which forbade schools from teaching "the acceptability of homosexuality as a pretended family relationship." This was despite the open secret (among Westminster insiders, at least) that several prominent members of her government were themselves gay, albeit in reinforced-steel closets. It remains one of the darkest spots on her legacy."


Tradução livre:

"Como um membro do Parlamento (MP) na década de 1960, ela foi uma das poucas conservadores votar a favor da descriminalização da homossexualidade, um gesto verdadeiramente corajoso e visão de futuro que lhe garante muito crédito.

Infelizmente, como primeira-ministra, ela jogou no lixo seu crédito (Ironicamente, para um político que colocar essas ações em thrift) ao apoiar a uma das piores medidas anti-gay dos tempos modernos: oa infame seção 28 do Governo Local Act 1988, que proibiu as escolas de ensinar a aceitação da homossexualidade. Mesmo o segredo de polichinelo (entre os insiders de Westminster, pelo menos) que vários proeminentes membros do seu governo eram gays, embora em segredo. O apoio a esta medida é um dos pontos mais obscuros de seu legado."

Em artigo no The Guardian Matthew Todd descreve o este ato como sendo cruel. A atmosfera da época era nefasta, a AIDS matava muitos membros da comunidade homossexual, associado a isso começou uma campanha da mídia conservadora contra figuras do partido trabalhista que apoiavam os direitos dos homossexuais. Thatcher se aproveitou deste clima para ganhar capital político. Ela atacou escolas locais por ensinarem "que todos tinham direito de serem homossexuais". Durante as eleições de 1987 atacou o apoio dos trabalhistas e a defesa dos direitos dos homossexuais, após a campanha apoiou a seção 28. Esta colocou jovens em risco ao impedir que os mesmos tivessem acesso a informação e pudessem se defender do avanço do HIV. Ou nas palavras de Matthew:

"If you were a gay man in the mid to late 80s – let alone a teenager, as I was – you were one of the unlucky ones. The kick in the teeth was far from metaphorical. When a terrifying new disease began cutting down gay men like rows of corn, the media, most vociferously led by the Sun's then editor, Kelvin MacKenzie, launched a campaign of deeply unpleasant propaganda. Knowing that hated Labour politicians such as Ken Livingstone were actively supportive of gay equality, the rightwing media seized their opportunity."


"I never met her. Maybe Thatcher didn't hate gay people that she knew. This makes it more despicable that she was willing to throw us – including kids like me, desperate for help in 1988 when section 28 came in – to the wolves for the sake of a few poll points. What she did do was inflict huge damage on a community that desperately needed support, and smashed down any possibility of supporting confused children or educating them about how to not catch HIV."



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